Após as garotas chamarem o Doutor Ferrari para combinar um lugar para todos dormirem o médico indicou um quarto de hóspedes. Neste tinha uma cama de casal e uma de solteiro. Caio que não estava com sono disse para Mateus dormir na cama de solteiro e as garotas ficariam com a de casal.
Ele voltou novamente para o quintal dos fundos e sentou-se na grama. Ettore tinha lhe dado mais analgésicos, pelo menos não sentia dores em suas pernas, algo que parecia ser um luxo. Pensar com dor não era fácil, porém os remédios também podiam deixar sua mente enevoada. Não vai ser fácil parar de pensar até eu encontrar você Heidi...
— Dia difícil hein cara? Disse Chiara.
A garota sentou-se ao lado dele. Também não estava com sono.
— Não é todo dia que você é perseguido por um homem mau e seus capangas, toma um tiro na perna, entra em uma luta bizarra, é atropelado e ainda é operado por uma Ferrari... Um Ferrari.
— Ainda bem que tínhamos alguém pra te remendar.
— Você confia nesse cara?
— O bastante para deixar minha namorada dormir na casa dele e trazer você para cá.
— Eu ando desconfiado de tudo ultimamente...
— Mano, eu entendo. O mundo está caindo na sua cabeça sem você ter pedido por isso. Relaxa.
Chiara olhou para ele séria e continuou:
— Meu avô trabalhou com o pai dele por anos. O Senhor Ferrari era copiloto do meu avô, até ele começar com uma pequena empresa de aviação de táxi aéreo e essas coisas. Conheço a família desde pequena. Posso confiar neles. Até hoje o Senhor Ferrari pede para o meu avô trabalhar para eles. São muito próximos.
— E no filho você pode confiar de verdade?
— Sim. Eu não chequei o histórico só de vocês, eu checo o histórico de todos que me rodeiam. Eu sei que pareço paranoica...
— Paranoica? Até agora pouco eu estava pensando que você não tomava o cuidado que deveria.
— Típico... Disse Chiara balançando a cabeça em negação.
— O que?
— Pensar que a loirinha indefesa não sabe se cuidar. Eu sei muito bem, até agora quem tomou dois tiros não fui eu.
— Não precisava desse golpe baixo. Disse Caio sorrindo.
Por uns minutos ninguém disse nada, eles sentiam a pressão do que estavam vivendo, sabiam o que estava em risco e nenhum dos dois queria errar. Pois sabiam que não podiam errar mais. Os rapazes tiveram que escapar no meio da noite correndo pela cidade, Caio já tinha fugido de umas três chuvas de tiros e por pouco não sofreu a pior consequência disso, o avô de Chiara que não tinha nada a ver com a história teve que se esconder e agora outras duas pessoas importantes da sua vida se envolviam em algo que não pediram, Ettore e Ilaria.
— Precisamos tomar mais cuidado cara. Disse Chiara séria.
— O problema é que não tem como combinar isso com os outros caras. Disse Caio.
— O risco é alto e eu sei, mas não podemos agir desesperados novamente.
Caio pensou por um pouco e então respondeu:
— Acho que não precisamos agir assim.— Chiara olhou-o curiosa e ele continuou. — Heidi... Anja não está com eles. Eu não sei onde ela está, mas eles também não.
— Como assim?!
— Petra me pediu desculpas quando a encontrei, disse que "eles disseram que você sabe onde ela está", ou seja, eles estão atrás de mim para encontrá-la, ou sei lá só me tirar do caminho enquanto a procuram. Disse Caio.
— Talvez eles só fizeram isso para que Petra concordasse em armar uma armadilha para vocês.
— Pode ser, mas os olhos dela diziam a verdade.
— Não quero te desanimar, mas ela pode acreditar que seja a verdade.
Eles ficaram em silêncio mais uma vez. O sono chegou para os dois. Que acabaram dormindo ali mesmo, no gramado.
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Vou te encontrar
Misterio / Suspenso1º LUGAR NO CONCURSO BLUE - REINO AZUL. Caio viaja com seu melhor amigo, Mateus, para Roma. Nessa viajem Caio conhece uma garota misteriosa, Heidi, uma turista holandesa, e eles têm um breve relacionamento que é interrompido quando ela é sequestrad...