Cap XXVII: Uma Farsa Reconhece Outra

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André apreensivo não arredou o pé da porta, esperando pelo momento que que seu irmão pediria por sua ajuda e então pudesse finalmente cumprir a promessa, que fez a si mesmo, de matar o rei caso ele voltasse a machucasse seu irmão. Contudo nada disso aconteceu, da porta do quarto não se ouvia pedidos por socorro ou barulho algum. Começava a ficar preocupado, pretendia até invadir o quarto, porém não foi preciso. Antes que fizesse alguma coisa a porta do quarto se abriu revelando seu irmão e o rei Oris que vinha logo atrás com uma cara de poucos amigos.

-Esse seu irmão é teimoso feito mula e a culpa é toda sua. - disse o rei assim que colocou os olhos em André, o fazendo sorrir orgulhoso de seu irmão - Eu tentei convencer ele a desistir dessa ideia maluca de ir falar com a Júlia mas de nada adiantou. - assim que ouve essas palavra o sorriso de André se desfaz.

-O que? Você não vai falar com aquela mulher, se ela foi capaz de te envenenar o que ela não seria capaz de fazer agora que não precisa mais ficar fingindo? - temendo pela segurança do irmão caminhou rapidamente, ficando a sua frente em uma tentativa de o impedir de cometer uma loucura.

-André, eu sei que se preocupa, fico feliz isso mas assim como disso pro rei Oris, não estou pedindo permissão. Estou dizendo que vou conversar com a Júlia e vocês não podem me negar isso. Eu tenho o direito de entender o porquê disso tudo. - diz Dominic ao irmão, que sem saber o que fazer olhou para o rei Oris, este o olhava como quem diz "Olha só o mostro que você criou!". - Agora, por favor dá pra sair da minha frente que eu preciso passar.

-Mas... - André começa a falar mas logo se cala ao ser interrompido.

-Melhor você nem tentar, não há argumento que vai fazer ele mudar de ideias. Se eu fosse você seguiria o meu exemplo, se não pode vencer melhor se juntar a ele. - diz o rei Oris que já havia perdido a vontade de tentar fazer Dominic mudar de ideia.

-É nessas horas que eu não sei se fico orgulhoso ou furioso. - diz André saindo da frente do irmão, seguiria o conselho de Oris. Conhecia muito bem o irmão, sabia que ele não mudaria de ideias por isso seria melhor estar por perto para o proteger.

Assim, acompanhado pelos dois Alphas, Dominic foi escoltado até ao calabouço onde Júlia estava presa. Ela se encontrava deitada sobre a cama da cela onde ficava preza, ao ouvir o som de passos soube logo que teria visitantes. Com um sorriso sarcástico Júlia os recebeu, embora por dentro estivesse furiosa, pois não só seu plano não tinha dado certo como tinha sido descoberta por um maldito plebeu. Contudo continuava mantendo as aparências, não se deixaria intimidar pela presença dos dois Alphas. Sorriu ainda mais quando Dominic pediu para que abrissem a cela e entrou sozinho, não permitindo que nenhum dos Alphas que o acompanhavam entrassem, sem escolha só lhes restava assistir apreensivos a conversa, através das grades, do lado de fora.

-Vejo que esta se recuperou bem. - diz Júlia com deboche, o que faz os dois Alphas rangerem seus dentes para a híbrida de raposa.

-Não graças a você. -  Dominic rebate com sarcasmo na mesma medida  - Porque se dependesse dos seus "cuidados" - faz aspas com os dedos - eu estaria morto e enterrado uma hora dessas. Eu apenas não consigo entender o porquê disso tudo, não consigo aceitar que todos aqueles momentos que passamos, nossa amizade, seja tudo mentira. - diz Dominic com um pouco de tristeza, Júlia tinha se tornado uma pessoa importante em sua vida, porém, pelo que parece era tudo uma grande mentira.

-Não fica triste, não é nada pessoal, nossa amizade foi tão verdadeira com o fato de você ser o príncipe da Fortaleza De Cristal. - diz Júlia olhando diretamente para Dominic que a encarava da porta de cela.

-Isso quer dizer que você sempre soube que eu não era o príncipe!? - pergunta um pouco surpreso.

-Claro! Uma farsa reconhece outra. Assim que te vi pela primeira vez , devido a semelhança entre vocês, fiquei em dúvida mas assim que abriu a boca tive a confirmação de que você não era quem dizia ser- Então me aproximei de você, queria saber o que os dois pretendiam com aquela farsa, afinal de contas não podia permitir que arruinassem os meus planos. - diz com o mesmo tom de deboche, aquilo estava sendo muito engraçado.

-Se é assim porque não tentou acabar comigo mais cedo? Porque só agora? - pergunta querendo entender o que se passava pela mente de uma pessoa como a que Júlia se revelou ser.

-Quem diz que que eu não tentei? - essa afirmação pegou a todos de surpresa, por esta revelação não estavam a espera - Eu venho tentando acabar com você esse tempo todo, mas você insiste em não querer morrer só para arruinar meus planos e agora tem essa coisa ai dentro de você. - diz com raiva apontando para a barriga de Dominic.

-Não ouse falar assim do meu filhote/sobrinho! - disseram Oris e André ao mesmo tempo, sorte de Júlia que as grades da cela os separava, pois era bem capaz de ser dilacerada pelos dois Alphas que estavam extremamente irritados com tudo que estavam ouvindo.

-Pra que todo esse ódio no coração? - Júlia volta a debocha, dessa vez se levantando para que seu sorriso fosse melhor visto pelos Alphas. - Só porque eu mencionei aquela coisa insignificante? - Júlia mais uma vez sorria mas esse sorriso foi tirado de seu rosto ao receber um soco de Dominic, este foi tão forte que a jogou ao chão. - Maldito! Não satisfeito em arruinar meus planos ainda se sente no direito de me bater? - esbraveja Júlia.

Furiosa se levantando para atacar Dominic, mas este que não é bobo nem nada, habilidosamente se defendeu do ataque usando um punhal que havia pego "emprestado" com o rei quando estavam no quarto. Desde o momento em que entrou na cela suspeitava que em algum momento essa falsa confiança cairia por terra, sem falar que ela não perderia essa chance para acabar com aquele que vinha arruinando seus planos. André, como irmão coruja que é, não pode ficar mais orgulhoso do irmão ao contrario de Oris, que surpreso, não estava entendendo nada, tinha sido todo tão rápido que mal tinha conseguido acompanhar, quando viu Júlia já estava caída no chão com um corte no braço feito por Dominic.

-Será que alguém pode me explicar o que esta acontecendo aqui? E onde raios você arrumou um punhal seu doido? - pergunta o rei furioso.

-Não esta reconhecendo seu próprio punhal vossa majestade? - pergunta Júlia com desdém segurando o braço que sangrava.

-Mas essa é a meu punhal.- diz ao perceber a ausência do punhal que sempre leva consigo, escondido em sua roupa na parte de trás de sua calça. - Quando foi que você pegou isso de mim? - estava espantado com  aquilo, não só o ómega era habilidoso ao se defender com aquele punhal com havia o tirado sem ele perceber.

-Foi naquela hora que a gente se beijou lá no quarto. - diz Dominic sequer se dando conta do que acabou de dizer, estava tão concentrado em Júlia que acabou esquecendo a presença do irmão.

-Então foi por isso que vocês estavam tão quietos naquele maldito quarto? - pergunta André em um ataque de ciúmes. 

-Vá se acalmando que aqui não é lugar nem hora pra ataque de ciúmes. - Dominic repreende o irmão o relembrando com quem eles estavam lidando no momento.




De Repente Príncipe (Romance Gay) [ABO]Onde histórias criam vida. Descubra agora