Vodcas e perguntas

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Esse capitulo na fic original eu surtei tanto, pq a Bruna (dona da fic original) Apenas colocou o nome da Baixinha de Mel, claro que em homenagem a euzinha aqui kkkkkk sabendo que ela esta lendo essa adaptação fica aqui o meu agradecimento.... Bê obrigada por ter colocado o nome dela de Mel eu amei a homenagem <3 Segue normal, vamos ler.... 

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Passo pelo beco que fica ao lado do local, mas paro ao escutar uma discussão em vozes familiares.

– Você deveria ir em frente, Mila! – grita Dinah.

– Eu não posso, Dinah – a outra grita de volta. – Você sabe muito bem que a minha vida não permite.

– Você não pode continuar nisso pra sempre! – esbraveja Dinah.

– E não vou. Só não sei como sair – a outra responde já com a voz mais baixa.

– Pelo amor de deus, Mila. Olha pra ela, olha o jeito que ela te trata, como ela te procura oito dias por semana, como ela parece gostar de você – ela quem? Engulo em seco, não deveria estar escutando a discussão, mas também não consigo sair dali. Não agora.

– A Lauren merece algo melhor do que eu posso oferecer agora, Dinah – parece que levo um soco no estômago. O ar parece fugir dos meus pulmões. Sinto a melancolia na sua voz e quase corro de encontro a ela, mas estou muito confusa e surpresa pra isso.

– Então passe a ser o algo melhor que ela merece – aconselha. – Você também merece. Que porra, faz alguma coisa certa, porque nos últimos anos você só tem feito coisas que vão te deixar mal mais cedo ou mais tarde. Tem um futuro depois disso, Camila. Você não pode se esquecer dessa parte.

– Você acha que eu não pensei nisso? Eu penso nisso todos os dias. No depois. Que eu preciso encontrar outra saída pra essa situação. Que tá acabando com meu presente e com meu futuro. Que eu tô cansada, Dinah – a tristeza dela começa a me rasgar por dentro.

– Lembre-se disso quando você estiver lá. Não adianta lembrar só quando você estiver só. Você precisa de ajuda? Eu te ajudo, você sabe! Sabe que pode ir morar comigo, que eu posso segurar a barra um tempo. Você tem que tentar sair disso.

– Eu tô tentando – diz num sussurro quase inaudível e ininteligível.

– Pois tente mais! Você não pode viver essa vida pra sempre. Tem um futuro depois disso, Camila. Você não pode se esquecer dessa parte. Não é essa a história que você que contar pros seus filhos. Ou é? – A Dinah já está mais calma.

Não consigo encaixar as peças. Que vida? Por que ela não pode ficar comigo? Não posso ajudá-la? Por que ela não conversa comigo?

Quando noto já não escuto mais nenhuma das duas, pois saí rumo à entrada do local. Eu quero mesmo ver a Baixinha agora?

Camila. Esse é seu nome. Tão fácil. Tão dócil – literalmente.

Passo a mão no meu rosto, tentando me acalmar. Deixo ela saber ou não? Adentro o local e me encaminho para o balcão. Tudo parece em ordem aqui dentro. Nada de Lucy, nada de Baixinha, nada de Dinah. E essa ausência da pequena faz com que eu fique mais nervosa ainda. Peço uma vodca ao barman. Quando pego a dose fico segurando o copo e olhando o líquido incolor, como se ele fosse me dar as respostas que procuro.

– Uma dose por seus pensamentos – propõe a voz da Baixinha. Não a vi chegar. Faço o líquido deslizar garganta abaixo e olho para ela, finalmente.

– Oi – digo num tom neutro, quase indiferente. Mas não consigo ser indiferente com ela.

– Você não parece bem – afirma. Sinto vontade de outra dose e ergo o copo quando o barman se vira para mim. Apenas olho para ela e abaixo a cabeça de novo.

Não consigo dar passagem às palavras, elas estão todas confusas na minha cabeça. Não sei se digo “e aí quando você ia me dizer seu nome é Camila?”, “não estou bem mesmo”, “hoje é dia de saber seu nome?” ou qualquer coisa assim. Não sei nem se quero mesmo falar. Preciso de um tempo.

Viro a segunda dose e faço sinal com a cabeça de que vou ao banheiro. Ela só balança a cabeça positivamente. Caminho até o banheiro e o tempo parece estar passando em câmera lenta. Lembro-me dela falando que isso não teria importância. Mas tem. Como não ter?

Depois de passar uma água no rosto volto ao bar e me sento ao lado dela de novo.

– Quer conversar, Lauren? – ela parece realmente preocupada.

– Descobri seu nome – digo duma vez só, sem perceber. Ela fica me olhando confusa, como se eu tivesse começado a falar em outra língua duma hora para a outra. – É sério, Camila – e o nome Camila nunca soou tão amargo na minha boca. Faço sinal pro barman trazer outra vodca.

– Como? – é tudo que ela diz. Como o quê? Como eu sei? Como é muito vago.

– Ouvi um pedaço da sua discussão com a Dinah – ela me olha totalmente assustada agora. – Não foi proposital. É que deixei o carro mais embaixo e vim andando – explico.

– Quanto você ouviu?

– Não muito. Basicamente isso – não quero dizer que ela disse que não me merece. Ela tem que me falar se tiver um problema.

– Por isso que você tá chateada? Eu... eu não queria que você soubesse assim – parece um pouco triste, como se eu tivesse descoberto um segredo horrível –, queria te contar – olho irônica para ela, não consigo conter. – Sério, Lauren. Apesar de ter negado isso. Eu... Eu não achei que fôssemos longe.

E nós não fomos, poxa vida! Nos encontramos por acaso algumas vezes. Duas? Três? Isso não é ir longe. As coisas não foram longe. E ela parece querer impedir de irem.

– Tudo bem – ela me olha descrente. – Vai ficar tudo bem.

– A gente pode dar um volta? – Pede, ainda um pouco confusa e triste. – Sabe, caminhar um pouco – assinto e pago a conta em seguida.

O tempo continua passando devagar. Como que o nome de uma pessoa pode me afetar tanto. Não só o nome, pra falar a verdade. Estou mais atingida pelas afirmações dela e por não saber que vida é essa que ela leva. Queria poder ajudar. Queria que ela me pedisse ajuda.

– Se você precisar de alguma coisa pode pedir pra mim – olho para ela.

– Por que está dizendo isso? – está desconfiada.

– Porque talvez você não saiba. Mas quero ter certeza de que você esteja consciente disso – omito o restante.

– Hum... Obrigada – para e passa as mãos pelos braços desnudos.

– Está com frio?

– Um pouco – me aproximo dela e passo um braço por sua cintura colando nossos corpos de lado.

Continuamos andando, agora em silêncio. Parece que cada um nós está perdido num universo diferente. Imersos em solidão, mesmo acompanhados.

De repente, ela para se vira de frente pra mim, totalmente distante e perdida, passa os braços em volta da minha cintura num abraço apertado. Fico sem reação, mas logo passo a retribuir seu abraço. E ela chora. Chora como uma criança, até soluçar.

Bittersweet Discoveries (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora