Capítulo 31

34 7 9
                                    


Todos eles, após aceitarem que teriam que seguir por um caminho pouco desejado, decidiram que o plano para a invasão à Rivoli Capital Market seria dividido em duas partes simples.

Primeira parte: conseguir armas.

Afinal de contas proteção era sempre bem-vinda e claramente seria um pouco difícil sequestrar duas pessoas apontando apenas o próprio dedo indicador.

Para isso teriam que visitar um velho conhecido. Não tão velho. Seguiram para a Giacomo Elettronica. Chiara disse que Emanuele poderia resolver o problema. Nem Caio e nem Mateus tinham a intenção de reencontrar com o rapaz, mas o destino prega peças, essa era só mais uma desagradável.

— Será que ele vai querer quinhentos euros mais uma vez? Ironizou Caio, enquanto Ilaria estacionava o carro em frente à loja.

— Oooh! Acho que dessa vez vai sair bem mais caro do que isso. Disse Mateus.

— Não sei por que, mas eu sinto que você tem razão nessa.

Apenas Caio e Mateus saíram do carro. Ilaria permaneceu ao volante e Chiara havia continuado na casa do doutor Ferrari fazendo mais pesquisas.

Já dentro da loja foram recebidos por Giacomo fazendo perguntas sobre Heidi e após algumas negativas deles para o senhor, viram Emanuele se aproximar um pouco cismado. Depois de uns minutos de falsa cordialidade Giacomo foi atender uma senhora que entrou na loja.

— Fui avisado que vocês viriam aqui para uma compra "pesada", vocês tem certeza que é isso que querem fazer? Indagou Emanuele.

— Sim. Disseram ambos.

Emanuele avisou ao pai que estava saindo. Quando ele foi acompanhado pelos brasileiros, estes puderam ver o estramento de Giacomo com a situação. O rapaz pediu para que eles os encontrassem em outro endereço. Subiu em uma moto scooter e saiu.

Indicaram o local a Ilaria ela os olhou um pouco ressabiada e disse:

— Vocês têm certeza?

— Por quê? Perguntou Mateus.

— Esse lugar é um bairro um pouco complicado. Eu não acho que ele vá tentar alguma coisa, porque a Chiara acabaria com a vida dele e ele sabe disso. Mas é sempre bom ficarmos alertas.

Caio apenas anuiu e eles seguiram o rumo. Para a sorte deles ainda era dia, mas com certeza não imaginariam encontrar um bairro perigoso em Roma. O primeiro mundo os surpreendia novamente.

O bairro se chamava Corviale e chegaram ao local em cerca de quinze minutos. Não muito longe da Giacomo Elettronica. Talvez eles morassem por ali, o que não parecia muito bom para um senhor daquela idade. O bairro era basicamente um prédio de quase um quilometro com cerca de dez andares. Parecia saído de alguma obra de ficção distópica, das que podemos ver em filmes antigos, a visão do futuro, mas do passado. Uma boa definição daquele conjunto habitacional estranho. Como pôde parecer uma boa ideia para alguém colocar milhares de pessoas aglomeradas daquele jeito? Pensou Caio.

Emanuele já os esperava quando eles chegaram ao local combinado. Parecia ainda mais ansioso do que antes, o que certamente não agradou os brasileiros. Caio sabia que se encontrassem problemas não poderiam fugir, sua perna seria um grande empecilho. Talvez eu consiga pensou, mas sabia que não era uma opção totalmente realista.

Lá estavam eles cheios de dinheiro que não lhes pertencia em área que não faziam ideia de como fugir caso fosse necessário. E eles andavam tão acostumados a escapar desesperadamente dos lugares que sempre tinham a sensação de que deveriam estar preparados para fazê-lo novamente.

— Precisamos subir, vamos encontrar uma pessoa. Disse Emanuele.

— Espera aí! — Disse Mateus preocupado. — Encontrar quem? Pensei que o negócio fosse com você.

— Eu sou um intermediário.

— Cara se você tentar alguma gracinha... — Disse Caio. — É melhor você não inventar merda pro nosso lado!

— Se fizerem tudo certo, não teremos problemas. Nem vocês e nem eu.

O fato de Emanuele estar mais preocupado com quem encontraria do que com eles não era nem um pouco reconfortador. Mas para quem já estava com os pés na lama não custaria nada se sujar mais um pouco.

Ilaria, mais uma vez, ficou em seu carro. Disse que estaria pronta para tomar providências caso o negócio saísse dos rumos. Caio já estava pensando que procurar por Giancarlo soava com uma boa ideia, mas pedir armas para um policial para sequestrar alguém em nenhuma hipótese parecia factível. O cara trabalha com o Piero... Quanto posso confiar em alguém assim? Pensou Caio.

Eles entraram no prédio que tinha aparência velha, mas não de algo antigo e clássico, mas sim desgastado pelo tempo e pouco cuidado. Daqueles que você pode ver a gordura do corpo acumulada com passar do tempo nas quinas de paredes e nos corrimãos das escadas. Em algumas das escadas viam-se pixos dizendo coisas que mesmo quem falasse italiano dificilmente conseguiria entender. Os odores eram de todos os tipos. Com um pouco de cuidado poderia ser um ambiente legal, mas não era o caso.

Após subirem quatro andares eles caminharam por um longo corredor, cruzaram caminho com um casal passando com um carrinho de bebê. Foram analisados dos pés ao último fio de cabelo. Lugar embaçado.

Sono io... Emanuele! Disse Emanuele em voz baixa assim que chegaram a frente de um dos apartamentos. Ele não tocou na porta, apenas falou.

Um homem negro que deveria ter um metro e noventa e porte físico de jogador de futebol americano abriu a porta.

— Que porra você quer aqui cara? Disse este.

— Não vai me deixar entrar? Questionou Emanuele.

Um outro homem apareceu atrás do que estava à porta, esse tinha um porte físico mais magro e era menor, uns vinte centímetros a menos. Também tinha a pele escura e não restou dúvidas que estavam lidando com africanos.

— Emanuele... Quanto tempo que não vejo essa sua cara de pau! Disse este outro homem.

O homem mais alto abriu toda a porta para que seu colega passasse.

— Você me deve dinheiro, veio pagar? Continuou ele.

— Sim... Sim, Diallo. Respondeu Emanuele ansioso.

— E quem são seus amigos? Disse Diallo.

— São eles quem vão pagar.

Vou te encontrarOnde histórias criam vida. Descubra agora