Capítulo 22

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*sem revisão

Jamie Dornan

Quando Dak falou sobre os meus pais, várias memórias me vieram à cabeça. Memórias essas que eu não gostava de relembrar.

Eu nunca fui amado por eles. Para mamãe só existia as minhas irmãs e para papai... bem, esse ainda me dava um pouco de atenção, mas não o suficiente para eu me sentir parte daquela família.

Quando lhes disse que ia ser pai, eles reagiram da pior maneira. Dói só de lembrar. Era visível o ódio que Carmen sentia por Dak... e por mim.

Meu pai deu um sorriso, mas logo foi substituído por uma careta. No fundo, eu sei que o meu pai se arrepende de me ter deserdado, mas o orgulho fala sempre mais alto.

Minhas irmãs... essas então nem vou falar. Quando mamãe me expulsou de casa, elas pularam de alegria.

Na escola, quando éramos mais novos, e elas metiam-se em alguma briga, era a mim que me procuravam, para defender. Quando deixei de fazer isso, pois via que elas em casa sempre me tratavam mal, elas começaram a dizer mentiras à nossa mãe.

Como por exemplo, que eu andava a fumar, que injetava drogas... Muitas coisas que foram tudo mentiras.

Eu sempre fui um menino calmo. Resolvia as coisas à base de uma conversa, mas para as minhas irmãs, eu fazia o contrário.

Papai chegou a vir falar comigo que, se eu continuasse assim que me metia num colégio militar. Ao início não entendi o porquê disso, mas depois passei a perceber que era por causa das mentirinhas das minhas irmãs.

Minha mãe deixou de falar comigo. O último dia que ela dirigiu palavras para mim, foi quando eu e Dak dissemos que íamos ter uma filha. Aí, Dak já estava grávida de cinco meses. Eu não me sentia confortável em lhes dizer que ia ser pai.

Era raro o dia que eu dormia em casa. Os pais de Dak nos ajudaram a comprar uma casa, e passamos a viver lá. No final da gravidez, foi quando lhes dissemos que íamos ser pais.

Eu por mim, nem tinha dito. Mas Dakota insistiu tanto, que u acabei por ceder. Se fosse hoje, não tinha feito.

- Desculpa. - saio dos meus pensamentos, com a voz dela.

Dakota está com a cabeça encostada no meu peito, depois de termos feito amor.

- Pelo quê?

- Eu não devia de insistir que você procure os seus pais, depois do que eles fizeram no passado. Nós estamos tão bem que, se você os procurar, eles podem nos trazer problemas.

Levanto seu queixo, fazendo ela olhar para mim. Seus olhos estão marejados.

Hormônios...

- Não tem mal.

- Tem sim, Jamie. Eu te fiz recordar coisas do passado. Assuntos que você não devia se lembrar mais. Eu não devia ter te forçado. Esquece isso.

- Amor, se for importante para você...

- Não é. Suas irmãs tambemnunca e procurar para dizer que você iria ser tio, isto é, se elas já engravidaram... Por tanto, esquece. Estamos bem sem eles. Apesar de eles serem a minha família.

- Eles não são. Minha família são você e nossos filhos. Vocês são as pessoas que eu mais amo. Que estão acima de qualquer coisa! Eu dou a minha vida por vocês quatro. - toco na sua barriga, levemente inchada.

Dak funga. Beijo a sua cabeça.

- Vamos descansar. Amanhã teremos um dia muito puxado.

Ela e aninha a mim. Fecha os seus olhos, enquanto eu fico mexendo no seu cabelo. Sua respiração fica mais leve e eu sei que ela já dormiu. Com o braço esquerdo, apago o abajur e fecho os olhos também.

Acordo com uma pequena movimentação na cama. Abro os olhos e vejo Dakota correndo para dentro do banheiro. Me levanto num salto e corro atrás dela.

Quando entro no banheiro, ela está debruçada sobre o vaso, vomitando. Me aproximo, seguro seus cabelos, mesmo com os protestos dela, dizendo para eu sair.

- Sou o pai desses garotos. E sou o seu homem. Eu vou cuidar sempre de você. E dos nossos filhos.

Quando ela acaba de vomitar, dá a descarga e se senta no chão. Pego numa toalha e a molho. Entrego para ela e ela limpa a boca.

- Está melhor?

Ela balança a cabeça. Dou um beijo no topo da sua cabeça e me levanto.

- Vem, vamos tomar um banho.

A ajudo a levantar e a tirar a pouca roupa que temos. Eu gosto de dormir pelado, mas desde que Nell se abriu mais connosco que passou a vir dormir na nossa cama, a meio da noite, não descartamos esses hábitos.

Assim que acabamos de fazer amor, eu visto uns calções de pijama e Dak veste uma camisola de dormir.

Entramos debaixo de chuveiro. Ajudo Dakota a lavar os cabelos e o corpo. Enquanto eu me lavo ela fica olhando para o nada.

Eu não me lembro na gravidez de Nell, dela vomitar tanto. Nem de dormir e comer tanto. Mas, penso que, nem todas as gravidezes são iguais. E não posso reclamar. Amo ver ela a comer bastante.

- Vamos sair, linda. Você está a ficar fria. - falo a abraçando e a puxá-la novamente para debaixo da água, para ela se aquecer um pouco.

Saio primeiro e pego nos nossos roupões. Visto o meu e de seguida o de Dakota, depois de ela desligar e sair do box.

Ela não fala nada. Não sei porquê. Não consigo ler mentes, para saber o que ela está pensando. Mas gostava de conseguir ler. Especialmente, nestas alturas.

Seguimos para o quarto. Ela pega uns jeans e uma blusa e eu uns jeans e uma camisa.

- Acha que está frio lá fora? - ela, finalmente, fala.

- Hum... - olho lá para fora, pela janela do quarto. - Está sol, mas estamos na primavera. O tempo é meio incerto.

- Vou levar um casaco então.

Quando estamos prontos, seguimos para a cozinha. Ela começa a preparar o café da manhã e eu vou até lá fora, pegar o jornal.

Quando estou a entrar, vejo uma garotinha de cabelos loiros todos bagunçados, a sair do quarto. Tenho vontade de rir, mas me contenho. Ela segue para a cozinha e eu a sigo.

- Bom dia. - ouço ela falar.

- Bom... Wow! O que você andou a fazer durante a noite? Andou a mexer com ligações e apanhou um choque elétrico? - Dakota fala, se virando, e vendo a filha daquele estado. Ela está tentando não rir, assim como eu.

- Que engraçada. - revira os olhos. - Cadê o papai?

- Serve este? - falo, me fazendo presente. - Bom dia. - me aproximo dela, dou um beijo na sua cabeça e despenteio mais o seu cabelo. - E eu concordo com a sua mãe. O que você mandou a fazer, para ter o cabelo dessa maneira? - pergunto rindo. Dakota me acompanha.

- Vocês hoje estão muito engraçados. Por acaso comeram palhaços?

A risada aumenta. Nell nos acompanha.

O café da manhã foi bem animado. Momentos como estes, eu não troco por nada.

- Você já preparou alguma roupa para levar? - pergunto.

- Não. Bárbara me empresta. - dá de ombros.

- Estas crianças de hoje em dia... - falo balançando a cabeça.

O nosso momento é interrompido pelo celular de Dakota. Ela pega nele e abre um sorriso.

- Oi mamãe.

Do Ódio ao Amor (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora