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Maratona 1/5

Eu já enviei mil mensagens pro Cole. Não, um milhão. Ele não me responde.

O que deu neste garoto? 

O resto do dia eu passo sem notícias dele, ele sumiu mesmo. Estou super inclinada a aparecer em sua casa e, quer saber?!, é o que faço. 

Me visto rapidamente, coloco um guarda-chuva na bolsa e pego um táxi até a casa dele. A Senhora Melanie, mãe dele, me recebe muito bem, como nas outras vezes em que estive aqui. Ela me deixa entrar e ir até o quarto do Col, já me avisando que ele está com um humor do cão... como se eu não soubesse. 

Bato á porta, e ele diz:

— Estou estudando, mãe.

Continuo batendo e ele vem abrir com uma cara de poucos amigos. Quando abre, fica lá parado, de boca aberta, e eu nem estou tão arrumada assim. Tsc tsc. Mas não me dou ao luxo de fazer piadinha, afinal, não conheço este Cole ainda.

— O que está fazendo aqui?

— Você não me respondeu. - Falo, meio tímida. Afinal sei que fui impulsiva em ter vindo.

— Achei que tinha ficado claro que eu não queria falar com você. 

— Agora ficou. - Dou meia volta e me retiro. Estou quase no início da escada quando ele me alcança e me abraça por trás, me impedindo de continuar. Só agora sinto que ele está sem camisa.

— Fica. - Ele sussurra no meu ouvido. Mas aí eu já não podia mais, me desvencilhei de seus braços e continuei o meu caminho. — Não, você não vai sair. A gente vai conversar.

— Nós não vamos conversar. Você deixou bem claro que não queria falar comigo. E eu nem sei o motivo. Mas eu captei o recado, querido. Me dá licença. - Ele me levanta em seus ombros e me carrega até seu quarto. Não faço escândalo porque não sou dessas que gritam e chamam atenção, mas assim que a porta se fecha e ele me coloca no chão, o empurro, aponto bem no seu rosto (falta de educação, eu sei) e começo:

— Tá achando que é quem pra me tratar assim? Você é louco ou algo do tipo? Me ignora, me trata mal, me trás a força pro seu quarto. Está se achando demais, né Cole? Mas eu não sou a Sarah e nenhuma dessas suas fãs não. Você tá muito enganado comigo e-

Ele me beija. Tá, eu estava meio descontrolada e ia sair coisa muito pior. Mas saio do beijo rapidamente. E tento sair do quarto também. Ele para em frente à porta, impedindo minha passagem.  E, eu já falei que ele está sem camisa? E que ele é lindo? E, eu estou perdendo a cabeça!

— Nós vamos conversar, Lili, Ok?

— Então fala logo. - Mantenho uma postura infantil. Braços cruzados, trocando o peso de uma perna pra outra e olhando pro teto. Ah, qual é?! Não tinha outro jeito.

— Desculpa ter te ignorado hoje na aula, e a tarde e, me perdoa pela grosseria. Você não merecia.

— Hm.

— Eu fui até a sua casa e vi aquele cara lá. E, até que tudo bem, eu sabia que vocês iam sair e tals - Ele revira os olhos. — Mas, quando você subiu pra buscar as anotações ele tomou uma postura possessiva, como se vocês já tivessem algo e você fosse dele, meio que me proibindo de ficar perto de você. Como se eu fosse um empecilho pra vocês. Não acho que ele seja o cara certo pra você, mas eu te apoio se é isso que você quer.

Só entre nós, eu entendi o que ele disse, mas não significa que não doeu. Sério que ele apoia que eu tenha um "romance" com outro? Ótimo, somos amigos e tals... mas um ciuminho não faria mal a ninguém. Tudo bem então, vamos deixar assim, na amizade, sem essas demais "gracinhas".

— E o que você disse?

— Disse que não temos nada, que nem nos falamos e, só fui até sua casa por última opção.

— Entendi. E você me tratou assim de manhã e agora a tarde por quê?

— Porque eu sou um idiota, ok? A Sarah começou a desconfiar e depois o Cole me viu na sua casa. Então, sei lá, fiquei com medo. Achei que fosse melhor nos afastarmos e agi feito um idiota.

— E o que mudou?

— Eu sei que faz pouco tempo que começamos a nos falar e pode parecer demais eu estar assim, mas não consigo não sentir isso. Ficou um pouco claro pra mim que você sairia da minha vida mais cedo ou mais tarde, e não é isso que eu quero... - Ele respira fundo e nega com a cabeça. — Preciso de você comigo. Você é... - Meu coração tá numa frequência louca. — Você é a minha melhor amiga e uma das pessoas mais importantes pra mim. 

— E por que a Sarah tá desconfiando? - Ele respira fundo mais uma vez, percebendo que eu ignorei sua pequena declaração.

— Porque, apesar de não falar com você na escola, estou sempre de olho onde você está e o que está fazendo. Fiquei super preocupado com você hoje, mas a Sarah pediu que eu fosse até a casa dela levá-la. 

— Tudo bem, mas acho que devemos nos afastar antes que as coisas piorem. Você não precisa se preocupar com a Sarah ou com o que ninguém pensa. Simplesmente cada um vai pro seu lado a partir de agora. Foi bom enquanto durou. - Falo com lágrimas nos olhos.

— Para com isso,Lili. Achei que os dois quisessem isto. Manter o segredo, digo. Mas, se é o que você quer, eu conto pra todos, eu falo pra Sarah, pra aquele otário do Drew, e pra quem mais você quiser. Você só não pode me deixar.

— Se liga, você só está falando comigo há, o quê?! Alguns dias. Não tem como ser tudo isto, não tem como você sentir o que diz. - Minto, sabendo que em poucos dias já sinto que ele é uma parte importante de mim. 

— Você não sente o mesmo? Não sente que, independentemente do tempo, algo está acontecendo. Nossa amizade é tudo pra mim.

— Tudo não é não. Você não falou comigo porque ficou preocupado com o que a Sarah pensaria.

— Qual é, Lili? Você sabe quem ela é pra mim.

— Eu sei. - Confirmo com a cabeça. — E quem eu sou pra você, Col? - Seco as lágrimas que caíram.

— A minha melhor amiga. Alguém que eu nunca tive. Minha confidente. Neste tempo você virou minha maior fraqueza, mas minha força, minha única verdade, minha cúmplice. Você é tudo pra mim. - Eu estou um poço de lágrimas. E não é pra menos. Não respondo. Ele vem e me abraça. Eu o abraço com força. E, então, estamos nos beijando. Mas, eu sei que é o último beijo, ele não. — Me perdoa. - Assinto, e me afasto.

— Tudo bem. Mas chega de manter em segredo nossa... Amizade. E, a partir de agora, vai ser só isso.

— Do que você está falando?

— De amizade. Não amizade colorida. Sem beijo, sem flores, sem declarações. A gente apaga isso de uma vez. 

— Eu não posso apagar nada. É isso que nós temos e eu não vou esquecer.

— Tínhamos.

— Se é assim que você quer, eu aceito. Mas eu não vou te perder.

— Tá bom, eu preciso ir.

— Fica.

— Preciso ir, Cole. Amanhã a gente se fala.

— Eu te levo.

— Não precisa. Vim sozinha, volto sozinha. Tchau.

Eu saio e deixo um pedaço de mim ali. Mas sei que é o melhor para os dois. Me doeu saber tudo que ele disse, e, mais ainda, ele não ter lutado pra manter nossa amizade como antes. Mas, a vida continua. Resta saber como continuaremos, Col e eu.

~~~*~~~

ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora