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Estou no apartamento do Cole e, como se tivesse um sensor, a Vanessa chega. A pessoa já entra achando que é dona da casa e anfitriã. Que preguiça.

— Col já te serviu alguma coisa? - Ignoro. — Esse Cole é tão mau-educado com as visitas. - Eu tive que rir dessa. — Já trago algo para você. O que quer suco, chá, café, veneno?

— Se preocupa não, amiga. Eu sei onde fica a cozinha, mas valeu a intenção. Agora, só tenho uma dúvida: o veneno você vai extrair da sua língua ou já tem estocado?

— Linda. - Ela abre um sorriso sem graça. — Para quando é o bebê, você está enorme? - Ela se senta na poltrona a meu lado. Cole chega com meu balde de pipoca, que habilmente deposito em cima da minha barriguinha de seis meses.

— Por que quer saber? - Falo irônica. — Já sei. Quer ser madrinha? - Meu humor não está dos melhores hoje.

— Eu tentei Col, mas ela não me dá uma chance. - Ela faz biquinho e eu juro que preferia a Sarah. Pelo menos ela era bonita.

— Lili, facilita. - Reviro os olhos e nem me dou ao trabalho de responder.

— Cole, eu preferia a Sarah. Pelo menos o biquinho dela não parecia de pato. Você treina para ser feia ou é um dom especial? - Ela ignora.

— Mozi, me leva para o quarto? - Meu amigo congela e eu também. Sem perceber arregalo os olhos para ele, que percebe meu desconfortos mesma hora.

— Para de cena, Vanessa. Você sabe que não chegamos neste ponto ainda.

Alívio invade cada célula do meu corpo. Seguro para não rir. Juro que tentei, eu tentei mesmo. Mas eu não aguentei. Caio no riso. Os dois estão lá parados, super sem graça. E eu não consigo parar. A cara da Vanessa é a melhor, juro.

É sério que os dois até agora estão no zero a zero? Quem diria que o viciado em sexo, Cole, estaria em castidade.

Uma parte enorme de mim está aliviada. Outra não entende.

— Agora ela vai fazer piada, está vendo? - Vanessa tenta ser meiguinha.

— Lili, facilita.

— Essa cara de novo?! - O bico de pato volta. — Vai me dizer que você não prefere a Sah também? - Gargalhadas e mais gargalhadas.

— Facilita minha vida, Lili! - Ele revira os olhos.

— Acho que não sou eu que tenho que facilitar. - Não consigo controlar meu ataque de riso. Aponto de um para o outro e rio até minha barriga doer.  A dor é tão forte que acabo derrubando toda a pipoca no chão e assustando Cole. Não fico atras no medo, meu bebê corre perigo. Vanessa está com um sorriso satisfeito no rosto, mas não durou muito.

Quando Cole me pega em seu colo, beija meus cabelos e diz que vai ficar tudo bem ela se vira e vai embora. Meu amigo corre comigo para o hospital.

Somos socorridos assim que chegamos. Alguns exames depois constatamos que foi alarme falso. O excesso de riso contraiu demais minha barriga, transmitindo a mensagem errada ao corpo.

A indicação médica é apenas para que eu não cometa mais exageros como os de agora pouco. Mas a cena foi hilária, ninguém pode me culpar.

Col me leva até minha casa. Ele está me olhando como se quisesse me dar uma bronca. Estou acostumada a este olhar desde que ele começou a namorar e Vanessa começou a reclamar.

Mas logo ele começa a rir também. Ele sabe que a cena foi engraçada, e muito.

— Você não presta, Lili. - Ele fala, entre risos. E eu concordo.

— Acho que não sou eu que não presta, querido. Nosso amiguinho aí parou de funcionar foi?

— Posso te mostrar. - Ele fica sério e vem em minha direção.

— Não, obrigada. Mostre para Vanessa, ela está meio desesperada. Você não facilita para coitada, né? - No fundo isso me deixa muito feliz. Saber que eu fui a última e que, além de mim, ninguém o atrai faz com que meu ego se encha.

— Eu sei que você não quer isso. Não quer que eu tenha mais ninguém. Sei que adorou saber que você ainda é minha única mulher, assim como sou seu único homem.

— Eu? Eu estou bem tranquila. Vai lá e faça seu trabalho. - Minto.

— Eu posso fazer aqui com você. - Ele tenta ser sedutor. E o cara consegue. É uma luta diária ter que negar, até porque eu quero tanto quanto ele. Mas tento me manter focada.

— Corta o papo, Cole. Não tem nada que eu possa te oferecer sem ser minha amizade.

— Eu ainda te amo. - Ele respira fundo.

— E por quê está com a Vanessa? - Não era a primeira vez que eu perguntava. Eu sabia que ela não o fazia feliz, estava na cara.

— Porquê você não me dá uma chance, porra. - Ele está tão cansado dessa conversa quanto eu.

— Suas atitudes me decepcionam. - Esta parte da conversa é nova. E ele presta atenção. — Se você não gosta da garota não esteja com ela. Mas se está com ela para me provocar, esquece Cole. Eu não sou este tipo de garota. Não vou ficar com você só porque tenho medo de te perder. Saber que você está com outra não me faz ter vontade de te beijar, muito pelo contrário. Não acho certo ou justo você usar uma pessoa, por pior que ela seja.

— E o que eu faço para te ter de novo? - Ele está exausto. E eu também.

— Seja Homem!

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ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora