Panquecas e Rotina

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Ali, com minha boca calmamente sobre a boca da Pequena, lembrei-me que sou uma professora que tem alunos à minha espera. Meu problema era: não sabia quando ia vê-la - ou tê-la - de novo comigo, mas meus alunos estariam lá todos os dias. Quando foi que fiquei tão irresponsável quanto aos meus deveres?

Não queria só sexo, não que fosse ruim, muito pelo contrário, mas eu também queria um pouco da presença dela, essa coisa de saber por onde a pessoa andou e afins. Isso faz com que eu me lembre dela falando que não está disponível para o amor e seus blablablás. Começo a rir contra sua boca.

- O que foi? - pergunta confusa.

- Só estava lembrando de certo café da manhã - digo.

- Hum - arqueia uma sobrancelha. - Preciso dizer que você tem que tirar esse rastreador que pôs em mim - brinca e rimos daquilo, mas até que não seria má ideia.

- Eu tinha que ter um jeito de achar, Garota Sem Nome - pisco pra ela.

- Tenho que tomar cuidado com você. Tá parecendo uma maníaca - finge uma expressão de medo.

- Quê? Só por que meus olhos são de uma coloração estranha? Não é justo.

- Talvez - ela parece se retrair um pouco, ou será impressão minha?

- Você está com fome? - lembro que não comemos nada.

- Um pouco.

- Se você souber cozinhar, nós podemos tomar um café da manhã decente - brinco.

- Ah, então isso tudo foi um plano pra eu cozinhar pra você? - se faz de indignada.

- Que bom que você sabe, então - finjo ignorá-la.

E ficamos trocando provocações até que por fim vamos pra cozinha e ela faz umas panquecas enquanto faço um suco de laranja e preparo umas torradas.

- Hummm, você manda bem - elogio.

- Até que seu suco tá bom.

- Que elogio mais depreciado - reclamo.

- Shiu, não reclame, grande criança.

- Não acredito! - passo a dedo no mel que está na borda do meu prato e o espalho por uma de suas bochechas.

- Você não fez isso - diz descrente.

- Faz bem pra pele, dizem - rio dela.

- Ai, eu não mereço - reclama, sem estar chateada de verdade.

Ficamos nesse clima legal até que ela diz que precisa ir, pouco antes das 11. Peço pra ela me fazer companhia, mas ela nega. E é isso. Antes dela ir, peço que não suma, vai que funciona. Ela só me olha confusa e vai embora, sem ao menos me deixar levá-la em casa.

Depois disso os dias passam normalmente naquela velha - mas nova - rotina que segui semana passada: dar aula, local, casa.

E eis que me chega a sexta-feira. Aquele dia que todo mundo está aliviado, querendo beber umas ou simplesmente descansar. Mas não era esse o plano que tinham pra mim. Porque ao chegar ao local, como de costume, tem alguém me esperando junto do balcão.

Bittersweet Discoveries (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora