Capítulo Dezesseis

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Luiz Collins:

— Luiz, podemos conversar? — ouvi Élio me chamar.

Olhei para ele e sua expressão de confusão fez algo dentro de mim se sentir machucado.

— Claro — falei, tentando manter a calma. Mas o segui para fora da cozinha em silêncio.

Estranhei por completo essa atitude dele, era como se ele estivesse vendo a pior coisa que se podia imaginar ou ser quer pensar que era possível existir.

— Élio, pode falar de uma vez. Tenho coisas para... — comecei, mas ele me cortou secamente.

— Então você é filho da Rafaela e Gabriel Collins — Élio disse, como se estivesse falando mais para si mesmo do que para mim. Isso me deixou um pouco confuso. — Não pode ser...

Ele parou de falar e mordeu os próprios lábios com força. Notei que suas mãos tremiam intensamente, fechando-se com tanta força que as pontas dos dedos ficaram brancas.

— Como conhece as víboras dos "meus pais"? — perguntei, curioso, e dessa vez foi ele quem me olhou confuso. — Não fique assim. Eu odeio aqueles dois mais que tudo no mundo. O sentimento que eles têm em relação a mim é o mesmo.

Élio me olhou por alguns segundos, absorvendo minhas palavras. Sua expressão suavizou um pouco, mas ainda havia uma sombra de desconforto em seus olhos.

— Eu conheci seus pais muitos anos atrás — ele começou, com a voz tensa. — E, para ser honesto, minha experiência com eles não foi das melhores. Fiquei surpreso ao ouvir seu sobrenome e... reagi mal.

— Eu entendo — respondi, tentando ser compreensivo. — Minha relação com eles foi péssima, para dizer o mínimo. Mas isso é passado. Estou aqui para construir algo novo, algo bom para minha filha.

— Isso é algo que admiro — Élio disse, parecendo mais calmo. — E peço desculpas pela minha reação inicial. Foi uma surpresa.

— Sem problemas — falei, tentando aliviar a tensão. — Vamos focar no presente e no futuro. Estamos todos aqui para fazer o melhor.

Élio assentiu, e por um momento, pareceu que uma ponte de entendimento havia sido construída entre nós, apesar do passado complicado que compartilhávamos indiretamente.

— Sinto muito por isso — Élio disse. — Pais nunca devem odiar seus filhos ou causar mal a eles.

— Meus pais não sabem disso — respondi, sentindo a raiva borbulhar. — Durante anos, me diminuíram ou me batiam. Era mais Rafaela que fazia isso. O corno manso só ficava vendo de longe até que um dia ela o fez me bater com um bastão de ferro. Me deu uma cicatriz nas costas. Tanto eu quanto a Sam sobrevivemos a esse ocorrido.

A expressão de Élio se tornou desolada.

— Esse não é o Gabriel que conheci vinte e cinco anos atrás — Élio murmurou, mas consegui ouvir.

— Senhor, novamente, como conheceu aqueles dois? — perguntei, agora ainda mais curioso.

Élio suspirou e passou a mão pelos cabelos, claramente nervoso.

— Isso foi quando eu era jovem e resolvi vir para a cidade onde cursaria a faculdade. Estudávamos no mesmo campus universitário, mas nunca o tinha visto. Na semana depois das provas e no início das férias de primavera, alguns colegas fizeram uma festa e resolvi ir. Foi quando o conheci. Meus amigos nos apresentaram e, quando o olhei, achei-o um homem gostoso e completamente sexy — Élio disse, olhando para mim com um pouco de arrependimento por essa última parte.

— Não me choca ouvir isso. Posso dizer que você não é a primeira pessoa a dizer isso do meu pai enquanto eu crescia — falei, estremecendo, fazendo com que ele soltasse uma risada sincera. — Pode continuar.

Reencontrando o Amor (Mpreg) | Livro 2.5 - Amores perdidos e encontrados Onde histórias criam vida. Descubra agora