Capítulo 47

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Dean

Suas palavras gelam a minha alma.

— Não é possível. – Digo.

— Será? – Pergunta provocativa passando a mão na barriga.

— Eu gozei fora.

— E eu fui muito mais rápida do que você em pegar os esperminhas da cama para enfiar em mim. – Ela gesticula com as mãos para demonstrar como fez.

— E desde quando é possível engravidar assim? – Pergunto confuso.

— Desde quando deu certo para mim!

Me nego a acreditar.

— Esse bebê não é meu!

— Tenho certeza de que é! – Começa a se irritar. — Eu te avisei que engravidaria de você! E você super me ajudou.

Ela se aproxima de mim e acaricia meu braço.

— Se afasta. – Peço, pois não quero encostar nela.

— Não faça assim, papai... Vai deixar o neném triste. – Ela diz fazendo cara de choro e gargalha logo em seguida.

Se afasta de mim e saltita pela sala.

— Essa casa agora é nossa! – ela diz abrindo os braços e um sorriso doentio. — E você é todo meu.

— Nunca!

— Claro que sim, bebê. Nós vamos nos casar para criar essa criança juntos. – Ela diz.

— Eu me casar com você? – Pergunto incrédulo. — Nem se fosse para salvar a minha própria vida.

— Oh... Não diga isso. Não diga isso, porque se você não casar comigo, você vai preso! – Sorri maléfica.

— Que? Preso pelo que?

— Por ter me estuprado! – Finge um choro. — Por ter acabado com a minha inocência e doçura, e ter tirado de mim o meu brilho e pureza. 

Ela me olha como quem não tem nada a perder, mas ao mesmo tempo se diverte com a situação.

— Não tem como você provar.

— Quer pagar para ver? – Ela me desafia.

Ela me olha determinada. Com certeza tem alguma coisa para me ferrar.

Fito ela, furioso.

— Foi o que eu pensei. – Diz com ar de imponência. — Meus pais já foram avisados, e estão arrumando minhas coisas para que eu me mude para cá.

Ela joga folgada no sofá.

— Onde é o nosso quarto? – Pergunta sínica, mas interessada.

— Meredith. – Ela me olha com atenção. — Não existe nosso quarto e essa não vai ser a nossa casa! Essa casa é minha, eu moro aqui sozinho e vai permanecer assim.

— Então você vai ter que avisar meus pais. – Ela diz e olha para a porta.

— Dean! Meu genro! – Senhor Russell entra de braços abertos para me cumprimentar depois de deixar duas malas pretas no chão.

Ele se aproxima de mim ainda com os braços abertos.

— Que honra ter você em nossa família! – Ele diz, genuinamente feliz. 

Minha atenção vai agora para a senhora Russell e Merida, que entra e me olha com desaprovação.

— Quando Meredith me contou, eu não pude acreditar! Vocês vão me dar um neto! – Ele diz contente.

— Sim, papai! – Meredith se levanta do sofá, caminha até os Russell e abraça o pai. — Dean também ficou sem acreditar e está até agora.

— Cada um reage de um jeito, mas é nítida a felicidade nos olhos dele. – Senhora Russell diz, juntando as mãos.

Observo cada um deles. Eles não podem estar falando sério.

— Aquele jantar rendeu! E você! Seu espertinho! Rápido o suficiente para se envolver com Meredith. – Senhor Russell me cumprimenta.

Vejo inocência em seus olhos.
É como se a única má aqui fosse Meredith. Ela está usando cada um de nós.

— Morar junto assim tão depressa também foi uma surpresa. – Ouço a voz de Merida distante. Ela permanece perto da porta.

— Oh, querida! Fique feliz pela sua irmã. – Diz a senhora Russell, enquanto tira alguns papéis de sua bolsa.

Ela se aproxima de mim.

— Aqui estão os papéis que constam a gravidez de Meredith para vocês guardarem de recordação. – Ela me entrega e eu analiso, estático, linha por linha.

Merida sai batendo os pés.

— Não ligue para ela. Ela não quer perder a irmã. – Diz a senhora Russell.

Olho para Meredith que está ao meu lado e agarra meu braço.

— Não é possível... – Eu digo.

— Querido, vamos deixar eles dois a sós. – Senhora Russell diz. — Eles tem muito o que conversar e comemorar.

— S-sim, meu bem, tem razão! – Ele diz se apressando. — Dean, muito obrigado por esse presente.

Eles se abraçam e nos olham. Seus olhos carregam orgulho.

Meredith me olha ambiciosa e destemida, enquanto se esfrega em mim.

— Vamos deixar os pombinhos em paz. – Diz o senhor Russell.

— Deixar quem? – Ouço a voz de Alessa na porta. Ela está atrás dos Russell e os assusta.

Eles se viram para ela e meu coração se parte.

— Dean e minha filha Meredith terão um bebê juntos. – Diz a senhora Russell.

Ela me olha.
Seu olhar deixa nítido para quem a conhece, que seu coração está destruído.

— É verdade isso? – Ela pergunta.

— É, sim! Aqui estão os papéis. – Meredith se adianta. — Aquele jantar de domingo foi mais do que esperávamos.

Lágrimas começam a descer por seu rosto.

Alessa não desvia o olhar de mim, mas também não diz mais nenhuma palavra.

— E você, quem é? – Senhora Russell pergunta dócil e interessada.

Ela seca suas lágrimas com a manga da blusa e olha para a senhora Russell.

— Ninguém importante. – Diz e olha para mim.

— Alessa, eu...

— Meus parabéns, professor! – Ela me interrompe antes que eu termine. — Meus parabéns.

Diz isto e sai pela porta. Indo em direção ao carro que estava parado na entrada. 

Me desvencilho dos apertos de Meredith, largando os papéis no chão.

— Alessa! – Desço os degraus enquanto chamo por ela. — Alessa!

Ela me olha, com os vidros do carro fechado e pede para o motorista arrancar, não me dando a oportunidade de conversar.

Percebo ali que perdi totalmente a minha chance de ser feliz.

Ser feliz com alguém que eu realmente amo.

A culpa é toda minha.

Eu a perdi.

PROFESSOR - Me Ensine Tudo O Que Sabe.Onde histórias criam vida. Descubra agora