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— Nunca recebi carta nenhuma, Cole. Não enquanto estive aqui.

Levanto uma sobrancelha sugestionando o motivo. Por sua expressão sei que ele entendeu. E também teve a mesma lembrança que eu: nossas cartas de despedida.

— Entendi. Independente disto, quero te levar para casa. Quero cuidar de você e do nosso filho. Podemos recomeçar. Eu sei que agora nada nos impede.

— E vamos recomeçar quantas vezes, Cole? Quantas chances você quer para partir meu coração?

— Nunca foi minha intenção. - Uma lágrima cai. Dele. Já estou tão saturada desta situação que não me sinto afetada. Não consigo mais chorar por nada que envolva nós dois.

— Nunca é. Mas acontece. E eu sofro. Você sofre. Assim não-

— Eu vou fazer dar certo. Eu preciso que dê. - Ele me interrompe, meio desesperado.

— Não, Cole. Desta vez, não.

— Você não vai voltar para Yale? Não vai me deixar participar da sua gravidez?

— Vou voltar e faço questão que você participe. Mas como pai do meu filho, apenas. Não precisamos ter relacionamento amoroso para que você seja um pai presente.

— Podemos ser amigos? - Ele tenta.

— Dificilmente, você tem a Vanessa agora. - O ciúmes da minha voz é palpável.

— Eu só quero você.

— É impossível, Eduardo. Acabou! - Finalizo e ele sai, derrotado.

Não é como se eu não o amasse. Mas eu me amo em primeiro lugar. Não posso permitir que ele entre novamente, com sua inconstância, e bagunce minha vida mais uma vez. Cansei de ter o coração partido. Preciso estruturar minha vida e me preparar para criar uma criança.

Eu também não sou a mais sensata das mulheres, confesso. Não sei lidar com relacionamento como uma adulta madura faria. Preciso entender que a fase da adolescência passou e estou prestes a ser mãe.

Ligo para o Drew e explico que ficarei com meus pais hoje. Ele se oferece para trazer minhas coisas e assim o faz. Meu amigo se senta comigo e tento contar para ele meus planos futuros.

Converso com meus pais a respeito disso também. Decido alugar um apartamento sozinha, assim que voltar a Yale, o que será daqui a um mês. Pouco depois de descobrir o sexo do meu bebê.

Não tenho o apoio total deles, mas sei que posso contar com meus pais independente disso.

💧

É chegado o dia de tentarmos, mais uma vez, descobrir o sexo do bebê. Voltei para casa dos meus pais, definitivamente, até o dia da minha volta a faculdade. Nas últimas semanas o Cole tem sido muito presente, mas apenas no que diz respeito ao filho. E não seria diferente hoje, na primeira vez que ele o verá.

Ele me acompanha a consulta, mamãe também. Cole está nervoso, esfregando as mãos em sua calça o tempo inteiro.

— Está tudo bem? - O olho desconfiada.

— Está. - Ele assente. Sorrio, nunca tinha o visto tão nervoso.

— O que você quer que seja? - Tento diminuir a tensão entre nós.

— Não sei. - Ele sorri, imaginando. — Todo homem quer ter seu garoto. Mas, primeiro, acho que quero uma princesa, linda como você. - Minhas bochechas coram. Comentários do tipo têm sido feitos ultimamente e constantemente.

O doutor nos chama, me livrando do constrangimento de ter que responder. Mamãe e Cole me acompanham.

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Começamos o ultra-som. O doutor aplica aquele gel geladinho e liga o aparelho.O som do coração é a primeira coisa que ouvimos.

ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora