Capítulo 16

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Cerca de três horas depois Caio já estava acordado. Não havia dormido bem, a agitação da noite anterior perturbou seu sono. Não lembrava bem de seus sonhos, mas foi o último, um pesadelo na verdade, que o acordou. Heidi estava sendo segurada pelo brutamonte e o homem que os fotografou na Fontana di Trevi apontava uma pistola para a cabeça dela. Ela resistiu, o homem disparou e Caio acordou quase pulando da Cama. O que não foi o suficiente para acordar Mateus, porém acordou Chiara.

Vendo seu hóspede acordado e desconfortável Chiara o levou até a cozinha e lhe ofereceu o melhor café da manhã que uma jovem de vinte anos poderia oferecer. Pegou uma garrafa de leite, uma caixa de cereal, uma caneca e entregou para ele. Se ela também não fosse comer, teria se esquecido de lhe dar uma colher.

Enquanto saboreavam as dotes culinárias de Chiara, um senhor saiu de um dos quartos e assustou Caio. Ele chegou à cozinha e falou com Chiara. Ela apresentou o senhor, era seu avô.

— A Chiara não trás muitas visitas para cá além namorada dela, é um prazer recebê-lo. Disse o Senhor.

Então Chiara é realmente o seu nome, pensou Caio.

— Um prazer conhecê-lo senhor! Ah que modos... meu nome é Caio.

— Pino — Disse ele orgulhoso e então olhou para a caneca de cereais que comiam — Ah Chiara! Por que você não passou um café, ofereceu um pão ou uns biscoitos para o rapaz?

Chiara deu de ombros.

— Eu não sei mais o que fazer com você garota! — Disse ele com um falso tom de reprovação. — Deixa que eu faço então. Garoto não precisa mais comer essas porcarias se não quiser.

— Eu não quero incomodar...

— Não é incomodo muito pelo contrário.

Caio sorriu sem jeito e ele anuiu para o rapaz quase empolgado. Caio olhou para chiara que já tomava o resto de leite que sobrara na caneca.

— Espero que não se importe com a empolgação do meu avô, desde que minha avó faleceu, ele não tem muito contato com o mundo além de mim. Nos mudamos depois disso, porque ele não conseguia mais ficar em nossa antiga casa sem ficar triste. Novo bairro, mas nenhum novo amigo — Chiara se deu conta do que estava falando e parou — desculpa estar contando minha história de vida, você tem mais o que pensar.

Caio meneou a cabeça fazendo-a entender que não era um problema e então Chiara começou a contar mais detalhes sobre sua vida. Seus pais sofreram um acidente de carro, a avó teve um infarto quatro anos antes, seu avô sentiu o baque e ela começou a cuidar de si usando suas capacidades com programação e melhorando-as para fazer o que fazia.

— Não faço mal a ninguém e não faço nada de graça, era o meu lema até eu encontrar vocês.

— Obrigado pelo que está fazendo.

— Nunca tive uma situação de perigo real em minhas mãos, cara, agora eu não posso olhar para o lado e fazer de conta que não é comigo. Tipo, não seria só um erro, seria um vacilo e tanto. O que você precisa que eu faça?

— Eu preciso encontrar a Hei... — Caio travou — seja lá qual for o nome dela, preciso encontrá-la não posso deixar que aconteça algo ruim, ela estava comigo era minha obrigação evitar que algo acontecesse. Dizer essas palavras quase fez Caio sentir um sabor ruim em sua boca. Um gosto de terra e ferro. Agora não Caio.

— Pelo que entendi essa garota veio de outro país para cá, ela fala sérvio então não quero parecer rude, mas ela pode ter sido vítima de tráfico de pessoas para prostituição. Infelizmente é o que acontece com garotas do leste europeu aqui. São ludibriadas com ótimas chances de fazer dinheiro, virarem modelos, atrizes, mulheres de famosos, qualquer história que as convençam a vir para cá...

Na cabeça de Caio o dinheiro, o áudio e o sequestro começavam a fazer sentido. Uma coisa não fazia sentido, porque queriam tanto acabar com ele. Um turista uma hora ou outra iria acabar desistindo e indo embora, o que levaria um policial a arriscar sua carreira para apagá-lo?

Não existe um padrão para essas coisas, mas Heidi não podia ser prostituta. Caio não sabia se era a sensatez ou a burrice, também conhecida como paixão, que deixava seus pensamentos desalinhados com a realidade.

Vendo que Caio estava perdido em seus pensamentos, Chiara, disse:

— Vou procurar mais informações sobre as fotos do celular.

— Precisa que as te envie?

— Tss! Sou mais nova que você, mas não sou novata cara!

Pino então voltou para a mesa em que estavam sentados e começou a prepará-la com todo o carinho de um avô gente boa, o que de fato ele era. Caio adorou a cena. Ficou conversando com ele enquanto Chiara saiu e foi até o quarto chamar os outros. Ele disse que tinha sido piloto por mais de trinta anos pela Alitalia, foi como conheceu sua esposa que era uma aeromoça e quando estava para começar a falar sobre seu filho os outros chegaram à mesa. Caio gostaria de ouvir o resto, queria voltar a normalidade, mas ainda não podia, precisava manter o foco.

— Enquanto você faz pesquisa eu e o Mateus vamos dar uma investigada na loja em que o Antonio Abrazzo trabalhava. Disse Caio.

— Se eu encontrar qualquer novidade eu aviso para vocês.

— Você acha que vai conseguir encontrar alguma coisa?

— Agora que tenho uma ideia do que procurar pode ter certeza que que as novidades não vão demorar a aparecer.

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