Chocolate Quente

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Ela me aperta mais forte. Parece que se me soltar o mundo vai se desprender de seus pés. Já me senti assim. Já precisei disso. Mas eu estive só. Me alivia um pouco que eu esteja aqui para não deixar que ela se sinta assim.

- Ei - chamo com a voz calma e baixa, levanto o queixo dela com o indicador, quero que me olhe -, eu estou aqui.

Ela faz que sim e afunda o rosto no meu peito. Não está mais chorando, mas ainda tem a respiração pesada.

- Minha cabeça tá doendo - reclama meio acanhada.

- Tem uma farmácia a uma rua daqui, vamos lá - digo e puxo-a pela cintura para que fiquemos lado a lado.

POV Camila

Acho que minha cabeça vai explodir, tanto pela dor quanto pelos pensamentos. Não queria que a Lauren escutasse a discussão. Queria muito saber o quanto ela escutou, mas não posso forçar a barra, meu saldo com ela é negativo.

Essa minha explosão foi totalmente fora de hora. Ainda bem que ela não é daquelas pessoas que enche de perguntas. Apenas me protegeu, ao menos foi assim que me senti. Queria poder ter isso sempre. E vou ter. Vou dar um jeito de ter. Vou mudar essas escolhas erradas que fiz.

Ela me traz o remédio e um copo d'água. Sorrio para ela. Não quero ser um peso. Não quero que fique achando que sou uma criança que precisa que segurem a mão o tempo todo - apesar de lá no fundo eu ser um pouco.

- Se sente melhor - está preocupada. Isso, sim, me faz melhor.

- Eu acabei de tomar o remédio, desesperada - brinco.

- Você entendeu - sorri para mim.

- Sim, estou. Obrigada, Lauren. Eu não mereço - dou-lhe um sorriso amarelo.

- Shiiiu - senta no meio-fio comigo e me abraça de lado. - Não diga mais isso, ok? - Faço que sim, sentindo que minha voz pode estar tremula. - Eu estou aqui se você precisar. E é pra qualquer coisa, Camz - sorri de novo ao pronunciar meu nome.

- Camz?

- É, eu gostei - passa a mão pela minha nuca e brinca com meus cabelos. Sabe os tais blablablás? Pois é.

- Laur - ela me olha - me desculpa?

- Tá tudo bem. É serio. Não se preocupe mais com isso - deito minha cabeça na curva do seu pescoço.

- Obrigada - ela move a cabeça e seus lábios encontram minha testa depositando um beijo na mesma.

- Camila...

- Oi?

- Nada, só é bom saber e falar seu nome - sorrio com a simplicidade daquilo. Sei lá. Olho para ela, que me observa.

Nossos olhares se prendem e eu perco o ritmo da respiração. Ela cola nossos lábios e dá um beijo calmo e - merda, puta merda - apaixonado. Sinto minha face esquentar. Estou corando. Há quanto tempo não me acontece isso? Quando nossos lábios se separam volto minha cabeça para onde estava. Qual a lógica de uma pessoa que transa sem nenhum pudor com outra, mas se envergonha em receber um beijo?

- Está esfriando e ficando tarde, acho melhor irmos pra algum lugar - quebra o silêncio.

- É verdade. Pra onde?

- Você é quem sabe.

- Você gosta de chocolate quente?

- Quem não gosta?

- Vai saber né?

- Gosto, sim

- Vamos, vou fazer pra você - depois de decidirmos se vamos pro meu apê ou pra casa dela, finalmente nos colocamos a caminhar rumo ao pub e ao seu carro. Sempre conversando.

Bittersweet Discoveries (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora