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— Deixa eu ver se eu entendi: a Sarah está morando com você? Aqui? Neste apartamento? - Ele assente. — Tudo bem, Cole, e o que eu tenho a ver com isso? Quer que eu te dê os parabéns? - Bato palmas para ele. — Parabéns!

Ele respira fundo.

— Eu quero resolver as coisas com você, Lil. Do jeito que está não dá para continuar. Você só se afunda cada vez mais-

— Eu me afundo? Eu sou presidente de classe em Yale, Cole. Sou a melhor da turma e, ainda que eu leve uma vida... divertida, sou um grande exemplo.

— Exemplo de uma bêbada- Sei que é verdade e ele sabe que me ofendeu. — Lil, por favor. Eu quero te ajudar, tá bom? Estou preocupado.

Tento sair e ele me impede, me abraçando por trás, como fazia antes.

— Não faz assim, você é minha melhor amiga.

Dou uma risada muito sem graça.

— Se bem me lembro, nós não somos nada. - Tento me soltar de seu abraço.

— Você sabe que eu não vou desistir de você.

Olho em seus olhos, com toda raiva que guardei durante todas as noites que bebi pra esquecê-lo. Começo a rir de sua cara.

— A Sarah vai adorar isso. E, olha, já te adianto, você vai perder seu tempo. Nós não temos mais nada, não somos mais nada. - Ele se assusta com a frieza da minha voz. — Invista seu tempo na sua namorada, ela é a garota certa para você.

Saio dali sem olhar pra trás. Pego minha amiga, sem dar nenhuma explicação, e vamos embora.

É óbvio que isto iria acontecer, mas, quando a realidade dos fatos caiu em mim, desabei. Nos braços da Vanessa eu chorei, muito, como nunca havia chorado antes.

Como ele pôde achar que, depois de tudo, depois de ter me rejeitado quando eu estava totalmente entregue, depois que ele assumiu para mim que estava com a Sarah, poderíamos passar uma borracha e apagar o passado?

Quem eu seria? A outra? A melhor amiga que ele beija de vez em quando?

Já caí nessa armadilha uma vez. Não posso ser burra novamente,

Bem que eu queria esquecer cada sentimento que me assombrou nestes últimos tempos. Ter a presença do meu melhor amigo seria um refúgio. Mas as coisas não são tão simples, um coração quebrado não se conserta assim.

Naquela noite Van tinha um encontro, e, mesmo que ela quisesse desmarcar para ficar comigo, empurrei ela porta a fora do apartamento e me entreguei a mais um copo de esquecimento.

No terceiro meu terceiro drink, ouço uma batida na porta. Na certa uma das meninas esqueceu a chave. Não estou tão bêbada a ponto de "trocar as pernas", mas o suficiente para ficar feliz em meio ao caos em que me encontro.

Abro a porta e Cole está me olhando, com as mãos nos bolsos e uma expressão leve no rosto.

— Vai me deixar aqui fora?

— Ainda estou pensando. - Ele sorri pra mim, e eu devolvo um sorriso desconfiado. Mas dou licença e permito que entre.

— Legal seu apartamento. - Ele olha ao redor, ambas as mãos continuam em seus bolsos.

— Hm, obrigada! - Ele olha com reprovação para o copo na minha mão. - Aceita?

— Hoje não.

Estamos nos olhando em silêncio e, logo depois, ele vem até mim e, em um ato muito rápido, me abraça, enterrando seu rosto em meus cabelos.

— Amo seu cheiro.

Mesmo sem entender, não me afasto. Estamos neste abraço por bastante tempo. Meu copo ainda na minha mão. Mas, minha mente um pouco anuviada pelo álcool.

— Dá aqui. - Ele pega o meu copo e coloca sobre a mesinha de centro. Em seguida, coloca minhas duas mãos em seu pescoço e me abraça novamente. Desta vez com mais força. Me sinto protegida, como há muito tempo não sentia. Com a ponta dos dedos, acaricio sua nuca.

— Você está sóbria? - Ele me pergunta quando nos afastamos.

— Depende do que você define por sóbria. - Cerro os olhos, analisando-o.

Ele vem e me beija. Há quanto tempo não sentia sua boca na minha? Mas parece que estamos muito melhores nisto do que da última vez. Este beijo vem com gosto de saudade, com reconhecimento de pertencer a alguém, com urgência. Algo em mim lutava para que eu me afastasse, mas eu estava carente demais para dar ouvidos.

— Você está sóbria, Lil? - Está pergunta vem com muito desejo.

— Estou sóbria o suficiente para saber o que estou fazendo, e fazer bem. Estou sóbria o suficiente para não esquecer o que faço. Estou sóbria para julgar o que é certo ou não. Mas não estou sóbria o suficiente para te mandar embora, que é, exatamente, o que eu faria se estivesse.

— E é certo? - Continuo em seus braços. Ele fala com a boca na minha testa e estamos de olhos fechados. Tentando ponderar toda a situação.

— Não é. Mas eu preciso. - Me entrego.

— E amanhã?

— Nada muda. Mas- Digo, olhando em seus olhos. — A escolha é sua.

Ambos precisamos um do outro, não importa muito os problemas que temos. Nos trancamos no meu quarto e deixamos tudo porta a fora.

Finalmente estou em seus braços novamente. Seu olhar, seu perfume, seu gosto, seu toque. neste momento, sinto que tudo pertence a mim. E sinto que eu sou dele.

Me entrego totalmente a ele e, ali, enquanto ele me olha, como se me venerasse, consigo esquecer o que quer seja que nos separou.

O efeito Col é, incrivelmente melhor do que todo álcool do mundo!

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ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora