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No dia seguinte acordei com uma sensação esquisita, não era nada ruim, muito pelo contrário, porém, eu me sentia estranha, levemente atordoada, porém feliz.

Na verdade, muito feliz.

Já fazia tanto tempo que eu não era feliz que parecia irreal e até um pouco desconfortável estar tão alegre após o dia anterior, onde tudo foi tragédia; entretanto, ao abrir os olhos e ver a claridade do sol lavando meu quarto, me vi esboçando um sorriso tão grande que poderia facilmente assustar alguém que entrasse.

Respirei fundo e me sentei, esfreguei os olhos e prendi os cabelos no alto da cabeça, depois sorri de novo e afastei os lençóis, olhando em volta, achando tudo muito quieto e, de pouquinho em pouquinho, meu sorriso foi se desfazendo e um sopro de pânico fez meu coração solavancar como um motor ganhando vida.

Cadê ele?

─ Ruggero? – Minha voz saiu trêmula e aguda.

Abri a porta do banheiro e entrei, mas estava tudo escuro e normal, nada de fantasma perambulando ou empoleirado no balcão da pia esperando para me assustar; fechei a porta e abri as janelas que ainda estavam destrancadas, olhei para a rua, mas tudo parecia calmo, tão calmo quanto sempre, então dei a meia volta com o coração latejando no peito e pousei as mãos na cintura, olhei ao redor de novo.

Quem disse que isso é um adeus? Ele havia dito, mas aparentemente estava errado.

Ele não podia ter ido embora, não assim, não naquele momento... Não depois do sonho.

Um líquido gelado desceu pelo meu estômago fazendo com que eu me curvasse ligeiramente para frente segurando a barriga, prendendo o ar com força para não chorar.

De repente, a felicidade não existia.

Porque ele tinha feito isso? Sequer disse 'adeus'.

Me apoiei na parede, sentia-me zonza, enjoada e totalmente perdida, principalmente porque não entendia o que havia feito para tê-lo perdido.
Não tinha explicação plausível para aquilo.

Impossível, era a palavra que ecoava dentro da minha cabeça. Impossível.

─ Ruggero? – Chamei de novo, mais alto.

Ele tinha que me ouvir, onde quer que estivesse.

─ Ruggero! Ruggero, não estou brincando! Ruggero, cadê você?

Uma brisa forte soprou minhas costas e eu me virei, olhei para o céu azul sem nuvens e desejei que ele me dissesse algo, me explicasse o que estava acontecendo, porém, nada acontecia...

Não havia respostas.

Nenhuma resposta.

Puxei o ar com força e sai andando, abri a porta do quarto e desci as escadas aos tropeções.

Podia sentir as lágrimas se empoçando e ameaçando cair e lavar meu rosto, mas continuei prendendo a respiração até que meus pulmões começassem a queimar.

Quando alcancei o andar de baixo, ignorei o barulho da TV e segui para a cozinha, procurando por qualquer pista dele, qualquer coisa que me dissesse que ele ainda estava ali, porém, além de não encontrá-lo, não encontrei mais ninguém.

A TV estava ligada, mas a casa estava completamente vazia.

Esfreguei meu rosto e balancei a cabeça com força.

─ Ruggero? – Gritei parada no meio da cozinha. ─ Ruggero, por favor... Ruggero! RUGGERO!

Outra brisa forte soprou-me e girei nos calcanhares, desorientada.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora