seis

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DOIS ANOS ANTES

Eu fecho meus olhos enquanto o escuto gritar diversos xingamentos em minha direção

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Eu fecho meus olhos enquanto o escuto gritar diversos xingamentos em minha direção. 

Chase Stanford é meu namorado. Nós namoramos há quase um ano e brigas assim se tornaram constantes. Eu não sei em que momento Chase se tornou essa pessoa ciumenta e violenta, eu só sei que eu tinha medo. Toda vez que ele levantava a voz ou avançava em minha direção eu tinha medo. 

— Você é uma desgraçada, Cora, é isso que você é. — seus olhos verdes estão vermelhos devido a raiva e ao baseado que ele fumava frequentemente. — Eu falei pra você que eu não gosto quando você conversa com Nate. 

Nate é meu melhor amigo, ou melhor, meu ex melhor amigo. Meu namorado não gostava dele e eu acabei me afastado por isso. Hoje Nate estava fazendo aniversário e eu apenas fui lhe dar um abraço, mas Chase acabou vendo tudo e agora estava gritando aos sete mundos como eu era uma pessoa terrível. 

— Chase, eu não fiz nada demais. — falo. 

Eu tento argumentar. Dizer que eu não fiz nada, porque de fato eu não fiz. Mas ele não me escuta, muito pelo contrário. Chase caminha até mim e suas mãos apertam meus braços com força e eu sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Às vezes eu não queria acreditar que a pessoa que eu amava se tornou esse monstro. Ele não era assim. Ele era carinhoso, gentil, me fazia me sentir especial. 

— Eu não sei o que eu tenho na cabeça pra me relacionar com alguém como você. — ele me olha com nojo e eu sinto meu peito doer. — Você não vale nada, Cora. 

Suas palavras são amargas e me afetam de uma maneira sem igual. Eu já estava acostumada a ouvir aquele tipo de coisa, na toda a vez que elas saiam de seus lábios eram como se lanças fossem cravadas em meu peito. 

Era sempre assim. Ele sempre me xingava com os mais diversos palavreados e eu tentava reverter a situação.

— Ele é meu amigo, Chase. Nós não estávamos fazendo nada demais. Você é louco. — tento empurrar ele para longe, mas é em vão. 

— Você que me deixa assim. — exclama. 

— Então porque você não me deixa? — perco a paciência e grito em sua cara. — Hein, Chase? Por que você não me deixa? 

Ele olha para mim como se eu fosse louca. Acontece, que no fundo eu era louca mesmo. Louca por me relacionar com um babaca como ele. No final, eu acabei me tornando tão louca quando Chase era. Eu me tornei um espelho dele. Se ele gritava, eu gritava também. Se ele xingava, eu o xingava da mesma forma. 

— Você está louca? — a pressão no meu braço aumenta e eu encaro seus olhos, fingindo que não estava morrendo de dor. — Quem você acha que é para falar comigo assim?

— Quem eu acho que eu sou? Eu sou a porra da sua namorada, seu idiota. Você não pode me tratar assim. — o empurro.

— Eu estou falando a verdade. Você acha que qualquer um vai querer se relacionar com alguém como você? Você tem sorte de ter a mim, Cora, porque se não fosse eu você estaria completamente sozinha.

Eu sinto ódio. Meus olhos enchem de lágrimas enquanto eu olho para o garoto parado em minha frente. Suas palavras ficam em minha cabeça e eu sinto que eu vou enlouquecer, porque ele fala de uma maneira como se eu estivesse completamente errada e eu chego a acreditar nisso. Mas nesse caso eu não acho que eu esteja errada, eu não consigo ver onde eu errei.

Eu estou farta disso tudo. Estou cansada de você falar comigo dessa maneira. — falo.

— O que você quer dizer? 

— Que eu não quero mais. Eu não quero mais servir como seu saco de pancadas, não quero. Eu estou terminando tudo entre nós. 

Eu sabia que aquilo era o melhor a se fazer. Ele não me fazia bem. Nós não fazíamos bem um para o outro. 

— Cora… — se aproxima devagar e eu ando para trás. 

— Não. Não chega perto de mim. — caminho até sua cama e pego minha mochila. Nós tínhamos vindo direto da escola para sua casa. Ele insistiu que nós tínhamos que conversar e praticamente me arrastou para dentro de seu carro.

— Meu amor, eu não queria te magoar… eu falei sem pensar, Cora, me perdoa. — sinto suas mãos em minha cintura e fecho meus olhos. Eu o amava. Meu Deus como eu o amava. 

— Chase não dificulta as coisas, por favor. — peço. 

— Amor, olha para mim. — me vira para ele e abro meus olhos, vendo os seus lacrimejarem. — Não me deixa, Cora, por favor. Eu amo você. Eu amo muito você. 

— Então porque você me machuca dessa forma? — pergunto. 

— Eu não sei. Eu prometo que eu vou mudar, eu prometo. Eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo, porque você merece, amor. Mas não me deixa, princesa. Eu não consigo viver sem você. — suas mãos foram até meu pescoço e, eu como sempre, me vi paralisada demais para reagir. — Você é tudo o que eu tenho, princesa, tudo. Por favor, me perdoa, eu nunca mais vou falar assim com você. — ele me abraçou e eu me senti bem nos braços de um predador. Eu me senti uma presa, completamente indefesa. Como se eu não pudesse fazer nada

Mas então, a minha consciência volta e eu aperto a alça da mochila. 

— Não. 

Dito isso, eu me viro e saio de sua casa o mais rápido possível. Caminho o mais rápido o possível para longe dele e de toda a dor que ele me causava.

Mas tudo isso foi em vão, porque no dia seguinte quando ele apareceu com flores e um lindo pedido de desculpas, eu me vi em seus braços novamente. 

Quando seus lábios tocaram os meus. Quando ele tocou cada parte do meu corpo. Quando ele sussurra diversas vezes o quanto me amava enquanto deslizava para dentro de mim, eu quis acreditar que nós podíamos ser feliz juntos. 

Mas aquilo não seria possível. Nós não fazíamos bem um para o outro e todos sabiam. 

Mas eu ainda era cega para ver a completa destruição que Cora Thompson e Chase Stanford eram juntos.

Perfect Disaster - PAUSADO Onde histórias criam vida. Descubra agora