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Maratona 5/5

Dormir não foi uma atividade muito fácil de se realizar. Digamos que de hora em hora eu acordava com o coração a mil, tentando prever o que poderia acontecer amanhã. E nenhuma das situações me parecia favorável. A pergunta que não deixava minha cabeça era: Como encarar o Cole depois de uma declaração daquelas?!

Depois da péssima noite, faço uma maquiagem que consegue disfarçar bem as olheiras e a cara de choro. Não tá lá essas coisas, mas é melhor que nada. Resolvo pegar uma maçã e sair logo de casa, preciso de ar.

Me despeço da minha família com um tchau que não evidencia meu péssimo estado de humor.

Ao sair de casa me assusto com o carro muito familiar estacionado a alguns metros de mim. Fico encarando com certa dúvida, afinal eu acompanhei a saída do Col ontem, tenho certeza. E então ele sai do carro.

Pode ser coisa da minha cabeça, mas ele parece bem mais lindo agora. Ele encosta na frente de seu carro, cruza os braços e sorri pra mim. Eu me derreti e não foi pouco. Mas isto ainda parece uma alucinação. Com certeza foi a noite mal dormida. Sacudo a cabeça porque na certa eu tô delirando. Mas ele continua lá. E eu ouço:

— Precisamos ir ou vamos nos atrasar.

Continuo não acreditando. Mas sorrio ao ouvir sua voz. Se eu ainda estiver dormindo, não me acorde!

— Vem, meu bem! - Ele diz.

Sonho! Certeza. Mas, porque não aproveitar?! Sigo em sua direção, com um sorriso desconfiado, mas ainda sim não consigo tirá-lo do rosto. Paro em sua frente, ainda sem acreditar. Porque este sonho está mais real do que qualquer um.

— O que faz aqui?!

Quando seu perfume amadeirado invade meus sentidos, tenho certeza de que não estou em um sonho.

— Vim levar minha vida pra escola. Posso?

Surreal demais. Continuo como uma estátua observando seu rosto calmo, porque me dou conta de que realmente estou acordada. Mas a situação não condiz com a realidade. Não mesmo!

— Qual a pegadinha?!

— Pegadinha? - Ele continua sorrindo. E eu desconfiada.

— Meu bem? Sua vida? O que você está aprontando, Col?

— Você é meu bem e minha vida. - Olho para ele com cara de quem não está caindo na conversa fiada. —Se eu não deixei claro antes, deixarei a partir de agora.

— Qual a pegadinha? - Repito, um pouco mais irritada.

— Você disse que me ama...

— Eu sei... Você é meu melhor amigo, lógico que eu amo você. - Minto.

— E você é minha vida, meu bem, minha melhor amiga e eu amo você... Me perdoa se eu não demonstrei antes. Não vou aguentar ficar sem você. Sei que faz pouco tempo, mas é assim que eu me sinto. E é de verdade.

Sorrio com sua declaração, apesar de não ser o que eu gostaria de ouvir, era algo que eu esperava. A melhor saída foi dizer que foi tudo na amizade. Assim, depois de um esclarecimento desses, o clima volta a ser o mesmo.

— E a Sarah? - Pergunto querendo deixar tudo as claras.

— Vai ficar tudo bem. Eu esclareci o que precisava com ela. Sem contar exatamente tudo sobre nós. O que importa é que não teremos mais problemas.

— Então vamos logo, meu bem. - Engulo o caroço na minha garganta e tento seguir em frente.

Ele abre a porta do carro para mim e entra do outro lado, dá partida e seguimos caminho.

— Já que estamos esclarecidos, - Ele parece inseguro quanto ao que me perguntar agora. — Como fica nosso jogo?

— Não fica, Col. Isso acabou. Você tem se prejudicado com a Sarah. Eu não sei mais o que dizer para as meninas com relação a você. Então eu não participo mais disto.

Ele não responde de imediato. Parece estar pensando a respeito.

— Realmente, mas foi divertido. - Ele abre um sorriso e eu sei que vai ficar tudo bem. Pelo menos, era o que eu achava. Até que ele abriu a boca de novo. — Eu esperava que você não fosse continuar. - Levanto uma sobrancelha pra ele, com a melhor cara de ironia que eu posso fazer. — E é por isso que tenho outra proposta pra te fazer.

— Proposta?! - Cerro os olhos e sorrio maliciosamente. — Continue.

— Um novo jogo. - Reviro os olhos. — Uma competição.

— Uma competição? - O assunto me interessa, lógico. Eu sou super competitiva.

— Claro, e você vai adorar. - O incentivo a continuar. — Mas você só vai saber depois.

Só então noto que chegamos a escola. E a curiosidade vai me matar. Entramos juntos, mas cada um segue para seu grupo.

Durante a aula, Cole me lança sorrisos e olhares cínicos, até porque ele sabe que estou morrendo de curiosidade por dentro. Mas, antes que o sinal que anuncia o início do intervalo toque, ele sai.

O intervalo começa e as meninas vão na frente. Pretendo procurar o Cole e fazê-lo me falar logo sobre a competição. Não aguento mais um segundo disto. Curiosidade é tortura pra mim.

Ando pelo corredor dos armários, que está vazio. Todos estão no refeitório. Espero encontrá-lo por lá. Passo pela sala dos professores e, quando estou passando pela minúscula sala, onde ficam guardados os objetos de limpeza, sou puxada para dentro.

Tudo está escuro, mas eu reconheço o perfume do Cole, mesmo em meio ao cheiro forte de desinfetante. Seu toque também é bem familiar, principalmente quando ele me beija. Retribuo, apenas pela certeza de ser ele. Ele interrompe o beijo e ainda estou tentando recuperar meus sentidos.

— O desafio é... quer dizer, competição. Achar o lugar mais inusitado da escola, em qualquer horário. O objetivo é pegar o outro totalmente de surpresa e beijá-lo. - Ele me dá mais um selinho. — Agora é sua vez.

Ainda não me recuperei, mas ele já saiu deste cubículo que chamam de sala. Toco meus lábios e sorrio.

— Eu sabia que era tudo uma desculpa para me beijar.

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Hahaahhaah seus safrados

ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora