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Meu corpo estava sendo sacudido para lá e para cá, porém levei alguns segundos infinitos para perceber que alguém tentava me acordar.

De imediato me encolhi, assustada, mas em seguida fui me situando e percebi que era apenas uma senhorinha com óculos enormes que tentava a todo custo me fazer despertar.

─ Menina, o ônibus já chegou, você não vai descer?

Pisquei os olhos.

Ruggero estava ao lado dela.

─ Já chegamos a Lourenço? – Murmurei com a voz arrastada por causa do sono.

─ Sim e todo mundo já desceu, só falta nós duas. Vamos logo antes que o motorista ligue o ônibus e nos leve de volta. – Ela estreitou seus olhos enrugados. – Ou você está perdida?

Dei um pulo.

Perdida não. Eu tinha algo importante para fazer.

─ Não. – Guinchei ficando de pé. – Estou indo para a casa de um amigo. Obrigada por ter me acordado, Senhora.

Passei por ela tentando não esbarrar em seu corpo magro e pequeno, depois desci os degraus do ônibus e fui seguindo Ruggero que praticamente voava por entre tantas pessoas que encontravam seus parentes e amigos. Todos felizes.

Apesar da adrenalina de finalmente ter chegado perto de solucionar tudo, eu ainda sentia meu estômago querer se revirar por causa do cara da rodoviária...

A imagem dele caindo da escada não me abandonava.

─ Devia olhar o endereço de novo. – Ruggero falou.

Olhei para ele e notei que seu semblante estava sério, mas não fiz perguntas, pois sabia que ele não estava bem com o que havia acontecido.

Não podia deixar de me sentir culpada.

─ Vou chamar um táxi lá fora. – Eu disse enquanto passava pelas pessoas e tentava passar despercebida pelos seguranças. ─ Acho que motorista saberá chegar ao endereço da sua avó.

─ Você está bem mesmo, né? – Ele quis saber. – Aquele cara não te machucou?

─ Estou bem mesmo. – Garanti. – Você me ajudou, Ruggero. Fica tranquilo.

Mas eu já o conhecia bem o suficiente para saber que ele não ficaria nem um pouco tranquilo, porque seu instinto protetor só estaria em paz quando eu voltasse para casa. Ele sabia que eu era praticamente um imã para problemas.

Problemas – em sua maioria – de vida ou morte.

─ Acha que seus pais já estão procurando por você?

Suspirei.

─ Eu deixei um bilhete. Eles vão ter que entender. – Eu rezava pra isso. – E quando eu voltar à noite, explicarei tudo.

─ Vai falar sobre mim?

Olhei-o de soslaio enquanto atravessávamos as portas giratórias da rodoviária.

─ Acho que já está na hora.

Ruggero não disse nada em relação à isso, como se não tivesse chegado a uma conclusão sobre o assunto, porém, eu daria um jeito para tudo aquilo soar menos louco ao falar para os meus pais, afinal não dava mais para esconder.

Quando chegamos do lado de fora, tirei a mochila das costas e li o endereço que havia na folha, depois olhei rapidamente para meu celular, mas estava desligado, só por precaução.

Chamei o táxi e passei o endereço para o homem careca que o dirigia, por fim coloquei o cinto e me encostei na janela, fitando a rua, os carros, as pessoas... Observando como o mundo parecia apenas um borrão com cores desconexas.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora