Capítulo 8

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Roma estava em seus dias quentes de verão e o apartamento que Caio e Mateus haviam alugado não tinha ar-condicionado. Só os ventiladores não estavam sendo o suficiente para refrescá-los e Caio já estava começando a ficar irritado. Em pleno meio dia com o sol no seu ápice de calor, era difícil pensar e fazer coisas complexas.

A gente não vai precisar de ar-condicionado, vamos ficar o tempo todo fora e só vamos usar o apartamento pra dormir, à noite é fresco. Muito obrigado Mateus. Ele tinha razão, não ficariam dentro de casa, se não fosse por suas escolhas, mas agora estava propenso a reclamações. Pensou tudo isso enquanto assistia alguns tutoriais no Youtube. Porque, afinal de contas, se você não sabe fazer alguma coisa, é provavelmente lá que você vai aprender.

Os primeiros vídeos que encontrou quando pesquisou por dark net eram alguns garotos que supostamente tinha comprado pacotes secretos de lá, até assistiu uns e logo viu que não se passavam de vídeos caça cliques. Depois disso pesquisou "como acessar a dark net". Apareceram alguns vídeos chamando de deep web e ele logo entendeu que, pelo menos no Youtube, eram praticamente sinônimos.

Encontrou vários canais ensinando o que fazer entre estes alguns sensacionalistas e outros tutoriais bem explicados para principiantes. Baixou o navegador Tor e seguiu os passos que lhe indicaram no vídeo e que ele tinha anotado em um papel para não esquecer.

Caio não era nenhum gênio da informática, mas sabia se virar com o computador. Já sua mãe o achava um hacker só porque ele tinha feito uma conta em uma rede social para ela. Ele não era, mas estava muito curioso em falar com um pela primeira vez.

Quando estava criando sua conta no e-mail Mail2tor ele ouviu um barulho na porta e parou.

— Mateus? Disse Caio assim que a porta se abriu.

— Sim, sou eu.

— Então vem logo aqui que já estou quase acabando aqui.

— O que você achou que eu fosse fazer? Ir pintar um quadro? — ironizou Mateus. — Estou tão curioso quanto você.

— E tá esperando o que... Antes de terminar Mateus já estava na porta de seu quarto com um sorriso debochado no rosto e com as mãos cheias. Trazia consigo dois copos de café e uns pacotes de comida pra viagem.

— Eu não sei o que eu comprei para comer, mas parecem uns salgados como os nossos.

— Eu não estou com muita fome então tudo bem. Disse Caio.

Quando abriu o pacote viu dentro uma bola, uma espécie de coxinha e um croissant. Mateus tinha pegado a mesma coisa para ele, além de um copo de café expresso para cada um.

A primeira coisa que Caio comeu foi o croissant e já não foi o que esperava.

— Isso aqui é doce. Disse ele.

— Se isso te surpreendeu não imagina como foi na hora que barista perguntou se eu queria um corneto, disse que sim e fiquei esperando ele trazer sorvete e veio isso.

— Bom esse eu vou deixar para o final. Disse Caio rindo um pouco do amigo.

Depois ele tentou comer o outro que tinha a forma de uma coxinha, arriscando mais uma vez no que ele aparentemente conhecia, mas quando mordeu o salgado era feito por um recheio de carne com ervilha e enrolado em uma camada de arroz.

— Passo! Disse ele e pegou a bola que parecia o que chamavam de bolinho maravilha e mais uma vez foi surpreendido por um salgado que não tinha nada a ver com o que estava acostumado a comer.

— Esse é um suplí e o outro se chamava arancino assim foi o que me disseram pelo menos.

O suplí também era feito com arroz, mas esse era temperado com molho de tomate e recheado com queijo. Não eram ruins, mas não era o que Caio esperava.

— Da próxima vez me lembra de não mandar você ir comprar comida, ainda trouxe café para comer com fritura. Meu Deus! Disse Caio rindo.

— Eu devia ter deixado você passando fome.

— Pelo visto se as coisas saem do roteiro você não faz ideia do que está fazendo, não era você que sabia tudo sobre a Itália.

— Eu sei o que eu preciso saber. Eu queria ter comprado uns sanduíches, mas a loja que vendia estava muito longe.

— Preguiçoso!

— Palhaço! Eu achei que você estava com pressa.

Caio fez uma careta para o amigo. Limpou a mão e puxou o computador de volta para perto dele.

— Eu vi um negócio quando fui ao bar e achei meio estranho... Tentou dizer Mateus.

— É importante? Disse Caio interrompendo-o.

— Não sei.

— Se você não tem certeza então não deve ser, vamos resolver isso aqui primeiro.

No notebook Mateus podia ver os programas que Caio havia aberto, mas ele não os conhecia e seu amigo percebeu e explicou brevemente sobre o que tinha que fazer. Dentro do Tor ele teria que entrar em uma conta e-mail que ele tinha criado e mandar uma mensagem para o hacker. E ele fez isso. O texto era breve, Caio não queria perder muito tempo com o que não interessava e então e escreveu:

Olá, sei que não me conhece, porém recebi o seu contato de uma fonte de segura (essa parte Caio não queria escrever, mas servia para diminuir a desconfiança, mais tarde pensou no quanto isso era inútil) que me disse que poderia me ajudar. Preciso desbloquear um celular urgentemente. Espero que possa me ajudar é uma questão de vida ou de morte. LITERALMENTE. Responda-me o mais rápido que puder.

— O que você acha? Perguntou Caio para Mateus.

— Nunca conversei com um hacker, mas me parece sólido. Não faria muito diferente disso.

— Ok, então eu vou mandar.

Logo depois que mandou o e-mail Caio quase quebrou o botão F5 do computador de tantas vezes que ele atualizava a página, mas por sua sorte em menos de cinco minutos ele recebeu uma resposta:

Eu falei para o Emanuele não passar meu contato para ninguém, mas se ele passou, com certeza, vocês tem dinheiro para pagar. Acredito que ele cobrou por isso. Estou errado?

Caio e Mateus se olharam assustados como se se perguntassem: e agora? E sem mesmo a pergunta ter sido feita de verdade, Mateus disse:

— Você pode ser sincero ou tentar bancar o sonso, ele pode apenas ter jogado uma isca.

— Sinceramente não me importo com aquele cara, vou falar que foi ele sim.

— Talvez você esteja certo.

Caio: Sim, foi ele mesmo. E temos o dinheiro para pagar. Mas precisamos resolver o mais rápido possível. Se você puder fazer isso quanto tempo deve levar?

Dois minutos depois da resposta outra mensagem chegou:

Depende de quanto podem pagar. Cliquem no link abaixo e eu direi os preços.

Se na internet normal já não é o ideal clicar em links de desconhecidos, no celeiro dos hackers era pior ainda. Não tem outra opção pensou Caio e em seguida clicou.

A tela do computador deu uma piscada rápida e a princípio nada aconteceu. E então uma voz grave e um pouco robótica começou a falar e o som saía dos alto-falantes do computador.

— Se estão prontos a pagar vamos resolver isso logo?

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