Capítulo 29

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Caio olhou para o cartão que seu amigo segurava ainda sem entender, quase perguntou o que aquilo significava, mas Chiara foi mais rápida que ele.

— Isso pode facilitar muito as coisas se eu...

— ...Conseguir utilizar o meu cartão de acesso para me permitir entrar na sede da RCM. Disse Mateus, concluindo o raciocínio de Chiara.

— Mas isso é possível? Perguntou Caio.

— Empresas grandes como essa costumam utilizar os mesmos programas em todas suas filiais. É mais prático. Respondeu ela.

— Mas com só um cartão, só um de nós poderá entrar. É muito perigoso. Disse Mateus.

— Mas talvez seja melhor assim. Disse Caio.

— Esse não é um problema, se eu conseguir atravessar à criptografia deste cartão eu também poderei criar outro através dele. Mas só se eu for capaz de fazer um pouco magia. Disse Chiara.

— Quanto tempo você acha que vai demorar a fazer isso? Disse Caio.

— Acho que algumas horas, mas ainda hoje, talvez até a tarde já consiga resolver isso, mas todas as outras pesquisas que meu computador está rodando no momento terão de ficar de lado. Estou só com o notebook aqui. Vocês querem mesmo fazer isso?

— É a única opção que temos? Questionou Mateus.

— Parece que sim. Respondeu Chiara.

Chiara queimava alguns neurônios, xingava e dava tapas no sofá enquanto tentava aplicar engenharia reversa nos códigos que tinha encontrado para conseguir acessar ao cartão.

Os outros conversam sobre o que fazer, mas não tinham ideia do que realmente seria possível. Em certo momento a barriga de Caio começou a roncar e Ilaria percebeu e então se juntou aos garotos para preparar o almoço. O tempo estava passando rápido.

Separou ovos, pancetta, queijo pecorino que encontrou no geladeira com um pouco de parmesão e pimenta do reino. Colocou a água no fogo e pediu para Mateus fritar a pancetta, que era uma espécie de bacon italiano feito de barriga de porco. Ele fritou os cubinhos de carne. Ilaria preparou os outros ingredientes, misturando-os ao queijo e a pimenta. Quando o macarrão estava pronto ela fez a magia que deixou Caio e Mateus fascinados.

Misturou primeiro a pancetta e seu óleo com o macarrão e depois de mesclá-los jogou o resto do preparo no macarrão e deixou os ovos cozinharem no calor da massa.

— É só isso? Perguntou Mateus.

— Sim! — Disse Ilaria sorrindo. — Temos aqui uma bela carbonara. Concluiu ela orgulhosa.

Caio não imaginava que conseguiria parar para apreciar comida no meio de toda a confusão que estava vivendo nos últimos dias. Mas o sabor da pancetta frita, misturada à cremosidade do queijo, com ovos e juntos à massa o fez esquecer, mesmo que só por uns segundos, que ele estava lesionado e em busca de uma pessoa que quase não conhecia em uma cidade que conhecia menos ainda. Sentiu-se sublime por poucos instantes, mas foi o bastante para sentir-se revigorado.

As horas após isso passaram mais rápido do que ele esperava, mas como a experiência do tempo é relativa, para Mateus não pareceu o mesmo. Por horas ele pareceu inquieto subiu e desceu a escada da casa pelo menos uma dúzia de vezes, foi para o quintal dos fundos provavelmente o mesmo número de vezes. Mas Caio sabia o porquê. Pela primeira vez Mateus estaria indo para uma missão sabendo o que realmente poderia encontrar. E não havia como discordar que ele tinha razão em estar preocupado.

O que é que ele tem haver com isso? É tudo culpa minha! Pensava Caio. Ele se sentia em uma situação que seu pai costuma chamar de sinuca de bico, que no jogo de bilhar queria dizer que se enfrentava uma situação complexa. Ele não tinha certeza de como resolver, mas tinha que resolver. E ele, Chiara e Mateus eram os únicos que podiam fazer algo. Era a vez deles darem a tacada e torcerem para que desse certo.

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