Capítulo 28

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No gramado logo ao amanhecer Caio e Chiara acordaram com a luz do sol às cinco da manhã. Tinham dormido pouco mais de uma hora. Para Caio somando ao que já havia dormido foi bom, para Chiara teria de ser o bastante. O dia seria longo e esperava que todas as mentes unidas pudessem pensar melhor em que decisões tomar.

Mas antes tomar qualquer decisão Caio sentia que seria bom tomar um café e essa ideia foi estimulada pelo perfume deste que vinha de dentro da casa. Ao entrar viram que Ettore observava sua cafeteira moka preparando a bebida que dava sabor e energia à vida adulta. Muitas pessoas não conseguem nem engatar a primeira marcha da sua vida sem seu néctar de cafeína, alguns outros precisam para o intestino entrar no tranco. Shit happens, nesse caso literalmente.

Pareceu que todos sabiam que tinham que se levantar naquele exato momento, porque assim que o doutor começou a servir o café para Caio e Chiara, desceram as escadas Mateus e Ilaria. Todos se sentaram à mesa que o médico tinha preparado, parecia uma cena de novela. Só que nesse caso ninguém deixou o suco pela metade e foi embora para uma reunião muito importante. Caio comeu muito e Mateus fez o mesmo, no calor do dia anterior eles se esqueceram de que não haviam comido nada depois do café manhã. E comeram tanto que deixariam qualquer avó orgulhosa.

Todo biotônico Fontoura que foi tomado e acumulado ao longo dos anos está finalmente fazendo efeito. Espero não precisar correr de projéteis hoje. Pensou Caio.

Depois do café da manhã o Doutor Ferrari pediu licença e foi se arrumar para ir para o trabalho e disse para que ficassem a vontade, pois passaria praticamente o dia todo em plantão no hospital. Caio se perguntava se Chiara tinha explicado alguma coisa para ele, não era nada normal deixar estranhos passar o dia na própria casa, ainda mais se um desses estranhos chegasse baleado nela. Contudo preferiu confiar na garota que tinha salvado sua pele.

Boa parte do período da manhã se resumiu ao observar Chiara mexendo no computador, em alguns momentos navegava por fóruns da dark net e em outros a tela ficava toda escura e nela digitava sequências de linguagens diversas no computador. Era surreal a naturalidade com que ela agia, parecia que o computador fosse uma extensão de sua mente. A garota vivia como se fizesse parte daquele mundo ainda que não estivesse nele.

Mateus por outro lado assim como Caio não fez muita coisa, puxou assunto uma vez ou outra, mas ainda estava chateado por estar todo machucado e mais ainda por saber que a empresa pela qual almejava alcançar voos mais altos estava envolvida de alguma forma com possíveis assassinos, sequestradores e psicopatas. Nada disso se enquadrava no que tinha em mente para uma empresa dos sonhos. Anos dedicados a um lugar sombrio. E o que mais o incomodava era que ele não tinha percebido. Ele fez parte daquela sujeira e não sabia. De certo modo contribuiu para que esse tipo de comportamento se perpetrasse.

Caio sabia que Mateus morreria por ele, mesmo que nunca fosse admitir isso. Esse sentimento era recíproco. Seu amigo economista sofria por culpa (mesmo não tendo nenhuma), por tudo o que estava acontecendo com Caio. Isso apenas por ter trabalhado em um lugar que sequer sabia que era sujo. Contudo sentia que era hora de retribuir em dobro aos bastardos que estavam fazendo isso. E ele não pensaria duas vezes em agir.

— Chiara o que você conseguiu até agora? Indagou Mateus.

A hacker parou o que estava fazendo no computador e o olhou desapontada. Queria ter alguma informação importante para dar.

— Na verdade não muito, eu sei que não conseguiria acessar todos os documentos importantes nos servidores deles, sabia que isso seria difícil, mas parece que eles não têm servidores. Tudo que está online é meramente para os dados de acesso aos sites deles.

— Isso porque tudo o que eles têm ou está em uma intranet off-line ou estão em documentos físicos. Disse Mateus.

— Como que você sa... ah claro. Você é empregado deles.

Ela olhou para ele desconfiada. E continuou:

— Mas se a intranet deles é off-line só conseguimos acesso no local da rede deles.

Caio que viu os dois conversando pareceu curioso com o que ouviu e se aproximou.

— Espera aí. O que é intranet?

Chiara e Mateus explicaram que a intranet funciona como uma internet da própria empresa. No caso da Rivoli Capital Market, eles funcionavam somente dentro dos próprios domínios ou até onde eles estendessem os cabos da própria empresa. Contudo por ser off-line o único meio de acesso era local.

— Então se quisermos informações sobre eles vamos ter que ir até eles? Disse Caio.

— Tecnicamente sim. Disse Chiara.

— Wow! Aposto que eles vão adorar nossa visita. Vão nos acolher de braços abertos. Disse Caio irônico.

— Não se eles não nos virem. Disse Mateus.

— Bom, eu acho isso bem difícil... Pera aí caras, vocês tão falando sério? Disse Chiara.

— Eu adoro piadas, mas não é isso agora. O problema é como? Disse Caio.

Mateus procurou em seu bolso por sua carteira e caçou dentro dela por alguma coisa. Os outros ficaram curiosos enquanto ele buscava nervoso por algo que parecia ser muito importante. Ele puxou por um cartão, o ergueu e disse:

—Eu acho que sei como.

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