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— Vai, tá bem óbvio que você está mentindo. - Coloco os braços sobre os olhos e me jogo em sua cama. Respirando fundo eu começo:

— Quem eu era ano passado, Cole?

— Lili Reinhart. - Ele tenta fazer piada, mas não acho graça. — Tá, em que sentido?

— Vejamos, você sempre foi de outra sala, mas é óbvio que nos víamos muito nos intervalos e em alguns eventos do colégio. Bem, pelo menos eu te via. Mas sempre fui a que estava isolada. Não a excluída, que faz parte do grupo dos excluídos. Mas aquela que não faz parte de nada, completamente invisível.

—E?

— E, que este ano tudo está diferente. Tipo, se você rir eu te mato... - Ele me olha com divertimento. — Mas eu nunca tive coragem de beijar ninguém. Quer dizer, não é falta de opção, nem nada... não que também tenha váaaarias opções... - Ele ainda está me observando. — Mas, eu tive meu surto de coragem quando te beijei. No... - Falo bem devagar, ainda pensando se é minha melhor opção. — meu primeiro beijo. - Ele fica sério. Tipo, muito sério. — Ok, pode rir.

Mas ele não ri. Por um momento fico desconfortável com a intensidade com que ele me olha. Então Cole vem e me beija, lentamente. Não o impeço. Eu sou humana, ele é lindo. Pronto, está explicado.

— Quer dizer que eu fui o primeiro? - Ele interrompe o nosso beijo.

— Nem vem com este sorrisinho, não é grande coisa. - Dou de ombros e continuamos com nosso beijo. Deitados em sua cama, suas mãos na minha cintura, as minhas em sua nuca. Aquele momento que poderia ser perfeito, mas que, só pra variar, a mãe dele interrompe. É, eu sou muito sortuda. Empurro o Cole pra longe e ele começa a rir. Melanie nos chama pra lanchar na cozinha e não há onde me esconder, então nós vamos. Já me perdi em que parte estamos do jogo, mas acho que é a minha vez.

— Então, eu quero verdade!

— É minha vez. Você já falou a verdade lá em cima.

— Eu não escolhi isto. Mas, se você diz... o que você quer? Verdade ou Desafio?

— Desafio.

— Tá gostando, né?! - Ele afirma com um sorrisinho malicioso no rosto. — Te desafio a ir amanhã à tarde na minha casa assistir um filme comigo.

— Por quê não aqui? - Ele faz um cara de desagrado. Eu não entendi.

— Porque é este o desafio. Você tem que fazer.

— Tenho que estudar, Lili.

— Agora que você diz isso? 

— É por isso que não namoro, entende?! Não posso passar minhas tardes assistindo filme e-

— Ok! - O interrompo. — Então deixa pra lá. - Falo me levantando da mesa. — Vou indo.

— Não, calma. Senta aí.- Ele segura minha mão. — Amanhã a gente vê isso.

— Você que sabe. Quero ir embora agora. Pode me levar?

A contragosto ele me leva em casa. Nos despedimos como bons amigos. Sem beijos e sem um tchau decente. Não me julguem por estar de péssimo humor agora. 

Eu não sei o que me deu pra convida-lo assim para ir a minha casa, principalmente quando meus pais não estarão em casa. Vai ver que é porque sei que Eduardo jamais cumpriria este "desafio". Mas a questão é que eu realmente gosto da companhia dele. É bom ter um amigo, finalmente.

Na escola as coisas acontecem normalmente. Assim que chego sou acompanhada pelas minhas amigas, que já estão comentando sobre o meu encontro com Drew, que já me cumprimentou hoje também. O Col continua com seu grupinho e não olhou pra mim em nenhuma parte do dia. Nem um oi ou um sorriso discreto, NADA! Era o combinado no fim das contas e eu não posso reclamar.

No meio da manhã começa um temporal sem sentido. E, a moça do tempo aqui esqueceu o agasalho. E, vejam só, ela está de short e sandália de salto. Combinação perfeita pra um dia de chuva. Notem a ironia.

Todos já saíram e eu continuo esperando uma pausa para ir a parada de ônibus. Não aceitei carona de ninguém e começo a me arrepender desta péssima decisão agora.

Quando acho que já está um pouco menos forte, corro até o ponto de ônibus. Preciso dizer pra vocês que correr de salto na chuva foi mais uma péssima ideia? Eu simplesmente me estabaquei no chão e ali fiquei. Completamente encharcada. A uma distância pequena do ponto de ônibus. 

Pelo menos daqui eu vejo se ele está chegando e tento levantar a tempo.

Um carro para no ponto de ônibus e fico apavorada. Na minha atual posição e com o temporal que está caindo, pode muito bem ser algum tarado. Tento me levantar em vão. Porque acabo de quatro numa poça de lama. Então alguém me levanta, e quando eu vejo é o Drew. Oh vida!

Ele me leva até seu carro, me entrega um cobertor e, sem falar nada, a não ser perguntar meu endereço, me leva até minha casa.

Entramos e não tem ninguém. Eu sabia que meus pais não estariam, afinal tinha chamado o Col, que não me deu sinal de vida até agora. Tomo um banho e o Drew aguarda na sala.

— Obrigada por tudo. - Agradeço depois que já estou um pouco mais apresentável.

— Não foi nada. Eu preparei um chocolate quente pra você, se não se importa.

— Obrigada. Vem, senta comigo. - Pego a bebida fumegante e puxo Drew para o sofá.

Estamos conversando sobre a escola e o clima está muito bom. E o meu "acidente" em nada atrapalhou. Só ajudou a me aproximar dele. A todo momento ele pergunta se estou bem.

— Se você não tivesse me encontrado, eu estaria lá até agora.

Alguém bate na porta e me levanto para atender. Quando abro, Col está lá. Com mais um buquê. Este cara tem uma floricultura. Só pode.

— Me desculpa por hoje, por ontem. Eu aceito este desafio e qualquer outro. Só...

— Hmm, Cole. - Abro a porta pra que ele veja que há alguém comigo. Ele entra como uma flecha.

— E aí, cara? Tá fazendo o quê aqui? - Col fala, aparentemente numa boa, com Drew, que olha pra mim em dúvida.

— Drew me trouxe hoje. Ele me ajudou muito. Sério, se não fosse por ele eu - Me apresso em dizer.

— O que faz aqui? E com este buquê? É pra Lili? - Drew não está tão amigável.

— O quê? Ah, hm... Claro que não, eu... hmmm... vi que alguém deixou aí na porta e peguei. Vim perguntar pra você - Aponta pra mim. — Se sabe do trabalho de Física. Perdi as anotações e você é uma das melhores alunas-

— Por que não me enviou mensagem? - O corto porque ele pode nos enrolar, apesar de ter se saído muito bem.

— Seu celular tá funcionando? Porque eu não consegui falar com você.

— Ah é, fiquei sem bateria. Vou buscar minhas anotações. - Vou até ele. — Me entrega aqui o buquê. Obrigada!

Subo as escadas e a última coisa que ouço é Cole dizer: "Atrapalhei algo?"

Entro no meu quarto correndo. Escrevo num papel:

"Vem mais tarde."

O coloco de forma que ele veja facilmente de primeira entre as anotações. Desço e o clima não está nada bom. Col entende o recado do papel de cara, mas diz:

— Valeu, te vejo amanhã e aí devolvo, tudo bem?

— Se prefere assim! - Dou de ombros.

— Claro, obrigado!

Ele sai sem olhar pra trás. Logo depois Drew se despede de mim com a desculpa que sua mãe ligou e vai embora também.

Quando estou sozinha me jogo no sofá tentando entender em que foi que eu me meti.

~~~*~~~

ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora