Capítulo 14

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Em pouco mais de vinte e quatro horas Caio já havia corrido pela sua vida duas vezes, se perguntava se seria assim pelo resto de sua viagem. A ideia não o agradava nem um pouco. Mas antes correr do que levar tiros. Disso ele não tinha dúvidas.

Depois de ver Piero correndo atrás deles com sua roupa tática preta e uma pistola com silenciador, Caio queria parar e ir atrás do policial, era uma ótima oportunidade de acertar as contas. Porém pouco antes Mateus já tinha feito questão de lembrá-lo que não era imortal. E seu braço ferido que agora ardia com o suor que corria pelo seu corpo, também o lembrava de que não era invulnerável. Por isso correu, não tanto quanto Mateus, mas correu. Naquela noite pode ver que o apreço que seu amigo tinha pela vida era muito grande, pernas para que te quero?! Talvez devesse aprender isso com ele.

Ao virar por uma viela com chão de sanpietrinis e rodeada por prédios, tão "clássicos" quanto o que estavam hospedados, se depararam com um lugar silencioso e mal iluminado, que se não fosse à noite de lua cheia, pouco veriam. Seria bom para esconder-se se o homem mal não tivesse acabado de vê-los entrar por esse caminho. Correram por mais cinquenta metros e se depararam com um portão de madeira ao fim do caminho. Olharam para ver se tinha como pular, mas não era possível. O portão era feito em forma de arco e por cima um muro antigo o cobria.

— Merda! Disse Caio em voz alta.

— Me lembra de nunca mais viajar com você. Disse Mateus.

— Isso se tiver outra viajem né?!

— Cala a boca! O que a gente faz agora? Disse Mateus.

— Você acabou de mandar eu calar a boca.

— Você acha que agora é hora para isso?

O som dos passos de Piero se aproximando deles aumentou, ele já estava dentro da viela, mas ainda não conseguiam vê-lo. Caio que sequer respondeu ao amigo começou a forçar o portão. Deu duas ombradas e nada. Mateus fez a mesma coisa e nada.

— Vamos juntos. Disse Mateus.

— Ok! — Afirmou rapidamente Caio e então continuou — Um. Dois. Três!

Ao bater no portão sentiram estremecer e então foram mais uma vez. Um. Dois. Três.

Bum!

O portão se abriu e logo que perceberam isso saíram e deram de cara com uma grande avenida, era como se antes estivessem dentro de uma pequena vila e agora estivessem de novo na cidade.

— Fecha essa merda. Disse Caio para Mateus que ainda estava atordoado com a luz da cidade mais uma vez em sua face.

Caio empurrou o portão e com a luz da rua conseguiu ver o rosto assustado de Piero, a claridade instantânea também o surpreendeu. Ele estava próximo então Caio agiu mais rápido ao fechar o pesado portão de madeira. Mateus fez o copiou. Assim que fecharam o portão alguns barulhos de batidas secas na madeira soaram nos ouvidos deles.

— Pega aquela lata ali. Disse Caio apontando para uma lata de lixo de ferro ao lado do portão.

Mateus olhou para ela e correu em sua direção enquanto Caio se abaixou com as costas apoiados ao portão tentando segurar o ímpeto de Piero caso tentasse abrir o portão. Os sons dos tiros batendo na madeira maciça foi o que fez se abaixar. Nada de alvo humano por hoje pensou.

— Anda logo cara!

— É pesado demais isso daqui. Disse Mateus rolando o cesto de ferro fundido.

Depois muito esforço, Caio, viu o amigo chegar ao seu lado bufando e com suor escorrendo pelo rosto.

Ele saiu devagar do meio da porta depois de uma sequência chutes atrás do portão e o amigo apoio o cesto no seu lugar.

— Isso não vai segurar ele por muito tempo. Disse Mateus.

— A gente não vai precisar. Disse Caio apontando para um ponto de táxi ao final da rua.

— Ai meu Deus! Ainda bem, já não aguento mais. Respondeu-lhe o amigo.

O taxista estava distraído mexendo em seu celular quando Caio bateu no vidro do carro, o ponto de táxis estava próximo à entrada de um hotel de luxo. O motorista os atendeu e pediu para que entrassem.

— Para onde vamos? Perguntou ele.

— Só dirija por favor. Disse Caio.

Mateus que olhava para trás viu que o homem que os seguia conseguiu abrir o portão e já corria na direção deles.

— Vamos! Vamos! Vamos. Disse desesperado.

— Calma! Já vou. Sem pressa.

Eles preferiam motoristas de aplicativo, mas com certeza naquele momento não estavam muito a fim de dizer isso ao taxista e muito menos tinham tempo para esperar um chegar. O motorista ligou o carro e começou a dirigir.

Ambos os rapazes olhavam para trás com medo que Piero os alcançassem ou disparasse contra o carro, mas só o viram desistir de correr quando o carro já estava longe demais. Recuperava o fôlego, com uma mão no ombro tentava dizer algo no seu rádio, mas eles já não se importavam mais com isso.

— Eu preciso fazer uma ligação... — Disse caio e viu que Mateus pouco se importava com isso naquele momento — Duas na verdade...

Ele pegou seu telefone e encontrou o primeiro contato que procurava e fez a chamada.

— Pronto, quem fala? Disse a voz.

— Giancarlo é o Caio, onde você está agora?

— Na delegacia, ora!

Caio ouviu o barulho de fundo e era verdade. Barulhos típicos de escritório soavam ao fundo.

— Claro, Claro. E seu colega o Piero? Ele está aí?

— Não... Por quê?

— Você sabe onde ele está?

— Ele disse que iria fazer uma diligência.

— Esse horário é muito estranho não concorda?

— Olha senhor Santos, eu não estou estendendo pode dizer o que está acontecendo?

— A diligência do filho da puta do seu colega era matar eu e o meu amigo! Você sabia disso?

— Eu não faço ideia do que você está falando.

— Espero que não. Você pode investigar isso também? Disse Caio titubeante.

— Claro. Proteger e servir são as minhas obrigações, mas eu preciso te pedir para que suma do mapa pelos próximos dias assim não vou precisar me preocupar com mais coisas do que eu deveria.

— Vou tentar o meu melhor. Disse Caio que estava pouco seguro quanto a isso.

— Eu acho bom! É pelo seu bem.

Agora vamos para a segunda, espero que você atenda...

Caio selecionou o novo número e ligou, na esperança que o atendessem, mas o horário não era o ideal.

Depois de três toques foi atendido.

— Pronto. Disse uma voz feminina.

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