Vou te encontrar

Capítulo 17

Caio esperava que Chiara tivesse razão porque na situação em que se encontrava sentia como se estivesse dirigindo em uma nevasca com os faróis quebrados. Mesmo que se esforçasse não conseguia enxergar, o que no caso seria encontrar uma possibilidade que o levasse a Heidi.

Ele não gostava que Heidi tivesse mentido, mesmo que já tivesse mentido sobre si para algumas garotas, nada se comparava com o que ele estava lidando no momento. Ninguém é perfeito não é?

Saíram com o carro do avô de Chiara, que insistiu que eles o pegassem emprestado, era um modelo antigo de um Alfa Romeo 146, dos anos noventa que eles tinham absoluta certeza que não seria um bom carro de fuga caso fosse necessário. Talvez em sua década de lançamento fosse. Agora era quase uma relíquia.

Ao chegarem próximos à imobiliária eles estacionaram e ficaram dentro carro observando o movimento. Sentiriam-se mais confortáveis se o carro não fosse de um vermelho tão vibrante. Os negócios ainda estavam fechados e cada minuto de espera parecia uma tortura para Caio.

Quando já perdia a paciência viram uma jovem acompanhada de um homem de grande porte, com estilo de segurança de balada de rico, e mais outros prováveis funcionários que foram chegando enquanto a jovem mulher loira abria as portas. Todos entraram. Caio sentiu algo incomodando, mas não sabia o que. A verdade era que ele nem sabia o que fazia ali.

— Acho que a gente que tem ir lá e...

Tentou dizer Caio, mas foi interrompido pelo amigo.

— Bancar o detetive no lugar de trabalho de alguém que acabou de morrer? A polícia certamente já esteve por ali.

— Quando você coloca desse jeito você não me ajuda.

— Eu não sei você, mas eu ainda estou tentando não morrer aqui. Roma deve ser um ótimo lugar para morrer, mas para morrer velho!

Caio fez de conta que não ouviu. Na pior das hipóteses eles dois podiam se juntar para bater no segurança. Os outros não o assustava. Saiu do carro sem nem dizer nada.

— ei, espera... Caio! Mas que porr...

Mateus decidiu não insistir e saiu atrás dele. Quando chegaram diante à porta da RR Immobiliare eles viram que a mulher loira saía com o segurança logo atrás dela. Caio hesitou e esticou a mão para parar o amigo. Não sabia se seguia ou recuava. Por fim decidiu pela segunda opção. A mulher parecia já estar saída.

— Volta pro carro. Disse Caio.

— Se decide, cara.

— Fica quieto e vamos voltar.

Mateus deixou claro para ele que não entendeu o porque, mas concordou. Já dentro do carro eles observaram o que a mulher fazia. Ela entrou no carro como motorista e o segurança sentou ao seu lado. Pensando bem ele tem o mesmo estilo do outro brutamontes, nunca vi uma imobiliária tão preocupada com segurança quanto essa. Pensou Caio.

— Segue o Carro. Em outro momento ele teria rido ao dizer isso, parecia coisa de filme.

— Por quê? Disse Mateus.

— Se você estivesse prestando atenção ontem ao invés de ficar se imaginando em um ménage à trois com as garotas você teria percebido que aquela mulher é a mulher do maldito do Piero!

— Eita?! Mas o que ela tem... Quer saber? Esquece eu já não estou entendendo mais nada. Disse Mateus ligando o carro.

— Nem eu. Respondeu Caio.

O carro que seguiam era um Sedan preto da BMW. Um carro de executivos de empresas de bom porte. O que fazia uma mulher de um policial dirigindo-o? Caio não sabia dizer, mas era no mínimo suspeito. Enquanto ela cruzava pelos caminhos do centro da cidade tranquilamente, os amigos iam atrás tentando não levantar suspeita. Mateus já devia estar com duas marcas de pizza debaixo dos braços. Ainda assim ele foi bem e aqueles que seguiam não suspeitaram de nada. E então tiveram um baque. O carro seguiu direto para o estacionamento da Rivoli Capital Market. E mais uma vez aquele nome aparecia em suas vidas.

— Mas que p... Sibilou Caio.

Pouco depois, quando já não podiam mais ver o carro que havia adentrado a garagem do prédio enorme que estava na frente deles, o telefone de Caio tocou.

Ele o buscou desesperado em seus bolsos na esperança de ser Heidi ligando, mas era outro nome: Chiara.

— Vocês precisam voltar aqui. Acho que encontrei a irmã da garota.