Diário de um platinado

Início

Mesmo naquela época, não era difícil saber que Sugawara Koushi gostava de passar o intervalo sentando em um banco específico perto da quadra de vôlei, até seus senpais, que mal interagia, sabiam onde encontrá-lo.

Naquela manhã em especial, o de cabelos prateados não se encontrava em seu local favorito, causando certo desconforto para um moreno que o procurava. Moreno este que Koushi conhecia bem, afinal já conviviam à alguns meses, juntos. Ambos primeiranistas, ambos do time de vôlei.

Sugawara estava no terraço, quase ninguém aparecia por lá e como seu lugar havia sido ocupado por um casal do segundo ano, optou por um lugar mais calmo, tendo em vista que o local em que estava possuía uma calmaria aterrorizantemente grande. Talvez voltasse para lá mais vezes.

E então o moreno apareceu abrindo a porta de acesso com força. Estava ofegante, havia posto as mãos no joelho e respirava com dificuldade, seu rosto em um tom avermelhado revelava seu cansaço, sem contar que segurava um embrulho em suas mãos. Sugawara Koushi o olhou duvidoso, se perguntava o que havia acontecido para o moreno estar tão desesperado, até que ele levantou o rosto com um sorriso de orelha a orelha, olhando diretamente para Koushi um pouco sofrido.

- Daichi? O que houve? - perguntou preocupado.

O moreno de pele bronzeada tentou o máximo possível controlar sua respiração e aproximou-se de onde Sugawara estava.

- Finalmente te encontrei! - exclamou.

- Ué...

Koushi estava confuso, até que olhou novamente para o embrulho que estava nas mãos de Sawamura Daichi e depois para seus olhos, em específico, arqueando as sobrancelhas. O moreno corou com seu olhar e entregou o embrulho para Sugawara que pegou com um pouco de receio.

- Pode abrir. - incentivou Daichi, ainda constrangido e Koushi o fez.

Era um caderno, ou melhor, um diário. Um diário preto não muito pequeno, possuía uma pequena chave e uma caneta de ponta fina, um charme, podendo assim dizer. O prateado olhou o objeto maravilhado, intervalo a atenção entre o caderno é os olhos do moreno.

- Eu estava voltando para casa ontem e acabei vendo este diário em uma vitrine qualquer, então, por algum motivo, me veio você na mente e comprei. - sorriu vendo o olhar perplexo e as bochechas rosadas do rapaz - Por favor, eu sei que parece estranho, mas eu ficaria muito feliz de aceitasse. - Daichi tinha certeza que sua cabeça explodiria de tanta vergonha.

Sugawara começou a rir, certo que também estava envergonhado, entretanto a falta de vergonha que tinha na cara era muita.

- Está brincando? - perguntou e Sawamur a ficou confuso - Claro que irei aceitar! Eu seria um baita de um retardado se recusasse. - o sorriso de Koushi tinha na face era tão radiante que contagiou até mesmo o moreno em meio a sua vergonha.

Em um impulso, Sugawara o abraçou e surpreendeu-se ao ser correspondido.

- Obrigado, Daichi. - agradeceu apertando mais o abraço e o desfez - Isso significa muito para mim. - deu um sorriso sem dentes e seus olhos encontraram os de Sawamura que também sorria e então se afastaram.

- Você vai me mostrar o que vai escrever nele, certo? - perguntou curioso.

- Hm... - Koushi fez uma cara pensativa e inocente enquanto olhava para cima, depois lançou um sorriso travesso para o moreno - Vou pensar sobre isso.

- Ah, não, Suga! - exclamou Sawamura um tanto dramático - Vou ficar te perturbando. - ameaçou.

- Veremos.

E então riram, riram como se não houvesse amanhã. Sugawara percebeu o quanto esses momentos eram bons e reconfortantes quando estava na presença de Sawamura, não que ele nunca houvesse notado, mas naquele dia foi uma sensação diferente.

Continuaram a conversa ali mesmo no terraço, mas não demorou para que o sinal tocasse, por Sugawara, passaria o dia inteiro conversando com o moreno e concluiu que seriam fazer isto em algum momento.

Depois de receber seu precioso caderno, Koushi nunca mais viu Daichi com os mesmos olhos de antes.