Helena Hilston
Meu corpo começou a sentir leves impulsos elétricos, eles foram se intensificando até ficarem insuportáveis, abri meus olhos me contorcendo de dor, as coisas estavam turvas ao meu redor mas consegui identificar Dean à minha frente, pedindo instintivamente para que parassem de me torturar.
- Que bom que acordou - Ouvi a voz de Alex enquanto desfrutava do alívio daquela arma de choque estar fora do meu corpo.
Olhei ao redor e estava amarrada numa cadeira dentro de uma sala de concreto puro e uma porta reforçada atrás de mim.
- Seus métodos de despertar as pessoas são ótimos, faz isso com a sua mãe também? - Comentei com uma leve raiva e sarcasmo que não sei de onde vieram.
- Olha só... - Ele gargalhou - Parece que nós temos uma Winchester 2.0 aqui. Audaciosa e sarcástica, assim como seu amigo, ou como Amber me passou, seu "melhor amigo".
- O que vai fazer com a gente? - Dean cortou a cena de Alex.
- Muita coisa, na verdade, sua garota tem quinze minutos pra chegar até aqui então acho que posso me divertir um pouco.
- Alexander, o que diabos Amber te disse pra você estar do lado dela? - Perguntei, ainda me recuperando de algumas dores.
Ele se virou pra pegar um objeto, que eu não identifiquei, de cima de uma mesa de aço.
- Eu vou resumir a história desde o começo: no dia que eu encontrei vocês naquele restaurante aqui em Los Angeles, sem a presença de Jane, eu já desconfiei que nada bom tinha acontecido. Já vi o que os Winchesters são capazes de fazer, eles colocaram a Hardwell em perigo e ela havia sumido... Então eu resolvi seguir os passos de vocês, virei o que vocês chamam hoje de "completo maníaco", e tudo por uma única razão que era manter Jane em segurança. - Ele respirou fundo e deixou a mostra o que havia pego da mesa, era um bisturi - Mas eu falhei, e descobri isso assim que Amber me contou sobre a gravidez. Quem diria que Jane estaria carregando um pequeno demônio dentro dela e eu não fiz nada pra impedir.
Dean tentou se mover da cadeira onde estava assim que ouviu falar do bebê. Seus olhos expressavam tamanho ódio de cada parte de Alex.
- Aquele bebê não é um pequeno demônio - eu falei com calma - Ele não vai fazer mal nenhum à Jane.
Alex segurou o bisturi com mais força e me olhou com determinação.
- Cale a boca, você não sabe do que está falando.
- Não!!! - Dean gritou mas já era tarde.
Alex se aproximou e provocou um corte profundo do meu ombro até quase o meio do meu peito, meu grito de dor foi longo e talvez até tivesse passado por aquelas paredes grossas, mas pela determinação de Alexander, isso não seria nem o começo e aquelas cordas nos prendendo na cadeira foram feitas para não escaparamos, então, a única coisa a se fazer é esperar e aguentar até que o resto do pessoal pense bem em como tirar a gente daqui.
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Jane Hardwell
Chegamos no endereço indicado, era um prédio cinza, com janelas de vidro fosco, mais ou menos três andares sem contar com o térreo. Aquele lugar parecia mais um dejavú.
- Cass, sente os sigilos? - Eu perguntei em tom de confirmação e o anjo concordou.
- Começou a sentir sigilos também? - Sam questionou.
- Quando Adriel me treinou, eu consegui controlar meus poderes e o resto das sensações vieram no pacote. Poderia estar sobre os efeitos do feitiço mas a experiência foi real. - logo em seguida já estávamos todos fora do carro, alugado no local que Helena disse que deveríamos alugar.
- Eu devo entrar sozinha e destruir os sigilos, Cass vai saber quando todos estiverem sumido.
- Não, você está grávida, Dean não iria me perdoar se você fosse sozinha. - Sam se pôs novamente.
- Estou grávida, não morta, dou conta da minha mãe e de alguns dos seus serventes. Mas se não quer deixar seu irmão com raiva, pode vir comigo Sam. - Eu dei de ombros e Sam respirou fundo pegando sua arma e indo logo atrás de mim para dentro do prédio.
O interior era frio, sem nenhum detalhe, na verdade a elegância de vidros foscos e cinza era apenas por fora mesmo, pode dentro era pura rígidez. Olhei mais ao redor e descobri o porquê do prédio ter sido abandonado à ver navio, acabei por abrir um sorriso de escárnio e balançar a cabeça.
- Esse prédio era para tratamento psiquiátrico dos presidiários de Los Angeles. - comentei.
- Como você sabe? - Sam continuou olhando para todos os cantos.
- Porque eu desenhei ele. - Parei bem no centro do térreo e olhei para aquele lugar.
Eu havia planejado tudo, era um novo passo na minha carreira, perdi a conta de quantas madrugadas passei planejando o quão boa ideia seria tratar e estudar a mente de alguns dos criminosos mais perigosos de Los Angeles, talvez do mundo. Tinha uma lista de melhores psiquiatras da cidade, os seus métodos e ideologias, cada mínimo detalhe para um projeto que, se desse certo, iria alavancar a minha vida e seria um novo começo pra mim. Mas não bastasse isso, eu precisava ser um tipo de aluna pedindo aprovação para o seu professor, o concelho de direito da cidade pediu o meu projeto, todas as plantas de um possível prédio, de um sonho alcançável e depois de uma semana de espera, o meu sonho foi por água abaixo com um "não" rabugento da presidente do conselho de direito, com o argumento de que isso colocaria em risco a vida dos profissionais da medicina e a segurança da população.
Eu chorei tanto naquele dia, até quase a madrugada toda, que o segundo dia de trabalho eu parecia mais um zumbie do que gente e ainda sobrou pra mim fechar a delegacia, sair praticamente cambaleando do prédio e entrando no carro, só pra depois parar em frente à uma lanchonete, esquecer a bolsa no carro, voltar e ser atropelada pelos dois caçadores mais famosos do mundo sobrenatural... Tudo aconteceu tão rápido, eu não fazia ideia.
- Parece que pro concelho foi fácil roubar o meu projeto - A frase saiu sem que eu notasse.
- Não foi o concelho, meu amor. - A voz suave mas venenosa veio de trás de mim. - Fui eu.
Olhei para a minha mãe sem nenhum pingo de sentimentalismo, apenas surpresa pela última parte da frase.
- Como assim você? - A encarei e Sam olhava para nós duas tentando entender qual era o assunto.
- Infelizmente não pude terminar de arcar com o projeto por causa do risco que você corria nas mãos dos Winchesters, mas filha, a ideia tinha potencial.
- Eu não corria perigo com os Winchesters, muito pelo contrário, eu me sinto segura perto deles mais do que nunca me senti perto de você.
Vi minha mãe respirar fundo tentando conter o ódio.
- Tenho uma surpresa pra você, filha. - Ela olhou para o lado e de repente uma mulher surgiu das sombras, ao mesmo tempo que a sensação dos sigilos desapareceram e Cass se fez presente conosco. A mulher se mostrou à luz e posso dizer, convicta.
Que por essa eu não esperava.
- Rachel? - Sam abaixou a arma e a olhou assustado.
Eu não conseguia pronunciar nada, e se conseguisse seria apenas um "O que aconteceu com você?"
- Por que a mãe de Adriel é aliada da sua mãe? - Castiel perguntou-me
- Eu estou mais perdida do que você. - Comentei.
Rachel sorriu e cruzou os braços.
- É simples - disse ela - Vocês estavam do lado errado o tempo todo.
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Mundo Obscuro // Supernatural
أدب الهواةJane Hardwell, a mulher que acha que já tem a vida feita, uma casa e um bom emprego. Mas pensa que acabou por ai? Jane não contava com um acidente de carro e duas pessoas essenciais que iriam entrar na sua vida, e de repente, transforma-la em um fil...