Sinto-me sufocada. Alguém está com braços e pernas em volta de mim. Preciso respirar. A luz do sol invade a janela e isso parece me sufocar ainda mais, então abro os olhos e desejo não tê-lo feito. Pisco forte repetidas vezes, mas o que vejo não se altera. Estou realmente acordada.
- O que você tá fazendo na minha cama? - esbravejo e Lucy acorda assustada, como se eu estivesse louca. Veja bem, eu e não ela.
- Bom dia pra você também - diz.
- Bom dia é o caralho - me estresso de verdade agora. - O que você está fazendo na minha cama? - repito.
- Dormindo, ué - sua voz soa como se isso fosse uma verdade universal e eu fosse uma retardada.
- Isso eu já percebi - levanto. - Quero saber o POR QUÊ? - perco o controle sobre o volume da minha voz.
- Brincadeiras logo de manhã? Para com isso - porque ela está tão calma? - Deita aqui, baby. Está tudo bem. Vamos dormir mais um pouco. Mais tarde tenho que ir embora - e até parece que somos...
- Nós não somos amantes! Levanta daí! Agora! O que você fez comigo hein Lucia? - começo a perder o controle de todo o resto.
- Não fiz muita coisa, baby. Depois você tomou o controle da situação - faz biquinho.
Cara, eu vou perder a cabeça. Vou pirar. O que essa mulher tá fazendo aqui? Que dor de cabeça é essa que eu só vim perceber agora? O que ela quis dizer com essas últimas frases?
- Lucia - paro, respiro lenta e profundamente. - Escuta: eu não sou um brinquedinho pra você jogar num canto e depois vir querer montar e desmontar de novo!
- Não foi o que pareceu ontem à noite - provoca. Que vadia.
Sim, estou totalmente estressada e essa mulher é uma vagabunda.
- O que você fez ontem à noite? - grito para ela.
E começo a me lembrar: eu querendo ir embora, ela pagando uísque pra mim, me trazendo pra casa, em cima de mim, tirando minha calça, aproximando sua boca de modo perigoso e depois... nada. Não lembro de depois. Que inferno.
- Conversei com você. Te mostrei como você fica bem como minha amante. E confesso que você gostou, baby.
Que mulher dissimulada. Passo as mãos pelo rosto. Começo a não ter noção de espaço. Parece que meu quarto se fecha contra mim.
Não pode ser. Não com ela. Eu preciso lembrar do resto. Preciso. Agora. Pra ontem.
- SAI DAQUI! - grito.
- Para com isso, Lauren - se faz de magoada.
- Sai daqui, sua vagabunda. Por que você fez isso? O mundo não gira em torno de você. Não sou nada sua. Não mereço isso que você me fez passar. Nem isso de ontem, nem desses meses todos. Sai daqui! Larga de ser infantil. Corre de volta pra tua namoradinha idiota. Me deixa em paz. Não é assim que as coisas funcionam. Se você acha que pode só voltar, estralar os dedos e me ter de volta, saiba que esse tempo já passou! Sai daqui, Lucy! Levanta! Se não eu vou te jogar no meio da rua, vagabunda.
Perco o controle. Não consigo pensar direito. Só quero que essa imbecil saia da minha frente. Nunca perdi o controle assim, não sei o que pode acontecer.
- Tudo bem, você ainda está magoada - finge que a situação é calma e civilizada. - Podemos tentar depois.
- NÃO. PODEMOS. TENTAR. NUNCA. MAIS - grito mais alto que das outras vezes e ela se assusta. Recolho suas roupas no chão e a puxo pelo braço enquanto vou chutando suas sandálias. Passamos pela porta de entrada e caminhamos até o portão, que abro e trato de colocá-la do lado de fora.
- Lauren, seja racio... - começa.
- Seja racional você! Não me ligue, não me procure, não pense em mim. Se você me aparecer de novo eu nem sei o que eu posso fazer! Não ache que vou ser a garota bacana e passiva que sempre fui. Não agora. Trate de sumir, sua vagabunda - bato o portão e o tranco. Passo pela porta como um furacão e vou direto para o banheiro.
Não acredito nisso. Não acredito. Não dá.
Abro o registro do chuveiro e me enfio debaixo da água esfregando-me como se tivesse impregnado de alguma substância fatal.
Que vagabunda.
Olho para a parede do lado oposto à pia e lembro da baixinha. Respiro fundo, pensando em como tudo é uma merda.
-
A TV não tem um programa decente. A internet está um tédio. O rádio - sim, o rádio - só tem música ruim. O dia só tem horas imprestáveis e vazias. E eu ainda estou puta. Puta é pouco. Que falta eu sinto de ser uma garota calma e sem stress.
Pra completar, meu celular estava lotado de ligações e mensagens estúpidas da Lucia. Preciso trocar de número, concluí.
E é aí, depois das onze da noite - talvez depois de meia noite -, que eu tenho uma ideia estilo ideia de bêbada. O único detalhe é: eu estou sóbria - pelo menos no quesito álcool.
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Bittersweet Discoveries (Camren)
RandomEssa fic é uma adaptação, a original é de uma amiga minha, mas como amigos são lindos ela me deixou adaptar... Enfim, Sem mais delongas né. Tem dia mais preguiçoso que segunda-feira? E uma segunda-feira cheia de lembranças de um passado que você de...