Léo

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Tudo aconteceu de repente demais. Num minuto estávamos nos divertido e no outro ela estava correndo do tio que tanto temia. Corri atrás dos dois e consegui atrasá-lo, mas ele foi mais esperto e acabou me deixando presa do outro lado da rua quando o sinal abriu, depois de levar um soco na boca.

Fiquei quase enlouquecendo do outro lado da calçada. O sinal não fechava nunca, se eu fosse atropelada não havia como ajudar a Camila.

Quando o sinal fechou comecei a correr desesperadamente e entrei na estação de metrô. Por que eu não sei. Sei que o vi correr entre as pessoas e, de relance, vi lacinhos vermelhos. Seria a Camila?

Entrei no meio da multidão também. Sequer me importei em pagar a passagem, apenas fui passando por cima de tudo que me separava da Camila e daquele psicopata. Olhei para todos os lados e nada dela.

Segundos depois, vejo sua cabeça de novo, mas logo ela pula da plataforma e, menos de 30 segundos após isso, ouço o barulho do metrô chegando. Entro em desespero pela milésima vez nos últimos dois minutos e saio correndo na direção da plataforma.

Pov Camila

O barulho aumenta conforme o tempo passa gelatinoso, espesso e rápido. Meu tio olha pra trás e fica imóvel, sem saber o que fazer, parece. Corro em direção ao vão e sinto uma lufada de ar passar por mim quase ao mesmo tempo que ouço um baque surdo, como se uma melancia tivesse sido jogada na parede.

Minha cabeça começa a projetar cenas horríveis. Será que esse barulho é o metrô batendo contra ele?

O metrô para na estação e ouço o barulho da multidão se tornar ainda mais ensurdecedor.

Tento sair dali com muito esforço e medo do metrô voltar a se movimentar ou meu tio aparecer. Vou me espremendo contra a parede até que vejo sangue, muuuuuuuito sangue. Será dele?

Quanto mais perto eu chego maior a poça de sangue fica. Desejo ter outro lugar para onde ir. Começo a perder o controle sobre mim. Cairia de joelhos, se fosse possível.

O metrô volta a se movimentar, agora no sentido contrário ao que veio e mais lentamente. Tudo parece confuso demais.

Pov Lauren

Vejo sangue se espalhando pelos trilhos e meu coração se aperta até ficar do tamanho de um grão de areia, ínfimo. Não pode ser a Camila. Sinto uma enorme vontade de vomitar.

A multidão grita e protesta. O metrô começa a retroceder devagar sobre os trilhos. O sangue vai se espalhando. Meu medo só aumenta.

Depois de uns instantes vejo um corpo feminino tremendo como se estivesse num frio bem abaixo de zero. Agradeço a deus por ser ela. Ela está bem. Está tudo bem. Pulo na plataforma, ignorando quem jaz ali mutilado.

Abraço seu corpo que treme tanto que faz com que o meu também trema. Ela me abraça de volta, mas parece inconsciente do que acontece. Pego-a nos braços e levo até a beira da plataforma, onde duas pessoas içam seu corpo abalado.

Subo rapidamente e vejo que começam a chegar policiais, médicos e afins. Pego a baixinha no colo de novo e a levo para fora, para longe. Ninguém se opõe. Estão todos querendo saber se o homem ainda está vivo.

Pov Camila

Estou andando calmamente por uma estação de metrô bem-iluminada e praticamente vazia. De repente todas as luzes se apagam, as pessoas se jogam contra os trilhos e estes começam a jorrar sangue.

O sangue começa a subir de nível. Corro para a saída, mas lá fora chove sangue e todas as pessoas tem um rosto só. O dele.

Minha pele está banhada pelo líquido vermelho. Em volta dos meus pés se forma uma poça de sangue.

Bittersweet Discoveries (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora