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Aparentemente Otávio Romero era a nossa única forma de descobrir tudo sobre Ruggero, principalmente porque, pelos vídeos que Lia me mostrou, o cara era uma lenda no quesito 'falar com gente morta', pelo menos era isso que dava para perceber durante os programas de televisão que ele ia.

Em um dos programas, Otávio Romero levantou-se de seu assento no palco e foi até a platéia incrédula, por fim se aproximou de uma jovem loura que usava um vestido rosa extravagante e lhe falou sobre o irmão dela que havia morrido há cinco anos.
Ele repetia que o tal homem estava em um bom lugar e que queria que ela seguisse a vida, e enquanto Romero falava, a mulher se debulhava em lágrimas e o resto da platéia arregalava os olhos e murmurava – impressionada – sobre como ele era bom no que fazia.

No fim de sua participação naquele programa, todos estavam convencidos de que ele estava falando a verdade, também pudera, até eu fiquei arrepiada com seus relatos.

─ Será que é verdade mesmo? – Indaguei para Lia enquanto lhe devolvia o celular.

Havíamos nos trancado no banheiro, não permitindo que mais ninguém entrasse, pelo menos pelo tempo necessário para que decidíssemos sobre isso tudo.

─ Eu estou completamente convencida. – Lia falou. ─ Fiquei o dia inteiro ontem pesquisando e é unânime que Otávio Romero é o melhor! Sabe, ele já está há vários anos fazendo isso, já rodou o mundo inteiro, até publicou um livro sobre o assunto... E eu acho que é impossível alguém acertar tantas coisas sem sequer conhecer a pessoa com quem está indo falar.

Escutei quando Ruggero estalou a língua e se sentou em cima do balcão da pia.

─ Para mim, esse cara é um charlatão. – Ele comentou.

Titubeei um pouco.

─ Lia, e se for tudo combinado? Porque há chances de ser. – Argumentei. ─ E se esse cara for só mais um daqueles que sai enganando todo mundo para arrancar dinheiro? Há muitos assim.

Minha amiga balançou a cabeça em negação.

Lia já estava completamente certa daquilo, mas eu não sabia ainda.

Não conseguia acreditar.

Ou não queria?

─ E o que custa tentar? – Ela falou. ─ Pelo menos vamos falar com ele, sei lá, vai que...

─ Mas como? ─ Contrapus. ─ Nem vamos conseguir chegar perto dele. Do jeito que é famoso, deve andar rodeado de seguranças. Além do mais, esse cara nem deve saber onde é Bela Rosa, Lia. Eu não sei...

─ Karol, me escuta... – Lia segurou minhas mãos nas suas e me olhou nos olhos. ─ Eu entrei nas redes sociais dele e nem precisei ir muito longe para ver a agenda de apresentações. – Ela riu consigo mesma. ─ O Otávio vai se apresentar em Santa Fé. Fica aqui pertinho... Ele vai fazer uma apresentação no Centro de Convenções de lá. O que acha?

Olhei para Ruggero buscando algum amparo, mas ele não estava me olhando muito nos olhos nas últimas horas.

─ Ainda acho que é um charlatão. – Ele voltou a dizer baixinho.

─ Ruggero acha que o tal cara é um charlatão.

Lia olhou ao redor e revirou os olhos.

─ Diga ao Ruggero que é a única chance dele.

─ Diga a ela que eu posso ouvi-la. É ela quem não pode me ouvir. – Ruggero rebateu de forma apática, forçando um bom humor que não existia.

Soltei minhas mãos das mãos de Lia e passei-as pelos cabelos.

No fundo, Lia tinha razão. Otávio podia ser a única saída para descobrirmos tudo sobre Ruggero.
Morto ou não, precisávamos fechar esse ciclo antes que as coisas ficassem mais delicadas do que já estavam.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora