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─ Aquela Biranha disse o quê?! – Lia guinchou. ─ Ah mas eu vou lá e vou arrancar fio por fio daquele aplique mal feito dela!

Agarrei o braço dela e a puxei de volta para dentro do banheiro, tranquei a porta e encostei-me nela.

─ Não vale a pena mais. – Suspirei. – Eu já disse o que tinha pra dizer e deixei claro que, se ela continuar falando merda sobre nós duas, eu vou espalhar todos os podres dela. Se ela quer jogar baixo, então eu vou ensinar a ela como se faz.

Lia não parecia muito convencida, mas deu um sorrisinho maléfico.

─ Deve ter sido maravilhoso vê-la despencar do altar que ela mesma se colocou.

Eu não sabia se a sensação que eu sentia era 'maravilhosa', mas eu tinha a plena certeza de que foi muito bom dizer o que eu queria, pelo menos uma vez.

E a Bianca estava pedindo por isso.

Ela não estava feliz o suficiente com o cara que eu gostava? Precisava mesmo ir atazanar a droga da minha vida? Fazer fofocas? O que ela ganharia com isso? Eu não sabia, mas suspeitava que seu ego só estaria em paz quando me visse mais do que mal.

Se um dia Bianca teve alguma empatia por mim, agora está morta.

Mas não faz mal, eu também já estou no limite com ela.

─ Isso não importa agora. – Falei e me afastei da porta, pousei as mãos na cintura e encarei o chão enquanto andava, pensando. ─ Eu briguei com os meus pais hoje cedo, então não consegui pedir dinheiro a eles e também não quero mais fazer isso, porque eu sei que esse dinheiro virá acompanhado de uma dúzia de perguntas que não posso responder.

─ Eu já disse que posso pagar, Karol. – Lia contrapôs.

Olhei para Ruggero que estava apoiado na pia com os braços cruzados e ele balançou a cabeça para cima e para baixo, concordando.

─ Tudo bem. – Virei-me para ela. ─ Mas eu juro que vou devolver a grana. É só um empréstimo, ok?

Lia mordiscou o lábio inferior e assentiu.

─ Eu amo aventuras, sabia? – Suspirou profundamente. ─ Está tudo certo para amanhã, não é?

─ Está, sim. – Fui para onde Ruggero estava e me encostei na pia também. ─ Eu só espero que esse Otávio Romero seja honesto.

─ A cópia mal-sucedido do Aladim parece bem suspeito para mim. – Ruggero comentou.

Eu não queria, mas acabei rindo.

─ O que foi, Karol?

Balancei a cabeça com bom humor.

─ Ruggero acha que o Otávio Romero parece o Aladim.

Lia também riu e concordou veementemente.

─ Sabe... – Ela secou o canto dos olhos. ─ Ruggero é bom para você. Ele te faz sorrir e é ótimo com piadas. Talvez sejamos bons amigos, hein bonitão?

Senti meu rosto esquentar e abaixei a cabeça.

Não vi o rosto dele, mas imaginava aquele sorriso cínico de sempre brincando nos lábios dele.

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Quando as aulas acabaram, fui puxando Lia para a saída, por que ela tinha visto Bianca e ficou muito – muito – tentada a ir até ela e arrancar todos os fios do aplique da minha ex-amiga, porém, não podíamos nos dar ao luxo de arrumar problemas, principalmente porque isso chamaria a atenção dos meus pais e era tudo que eu menos precisava.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora