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Eu consegui enrolar o Cole. É claro que sim! Estou pronta para cumprir a aposta? Não mesmo! Não é algo impossível, mas é difícil sabe? No momento, quero me manter como estou.

Já é de noite e meu melhor amigo vem jantar comigo no hotel. Estamos conversando e rindo um pouco, é muito bom estar na companhia dele. Mas seu telefone toca bem no meio da conversa.

— Oi, Van!

— ...

— Tudo ótimo.

— ...

— Sim, estou com ela.

— ...

— Provavelmente não, deixa ela pensar sem sua intervenção.

— ...

— Amanhã? Não sei se é uma boa ideia.

— ...

— Tudo bem, te pego às 20h!

Não precisamos ser gênios para saber que cole vai jantar amanhã à noite com a Vanessa. Remexo a comida no meu prato e reviro os olhos tantas vezes que já nem sei se fiquei vesga de verdade.

— Não vai falar nada? - O idiota pergunta. Continuo remexendo minha comida. — Fala alguma coisa, Lili.

— O que quer que eu fale, caramba? - Solto o garfo de uma vez no prato, causando algum barulho.

— Sei lá, diga que está com raiva, chateada, irritada, que quer me matar. Mas diga algo, cacete.

— Eu não tenho nada para te dizer.

— Sério? Não te incomoda nenhum pouco que eu vou sair com sua ex melhor amiga, que te traiu?

— Se é este o tipo de pessoa que você quer sair, não tenho nada pra te dizer.

— Você é impossível. - Ele se levanta, bravo.

— Você é dramático, querido! - Eu sorrio, mas por dentro estou morrendo. — Mas, se quer minha permissão, está concedida.

Ele me olha como se não acreditasse. Mas se é desafio que quer, então teremos um. Após alguns segundos de silêncio, ele se levanta e diz que vai embora. Não discuto, quando ele resolve ser intenso, consegue mais do que ninguém. Vou inscrevê-lo em aulas de teatro, o cara tem o dom!

Cole me busca no dia seguinte para irmos resolver as coisas da faculdade. Ele estaciona em frente ao hotel. Entro em seu carro, ele não me olha, nem ao menos deseja bom dia. Estendo um bandeira da paz em forma dos seus cookies preferidos.

Ele olha para o pacote e fica tentado. Começa a dirigir e continua me ignorando.

— Vai me ignorar, meu bem? - Ele não responde. — Mesmo depois de trazer seus biscoitos favoritos? - Ele revira os olhos. — E se eu disser que o bebê está se mexendo, ainda vai me ignorar? - Ele põe uma mão na minha barriga e sente que o neném, realmente, está alegrinho hoje. Porém,  continua me ignorando.

Mudo minha voz conciliadora para mais sexy possível.

— Nem se eu disser que sonhei com você a noite inteira? - Ele aperta o volante com força. Respiro fundo e finjo inocência. — Mesmo que eu queira te contar tudinho que a gente fez? Ainda sim vai me ignorar?

— Estou dirigindo, Lili Pauline Reinhart! - Ele está suando frio e os nós de seus dedos ficam brancos quando ele aperta o volante.

— Eu estou vendo. É só que, bem agora, eu- - Ele estaciona o carro na primeira vaga que encontra e me beija, tirando qualquer fôlego que eu ainda tinha.

— Satisfeita? - Ele sorri na minha boca. Sorrio e seguimos caminho para faculdade.

Ontem eu fiquei pensando: não posso prender o Cole se não estamos envolvidos desta forma. Apesar das nossas brincadeiras e do nosso futuro bebê, decidimos que nos manteríamos na amizade. Tirando o amasso de hoje, claro.

Então, se ele quiser sair com Vanessa, Sarah ou as duas, o problema é dele. Cabe a mim, como amiga, buscar aceitar. A teoria parece linda, mas a pratica tá ferrando com minha cabeça.

Em alguns dias, encontro meu apartamento. Cole me ajuda a deixar tudo arrumando e com a minha cara. Ele tem se desdobrado no papel de aluno, filho, pai, melhor-amigo e, acreditem, namorado.

Desta vez não é meu namorado. Vanessa tanto fez que conseguiu. Ela nem fez questão de esperar um pedido formal, já foi logo sozinha e pediu meu amigo em namoro.

É claro que a situação é a pior possível. Sei que ele está namorando, e, por esta razão, não aceito brincadeiras, jogos, beijos ou qualquer coisa que envolva isso.

Cole tem se mantido distante de mim como mulher. Mas, como amiga, está mais perto do que antes, e, como pai, não preciso nem dizer o quanto é babão.

Vanessa, por outro lado, faz a linha namorada ciumenta, possessiva e insegura. Perdi a conta de quantas vezes tive que lhe dar sermões.

Ela chegava na casa do Cole e eu estava lá? Escândalo.

Ele me levava para faculdade? Barraco.

Ele preferia ficar comigo e o bebê a ela? Crise de choro.

Nunca pensei que diria isso, mas sinto falta da Sarah.

Eu não me lembrava de uma Vanessa tão manipuladora e falsa. Isso torna mais difícil confiar nos seres humanos.

Quando Cole me contou que estava namorando, deixou bem claro que, o dia que eu quisesse, ele seria meu de novo. Mas que não podia ficar esperando para sempre, precisava seguir sua vida. Talvez este amor todo que ele dizia sentir por mim já não exista mais.

As coisas acabam, certo?

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ᴠᴇʀᴅᴀᴅᴇ ᴏᴜ ᴅᴇsᴀғɪᴏ?彡 ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗ (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora