Olhos Verdes - pov baixinha

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Cheguei ao pub em que Dinah trabalha. Acho essa cidade muito irônica, cada passo uma surpresa. Eis a surpresa da noite: na entrada do pub tem uma Garota parada, cabisbaixa, desnorteada e tomando um maravilhoso banho de chuva sendo que podia estar abrigada no pub. O que eu faço para ajudar? Nada. Vai que a garota é louca ou tá num momento pessoal. Eu ein, passo direto e entro no pub.

Paro junto ao balcão, procurando Dinah e depois esperando que sua atenção se direcione a mim. Tamborilo os dedos no balcão, já que não sei ficar totalmente quieta.

- Dinah! - Chamo quando ela se vira para minha direção.

- Ei! - Ela abre um sorriso largo. - Finalmente resolveu aparecer! Estou com saudades de você, Chancho - Não me pergunte o porque do apelido, coisas de Dinah.

- Também estou, Cheechee - Como eu disse, sem pergunta-se. É uma coisa nossa.

- Vai beber algo?

- Esse lugar vende Coca-Cola? - Quem vai a um pub e pede algo sem álcool? Eu mesma, pelo menos hoje.

- Vende, Chan. Pubs vendem bebidas em geral - ela me olha irônica, mas com carinho.

- Que bom, daqui uns dias estão vendendo caldos também - rio da sua cara de descrença comigo.

- Tá de mau humor?

- Não, só estou com saudades de te atormentar mesmo - sorrio com sinceridade.

- Eu sei que sou importante - ela se convence e eu reviro os olhos.

- Vá pegar minha Coca, Chee! - Isso faz com que ela saia rindo de mim.

Fico observando o estabelecimento, pela milésima vez. Não é um lugar ruim, na verdade é bem agradável. Está vazio, pois é segunda-feira. Normal.

- Aqui está sua Coca - Dinah faz uma lata de Coca deslizar pelo balcão e sai para atender um cliente.

- Uísque puro e sem gelo - diz uma garota que está molhada. Será o Mulher que vi há pouco?

- Claro - Dinah responde pegando uma garrafa que não reconheço e um daqueles copos em que se toma uísque. - Aqui está - diz colocando o copo com o líquido puro e quente que desaparece nos segundos seguintes de uma vez só.

- Me dê qualquer coisa que tenha vodca - ela pede. Parece abalada.

- É pra já - Dinah mistura alguns líquidos e entrega pra garota que sai sem confiança para uma mesa.

- Essa aí não tá legal ein? - ela faz uma careta.

- Parece que nem um pouco - some de novo e eu começo a observar a tal garota. Menos de cinco minutos depois ela pega um drink com uma garçonete. Depois uma cerveja, ela não parece gostar, mas insiste em bebê-la mesmo assim. Até que se vira para Dinah, já que não vê ninguém por perto, e faz sinal de que quer outra cerveja, mas parece que de outra marca, se não me engano. - Ei - Dinah me assusta -, leva essa cerveja pra garota que você não tira o olho. De nada - ela sai antes que eu possa protestar.

Levo a cerveja até ela, que fica me encarando, mas também não passa despercebido por mim. Quando presto atenção nos seus olhos me perco. Parecem cor de esmeralda, não sei explicar. É um verde diferente, com algum contraste em azul. Seus olhos me lembram de uma promessa que fiz para mim mesma, mas isso não vem ao caso. Seu cabelo molhado escorre pelo rosto, grande, negro e lindo. Suas roupas coladas de tão molhadas mostram que seu corpo não é igual ao da maioria das garotas que vejo atualmente, na verdade ela tem um corpo nem magro nem gordo. E tem cheiro de chuva, quase rio ao pensar nisso.

Ela me oferece uma cerveja, recuso e dou a ele o apelido de Olhos Verdes, então ela insiste para que eu beba algo, fico analisando seu jeito procurando algo subentendido na sua conversa e não encontro, mas deixo a bebida para mais tarde e saio.

Ao chegar novamente ao balcão Dinah me lança um olhar malicioso e me chama para conversar, já que está no seu intervalo. Entramos numa salinha onde os funcionários descansam e conversamos por alguns minutos, até que ela é chamada e eu fico terminando de beber meu suco.

Quando volto para perto do balcão mais uma vez, vejo a Olhos Verdes lá pedindo outro uísque puro. O que será que atormenta esse mulher?

- Por que bebe tanto, Olhos Verdes? - Pergunto curiosa e isso nos leva a um diálogo sobre coragem e ao primeiro beijo da noite. - Então era esse o gosto que queria sentir? - Olho para ela sem esconder a malícia.

- Um deles - ela me beija de novo com mais intensidade e urgência enquanto suas mãos começam a passear pelo meu corpo. Se essa garota não morrer com tanto álcool, a noite vai ser interessante. Uma mordida no meu lábio inferior faz com que eu saia de meus devaneios e olho para ela com uma sobrancelha arqueada como quem desafia a responder a pergunta de modo claro. Ela apenas sorri sem esconder suas intenções.

- E qual é o outro? - Desafio em voz alta. Ela quer brincar, nós iremos brincar. Ela me beija outra vez e sua língua explora toda a minha boca e a temperatura começa a aumentar. Sinto-a me apertando contra seu corpo ainda mais, Isso é meu sinal verde para dessa vez explorar seu corpo com as mãos, cheia de provocações.

- Eu acho que você já entendeu - responde enquanto prende meu lábio inferior entre seus dentes. E aí noto algo que me deixa ainda mais excitada: ainda estamos encostados ao balcão do pub que mesmo não estando lotado tem uma quantidade considerável de pessoas.

- O que eu acho é que você conseguiu a atenção do local - ela me olha pouco incomodada com isso e continua sorrindo maliciosamente para mim.

- Que bom, adoro público - ela passa para meu pescoço e dá mordidas e pequenos chupões. Eu acho que vamos ser expulsos, mas também não dou a mínima. - Traga mais duas doses de tequila e a minha conta, por favor - então me olha como se pedisse confirmação de que já é hora de irmos para um lugar mais reservado. Não digo nada, apenas viro a tequila junto com ela, puxo sua mão depois que ela paga a conta, espero ela recolher suas coisas na mesa e pego as chaves do seu carro, pois bebi muito menos que ela, que já está meio vacilante.

Bittersweet Discoveries (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora