Eu sai do banheiro alguns minutos depois, ciente de que após lavar bem o rosto, repetir várias vezes que eu tinha controle da minha mente, o tal cara já teria sumido, porque alucinações acontecem, mas elas não são eternas.
Porém, quando abri a bendita porta, lá estava ele fuçando no meu mural, remexendo nos meus post it's, ignorando o aviso que dizia "não toque".
─ Ei, ei, ei! – Ralhei. – Não mexa nisso!
Ele se virou.
─ Você gosta de Justin Bieber?
Cruzei os braços.
─ Foi a minha irmã que escreveu isso ai. – Era um trecho de alguma música do Justin. – Ela é muito fã dele.
─ E você?
Rolei os olhos.
─ Eu vou dormir. – Decidi. – E quando eu acordar, você não existirá mais, porque essa insanidade já está indo longe demais.
Me joguei na cama e cobri meu rosto com o travesseiro, permitindo que o escuro me levasse para o mundo dos sonhos, porém, havia uma pulguinha se remexendo para todos os lados e essa bendita pulguinha não parava de remexer nas minhas coisas.
Afastei o travesseiro e ele estava fuçando na minha gaveta de calcinhas que eu tinha esquecido aberta.
─ Uau! – Ouvi quando ele murmurou.
Pulei da cama e passei por ele, fechando a gaveta.
─ Qual é o seu problema?
Ele deu de ombros.
─ Eu quero saber como vim parar aqui, porque eu não estou entendendo nada.
Afundei as mãos nos cabelos molhados e puxei-os um pouco.
─ Isso vai ser um prato cheio pro psiquiatra e pra essa gente fofoqueira... – resmunguei só pensando em como eu estava ferrada se não conseguisse domar essas alucinações. – Eu não posso voltar para aquele inferno daquele lugar.
Andei para lá e para cá, esperando.
─ Para onde você não quer voltar?
Olhei pra ele.
─ Porque você ainda está aqui?! Que inferno!
─ E para onde mais eu iria? Pra começo de conversa, nem sei como cheguei aqui.
Fui até a minha cama e me deitei, então voltei a cobrir meu rosto com o travesseiro.
Se eu dormisse bem, se tivesse sorte de não ter pesadelos, talvez ele não estivesse por aqui quando eu acordasse.
E então, com esse pensamento bom, adormeci.
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Dava para sentir uma dor despontando de algum lugar, mas só me dei conta que eram dos meus braços quando consegui despertar mais ou menos, pelo menos o suficiente para ter consciência disso; eu tinha dormido com os braços entrelaçados, prendendo o travesseiro e isso os tinha deixado dormentes e depois doloridos, ou contrário.
Joguei o travesseiro para o lado e quase chorei enquanto esticava os braços, sentindo cada pedacinho dele doer e reclamar por ser posto numa posição diferente.
─ Você perdeu o jantar.
Demorei um pouquinho para entender as palavras e a voz e, quando me dei conta, sentei-me subitamente e a dor foi o que menos importou.
─ Santo Cristo! – Berrei. – Que merda você...?
Ele. Continuava. Ali.
─ Eu estava esperando você acordar, daí uma menininha entrou aqui te chamando pra jantar, mas você estava roncando e não ouviu.
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A Bela Rosa {Vol. 1}
FanfictionQuando a minha vida virou-se de ponta cabeça me entreguei nos braços da morte, desejando fortemente que aquele fosse o fim, porque assim, talvez, a dor causada pelas imagens que discorriam na frente dos meus olhos pudesse ser um pouco menos aterrado...