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Será que estou ouvindo direito ou estou em uma espécie de mundo paralelo onde meus sonhos viram realidade?

Estou sendo pedida em casamento?

Pelo cara mais lindo, mais gentil, mais inteligente, mais gostoso, mais mais mais tudo. Isso é sério?

— E-eu...

Ouvimos um choro vindo da babá eletrônica, o que cortou o clima em cem por cento. Porque pais babões de primeira viagem correm para qualquer barulhinho que seu bebê faz.

Então, ignorando um dos momentos mais lindos da minha vida, corremos em direção ao quarto. Depois que eu tentei de tudo: banho, chupeta, mamar, carinho, mas tudo que Maria Alice queria era dormir no colo do pai. Eu mereço. Cole já tem mais uma fãzinha.

— Ele é só meu, viu pedacinho de gente? - Falo, docemente, para o meu bebezinho.

— Ele ainda não é seu não, mamãe! Você não respondeu o pedido dele. - Ele faz uma vozinha, como se Maria Alice respondesse.
      
Mas, antes que eu pudesse dizer algo, a campainha toca. O barulho me faz estremecer, pois, da última vez que ela tocou, eu e minha filha quase morremos.
       
Cole percebe, pois logo me entrega Maria Alice, me dá um beijo na testa e sai. Ele atende a porta e recebemos a visita dos meus pais e dos pais dele. A irmãzinha dele também está aqui.

Eu e as mulheres estamos na cozinha, preparando uma refeição enquanto os homens estão de olho nas crianças. Conto a elas sobre o pedido do Cole e como ainda não consegui dar a resposta.

— E o que está esperando, minha filha? - Respiro fundo quando minha mãe me pergunta. No fundo senti certo alívio ao ser interrompida. Não estava pronta para esse pedido logo agora.

— Tudo com a gente sempre foi tão rápido. E muitas vezes não deram certo. Tenho medo de dar mais um passo maior que a perna. - Minha quase sogra coloca uma mão no meu ombro.

— Querida, muitas coisas podem não ter dado certo. Mas veja onde estão. O que conquistaram até aqui. Se não arriscar não saberá. E você pode perder uma grande oportunidade.

— É filha, vocês já passaram por tanta coisa. Esse menino já provou o quanto te ama. Eu e seu pai sabemos que ele é o melhor para você e temos muito orgulho desse relacionamento.

— Talvez não há muito o que se pensar. Quando ele me perguntar de novo eu darei a resposta. - Falo confiante.

Após mais um monte de conselhos das vovós a minha frente, vamos todos a sala para jantarmos. Finalmente minha família está toda reunida. E é mais do que eu poderia desejar.

Cole se senta a meu lado e fica fazendo círculos em minha perna, embaixo da mesa. Isso me distrai muito da conversa que nossos pais estão tendo.

— Você me deve uma resposta, mocinha? - Ele sussurra.

— Eu devo. - Pisco pra ele e sorrio. Ele devolve o sorriso e é nítida sua ansiedade. Eu juro que ia dar a resposta para ele agora mesmo, mas minha cunhadinha derrubou sua comida e tudo que pude fazer foi ir limpar.

Cole passou as mãos pelo cabelo. Ele estava agoniado já. Eu o enrolei por algum tempo, não tão de propósito. Mas aconteceu.

Terminamos o jantar e Cole e eu fomos à cozinha lavar a louça, enquanto nossos pais corujavam Maria Alice.

Fazemos o serviço em silêncio, mas sei que ele aguarda que eu inicie a conversa. Decido que o suspense vai ser mais divertido.

Ele coloca uma mão em cada lado meu, me prendendo contra a pia.

— Você não sai daqui sem me dar uma resposta, Lili Pauline Reinhart. - Ele fala com uma voz rouca.

— Ainda não dei? - Finjo inocência. Ele sorri e então o beijo.

Algum tempinho depois somos interrompidos por, nada mais nada menos que, minha querida quase sogra, dona Melanie. Ela pigarreia e ri.

— Isso já está ficando comum. - Ela quebra o gelo e o clima. Tudo junto.

— Eu que o diga. - Cooe diz, não muito satisfeito.

— Vim buscar a mamãe, porque parece que o bebê da casa precisa mamar.

Ela sai me puxando pela mão. Vejo quando Cole exaspera e joga a cabeça pra trás. Sorrimos uma para outra, cúmplices.

Vou amamentar no quarto sob o atento olhar das avós.

— Dou mais vinte minutos para ele surtar de vez. - Minha mãe começa a rir, se referindo a ansiedade do Col.

— Cinco! Ele está nas últimas. - As duas mulheres caem na gargalhada.

Coloco uma Maria Alice adormecida no berço e seguimos para sala. Olho imediatamente pra um Cole que diz "Graças a Deus", mas só eu noto. Ele vem até mim, segura meu rosto entre suas mãos.

— Chega de tortura, Lili Reinhart. Me dá logo a resposta! - Ele chama atenção de todos com seu nervosismo.

— Resposta de quê? - O pai dele entra na conversa e, pela sua cara, sei que ele sabe.

— Cole pediu a menina em casamento, mas ela não deu a resposta. - Melanie diz, segurando o riso. A cara de desespero do Col por ver seus pais entrando na conversa é impagável.

— E por quê não? - Meu pai também resolveu bancar o humorista.

— Longa história, querido. Senta que eu conto para vocês. - Minha mãe entrou também. O time está completo.

Cole já até tá meio cabisbaixo, tadinho.

— Antes de começarem a tricotar, eu tenho uma resposta para dar para o senhor dramático aqui.

Seus olhos brilham e eu não contenho um sorriso quando digo:

— Sim. É óbvio que eu quero me casar com você!

ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora