Destilando Veneno

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Morena. Cabelos castanho, na altura do meio das costas. Olhos da meesma cor dos cabelos. Resumindo: 1,60 aproximadamente de insônia e sofrimento – pelo menos do meu ponto de vista. Finjo que não vejo e apenas me sento numa mesa afastada.

POV Lucy

Não acredito que a Lauren me olhou e me ignorou. Ignorou. Simplesmente. Como assim? Não tem problema, se a montanha não vem à Maomé, Maomé vai até a montanha.

– Que surpresa você por aqui – digo já puxando uma cadeira bem ao seu lado. Ela acha que pode simplesmente fingir que eu não existo? Ah, mas ela tá muuuuito errada.

– Corta essa, Lucia – seu tom é impaciente. A Lauren? Impaciente? Vejo mudanças aqui.

– Como você está, Lolo? – Ignoro sua grosseria.

– Estava melhor antes – corta. O QUE QUE ELA TEM?

– E agora está mais do que melhor? Ah – não espero que responda –, claro que está – sorrio.

– O que você quer, ein? – Me olha de um jeito que não sei definir. O que eu quero? Eu não quero, apenas, eu vou conseguir. Custe o que custar.

– Conversar com você, Lolo – ponho a mão sobre a mesa, quase por cima da sua. – Me conte como está sua vida, baby. Você sabe que me preocupo com você.

– Mas eu não estou a fim. Então vá conversar com outra pessoa, Baby – tira a mão e põe no bolso. – E você não se preocupa comigo – faz uma careta.

COMO ELA TÁ IMPOSSIVEL!

– Ah, você está sim – lanço a ela um olhar impaciente e ignoro seu último comentário. – O que você quer beber, Lolo?

– Paciência. Eu quero beber paciência – se irrita. – Quer saber, eu vou pra casa. E que se dane você e essa sua preocupação repentina. Vá procurar outra pessoa pra atormentar, você já estourou sua cota comigo, baby – se levanta e vai em direção à saída. Ah, mas ela não vai sair sozinha. Não mesmo.

– Preciso de uma carona – minto ao alcançá-la. – Sabe como a cidade anda perigosa, né? E eu sou uma dama delicada, não consigo me defender sozinha – jogo. 

– E isso é um problema seu – continua andando depois que desvia de mim.

– Que bom, então eu vou pra sua casa com você – devolvo. Ela simplesmente não pode me tratar assim. – Pelo menos você estará lá pra me proteger.

– MAS QUE DIABOS VOCÊ QUER? QUE MERDA, ME LARGA, MULHER. JÁ NÃO BASTA TODO O ESTRAGO QUE VOCÊ FEZ ANTES? – esbraveja totalmente irritada. – EU NÃO QUERO CUIDAR DE VOCÊ. POR QUE VOCÊ NÃO CHAMA SUA MULHER E ESQUECE QUE EU EXISTO, EIN? POR QUÊ? NÃO TEM MAIS NADA PRA VOCÊ DESTRUIR AQUI, NÃO. DÁ LICENÇA, SAI DA MINHA VIDA.

– Toma uns drinks comigo – faço uma voz de manha –, juro que nem abro a boca se você não quiser falar comigo – prometo.

– Claro, tudo por sua conta – cede toda mal-humorada. – Afinal, você me deve muita coisa depois de ter me sacaneado sem dó – me olha toda rancorosa e amarga.

A Lauren que eu deixei há uns meses atrás não era assim. Cadê a garota calma e morta de amores por mim? Duvido que ela tenha morrido, eu mesma providenciei para que não morresse. Deixei músicas, roupas, costumes e momentos para trás. E ela vai se lembrar disso: que me ama. Ah se vai. Ou ela acha que pode simplesmente me dispensar? Não. Não pode.

Fico observando enquanto ela vira já o terceiro copo de uísque. Uísque puro. Ela também não era disso.

– Até hoje as pessoas perguntam por que merda você me largou – diz de repente. Parece mais fora de si. Deve ser pelos uísques puros em tão pouco tempo. – E adivinha o que eu faço? Fico lá com uma cara de tacho pensando mil motivos, me corroendo, sofrendo que nem vaca no pasto – sinto uma pontada de dor na sua voz.

– Perfeição demais cansa, baby – digo. – Não fique pensando nisso. Apenas tinha que ser – você deve ser melhor como amante, completo na minha cabeça.

– E você queria o quê? Que eu fosse uma vadia com você? Vai se foder, Lucy – parece magoada, isso mostra que a antiga Lauren não está perdida.

– Já consegui o que eu queria. Não se preocupe – e vou conseguir o que eu quero agora, de novo. Aguarde.

E é nesse momento que me vem um plano na cabeça e esse com certeza vai funcionar.

Por que estou atrás da Lauren? Porque eu a amo, oras. Óbvio que eu cansei de ter uma garota o tempo todo me dando atenção e blá. Credo. E foi aí que achei a Vero, que faz o tipo "bad boy". E num certo momento fiquei de saco cheio de ter noiva e amante, isso cansa. Tudo me cansa. Mas eu tô aqui, vim matar a saudade da minha Lauren perfeito.

Minha, sim. Ela não pode simplesmente ficar saindo por aí arriscando pertencer a outra. Será que ainda não entendeu que não é pra me superar? Se não entendeu eu vou ajudar.

– Cara, o quê que custa você me deixar em paz? – pareceu confusa. Coitadinha da minha Lauren. Calma que eu que vou te consolar, baby. Não aquelazinha de outro dia. Ela deve ser a maior vadia idiota, nem deve saber cuidar de você e te prender como eu consigo.

– Baby, você não vai sair com qualquer uma por aí. Não na minha frente – esclareço.

– E o que diabos você tem a ver com isso? – olha pra mim meio indignada meio confusa.

– TUDO. T-U-D-O! Uma vez minha, sempre minha, baby – balança a cabeça negativamente e pede o quinto uísque, nem vi quando ela pediu o quarto. Apenas deixo. E ela vai bebendo até que está tão confuso a ponto de não saber que dia é hoje. Perfeito.

Levanta incerta e parece esquecer o que ia fazer. Sorrio mentalmente. Você continua a mesma Tapada, baby – digo a mim mesma.

– Vamos. Você precisa ir pra casa – pego sua mão, depois de pagar a conta, e nos levo para seu carro. Ela já não faz objeções, está totalmente fora do ar. Ótimo.

Dirijo tranquilamente enquanto Lauren parece perdida em sua vida. Sorrio disso.

– Quer ajuda pra descer? – pergunto ao chegarmos e ela simplesmente nega com a cabeça. – Tá fazendo voto de silêncio? – me divirto e ela parece se chatear, mas continua calada.

Entramos, ligo as luzes e a levo para seu quarto. Passei alguns – muitos – fins de semana nessa casa.

Ajudo-a a tirar sua camiseta, mesmo que ela tenha ficado relutante à minha ajuda. Você é minha, baby – penso.

Deito-a na cama e ela me olha confusa. Sento-me e tiro minha sandália. Ela continua me olhando confusa. Coloco cada perna de um lado do seu corpo, prendendo-a sob mim. E agora, quem manda aqui?

– Não quero... – entende tardiamente minhas intenções.

– Você quer, sim – aviso.

– Não, cara – tenta resistir.

– Vamos ver – passo a mão por seu zíper, desabotoo o único botão e puxo sua calça.

– Não faz isso, porra – tenta resistir, mas sem forças pra poder me tirar de cima dela.

– Faço o que eu quiser, baby. Você é minha. Sempre foi. Sempre vai ser. Você me queria antes, vou te ensinar a querer de novo.

E não sei porquê, mas ela fica quieta e não diz mais nada. Devo ter acertado o alvo bem no ponto letal. Ótimo. Ainda bem que ela entendeu.

Porém me frustro ao ver que mesmo comigo ali em cima dela, ela nem sequer está excitada. Cadê o minha Lolo? Ele vai voltar, nem que eu precise arrastá-la do fim do mundo.

Então começo a usar meus métodos. Ela vai me querer de novo por bem ou por mal. E minha boca pode muito bem me ajudar com isso. 

Bittersweet Discoveries (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora