O mundo acabando e Caio estava preocupado com o carro do avô de Chiara e a faca que deixou para trás. Às vezes ele não pensava no que deveria, se distanciava da realidade. Achava que talvez aquilo fosse uma forma de se isolar dos problemas. Porém por mais que não quisesse pensar neles, estar voando em cima de uma Vespa ou algo parecido, com a perna sangrando e bandidos armados ao seu encalço, talvez tornasse impossível não pensar nos problemas. Ainda assim estava incomodado em vacilar com a Hacker, deixando o carro do avô dela pra trás. Nem sempre é fácil entender a cabeça das pessoas
No meio da sua fuga ele ouviu um barulho familiar. Não estava perto, mas quase conseguiu sentir o cheiro de borracha no asfalto. Eram pneus freando bruscamente e logo depois aceleram e partiram cantando pneu. Parecia que haviam parado para pegar alguém no caminho e ele sabia muito bem quem.
Ok, isso agora é uma perseguição que maravilha! Pensou Caio.
A única coisa que o fazia se sentir minimamente aliviado era que agora não estava a pé. Depois de poucas dobras de esquinas acharam que conseguiriam pelo menos ter alguma vantagem, mas ao seguir reto na avenida em que se encontraram, Caio pode ver que um dos Carros que os seguiam estava em uma rua paralela e logo estaria próximo deles. Não era uma boa semana para ser Caio e Mateus. Era uma semana pior ainda para ser um Antonio. Se era esse mesmo o nome do brucutu encontrado no rio. Mas ainda assim não era uma semana nada boa para ser Caio e Mateus.
— Eu não sei para onde ir! Gritou Mateus.
— Só vai para algum lugar! Só vai para algum lugar longe desses malditos!
— Ah claro! Como eu não pensei nisso antes?! Ironizou Mateus aos berros.
O carro que antes estava paralelo a eles entrou na mesma rua e estava a menos de cem metros de distância.
— Como que eles já estão na nossa cola? Disse Caio.
Alessio não era burro ele sabia que algo assim podia acontecer, mas eles tinham certeza que conheceriam melhor o lugar escolhido do que os brasileiros. Alessio só não esperava que os rapazes fossem ser tão insistentes na ideia de não se deixarem pegar.
Mateus continuou acelerando até que encontrou uma grande avenida. Seguiu por ela por um tempo. Por poucos minutos. Caio viu mais dois carros, somando agora eram três SUVs brancos que os seguiam, não pareciam muito criativos para serem italianos. Corporativos demais.
Dos três SUVs um estava se aproximando muito. Então Mateus começou a trafegar entre os carros da rua, usando a moto como se fosse uma agulha e foi costurando entre esses. Enquanto ele fazia isso Caio viu o carro seguir reto e passar por eles.
Próximo a um cruzamento muito movimentado tinha um semáforo, a SUV diante deles continuou reto mesmo quando o sinal estava para ficar vermelho. Os carros na frente foram parando e o SUV ficou em horizontal diante da faixa de pedestres criando uma barreira e esperando a chegada de Caio e Mateus.
Se eles parassem, tinham dois carros atrás deles, se eles seguissem o outro estava tentando fechar o caminho.
— Melhor um do que dois! Disse Mateus e continuou acelerando.
Ele seguiu pelo caminho em direção à parte traseira da SUV. Viu que um homem desceu do banco de passageiros traseiro e Mateus acelerou mais ainda. Quando já estava próximo ao SUV, este tentou dar marcha ré para derrubá-los. Mateus conseguiu desviar apenas com o seu reflexo. Sua felicidade, porém, durou pouco, pois se encontrou no meio de vários carros cruzando a avenida. Lembrem-se sempre crianças quando o sinal fica vermelho para alguém ele também vai ficar verde para outros.
Mateus virou para esquerda para tentar seguir o fluxo, porém a moto estava muito reta então apenas desviou do carro que viu seguiu um pouco e logo depois veio a o impacto que eles não gostariam de sentir. Mateus tentou frear quando viu um Fiat Cinquecento vindo seu encontro. Foi inútil. Por sorte era "apenas" um Cinquecento que estava saindo de um semáforo.
Ambos voaram cerca de três metros da moto. Mateus demorou menos para se levantar. Ele puxou Caio que pareceu não entender o que estava acontecendo. Sentia um zumbido na cabeça e muita dor na perna e no quadril. Olhou ao seu redor e viu alguns carros parando e uma pirâmide. Ele devia estar alucinando. O que uma pirâmide fazia no meio de Roma?
Pergunta que não teria resposta naquele momento. Sentiu o puxão forte de Mateus no seu braço. Este que quando viu que não era o suficiente colocou seu braço ao redor dos ombros do amigo e começou a caminhar junto com ele.
Vendo que de frente para a pirâmide havia uma estação de trem e outra metrô, Caio entendeu o que o amigo estava fazendo e se esforçou mais para ajudar no trajeto. Se eles iriam pegar o metrô, ou um trem Caio ainda não tinha entendido. Mas fez força e já conseguia caminhar sozinho, mancando, mas conseguia. Sem perceber logo estava correndo com Mateus.
— Vamos! Vamos! Dizia Mateus.
— Tô tentando!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vou te encontrar
Mystery / Thriller1º LUGAR NO CONCURSO BLUE - REINO AZUL. Caio viaja com seu melhor amigo, Mateus, para Roma. Nessa viajem Caio conhece uma garota misteriosa, Heidi, uma turista holandesa, e eles têm um breve relacionamento que é interrompido quando ela é sequestrad...