Eu não tinha como voltar atrás.
Eu tinha dito.
Eu tinha passado tanto tempo guardando isso para o nosso bem e, no entanto, eu tinha falado.
Não era justo com Ruggero.
Não voltei a olhá-lo.
─ Essa mocinha nos enganou e quis nos trancar no seu camarim! – Um brutamonte falou.
Ele e o outro estavam segurando Lia.
─ É uma gangue por acaso? – Otávio reclamou.
Balancei a cabeça.
─ Só queremos a sua ajuda, por favor!
─ Karol? – Ruggero me chamou. – Karol, você realmente...
─ Isso não vem ao caso agora. – Me antecipei. Olhei para Otávio Romero. ─ Por favor, é só dizer e vamos embora.
─ Você é bem gostoso, mas pode me soltar, por favor? – Era Lia argumentando com algum dos seguranças. – Ai! Que pegada forte.
Meu Deus!
Ninguém parecia estar prestando atenção no que realmente importava.
─ Apenas nos diga se vê algo. – Insisti. – Consegue saber se ele está morto ou não?
Eu podia senti-lo bem ao meu lado, me olhando.
E também sabia o que se passava por sua cabeça, mas eu não era capaz de responder a nada daquele assunto.
Eu nem devia ter começado a falar.
─ Quer que chamemos a polícia, Senhor?
Olhei para o segurança que havia falado e praticamente implorei.
─Por favor, nós só precisamos da ajuda dele...
─ Você não está ouvindo a Karol? – Ruggero disse, irritado. Ou talvez estivesse tão nervoso quanto eu. ─ Ou você responde ou eu vou te assombrar para sempre. Você escolhe...
Otávio Romero estava quase sumindo atrás do carro, mas ainda podíamos ver seus olhos e a túnica enorme.
─ Eu não vejo nada.
─ Ah você está vendo sim. – Ruggero contrapôs. – Se não, está bom de começar.
Eu sabia que sempre que Ruggero usava aquele tom e a sua postura ficava daquela forma tão eriçada e protetora, ele ia fazer algo, por isso me antecipei.
─ Não vamos fazer nada, apenas estamos desesperados. – Argumentei.
Ouvi Lia reclamar de dor e depois o silêncio reinou entre nós.
Eu sabia que Ruggero podia ouvir as batidas descompassadas do meu coração, e sabia também que ele perceberia logo que aquele aceleramento era pelo que eu tinha falado, já que passei tanto tempo escondendo o óbvio.
Mas eu não podia falar sobre aquilo.
Não naquele momento.
Estávamos todos olhando para Otávio Romero e, depois do que se pareceu um século e meio, ele decidiu sair de detrás do carro e veio para perto de nós, mas claro que ficou a alguns bons passos de distância do Ruggero.
─ Se eu chegar perto dele... – Otávio começou hesitante. – Ele não pode me fazer mal, certo?
─ Ele não fará nada. Eu garanto. – Falei.
Ruggero rosnou baixinho.
─ Não garanta. – sussurrou.
Olhei para ele com a cara feia.
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A Bela Rosa {Vol. 1}
Fiksi PenggemarQuando a minha vida virou-se de ponta cabeça me entreguei nos braços da morte, desejando fortemente que aquele fosse o fim, porque assim, talvez, a dor causada pelas imagens que discorriam na frente dos meus olhos pudesse ser um pouco menos aterrado...