29

488 76 236
                                    

Dois dias depois...

─ Você sabe que fica linda de qualquer jeito, né?

Girei nos calcanhares e fitei Ruggero que estava sentado com as pernas cruzadas em cima da minha cama; ele adorava fazer seus comentários bonitinhos e apaixonados sempre que eu estava me maquiando, tentando esconder a maldita cicatriz do meu rosto.

Eu sabia que a cicatriz não o incomodava, mas a mim sim e, pelo menos por enquanto, ainda era difícil aceitá-la.

Então eu a escondia da melhor forma, fosse com o cabelo ou com a maquiagem.

─ Você sabe que não gosto dessa cicatriz.

Ele fez bico e balançou a cabeça.

E eu o ignorei para voltar a me maquiar direito.

Enquanto arrastava a buchinha da maquiagem para espalhar a base, meus pensamentos iam até dois dias atrás quando meus pais me chamaram para uma conversa; eles queriam saber mais sobre Ruggero e o que me fizera se apaixonar por ele em tão pouco tempo (para eles era pouco tempo mesmo).

Lembro-me que precisei esquivar de algumas interrogativas, mas por outro lado, fui clara e concisa, porque se eu quisesse que eles me ajudassem, eu precisava deixar claro tudo o que sentia e que não desistiria do Ruggero. Por nada.

─ Então você e esse rapaz já eram amigos antes? – Meu pai perguntou.

─ Hum. Sim. Éramos. – Respondi da melhor forma que pude.

─ E você se apaixonou do nada? Olha, eu não sei se esse negócio de namoro é coisa boa... – Ele torceu o nariz. Ciumento. – Esses garotos são todos uns idiotas nessa idade.

Olhei de soslaio para Ruggero e ele estava fazendo uma careta.

Eu ri.

─ Papai, o Ruggero é ótimo. Eu garanto. – Enfatizei, ainda rindo. – Ele só é um pouco engraçadinho, mas tem um coração lindo.

─Querido, tenho certeza que um rapaz que se joga na frente de um carro para salvar uma criança é sim um bom rapaz para a nossa menina. – Mamãe intercedeu.

Eu quis abraçá-la.

─ Não sei... – Papai resmungou. ─ Karol é um bebê ainda.

Estiquei a mão e segurei as mãos dele.

─ Papai, eu já sou bem grande.

─ Ainda é um bebê pra mim.

─ Uma hora ou outra eu teria que me apaixonar, namorar...

─ Eu tinha esperança que você virasse freira... – Ele falou baixinho e de modo engraçado, quase choroso. ─ Você e a Lica.

Balancei a cabeça ainda sorrindo e fui me sentar perto dele no sofá.

─ Sabe que isso não tem lógica, né?

Papai suspirou dando por vencido.

─ Tudo bem... Me passe o contato da avó do rapaz e eu vou ligar pra ela... – Ele então me olhou com os olhos brilhando e depositou um beijo na minha testa. ─ Só quero que você seja feliz e se esse rapaz é a sua felicidade, eu farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudar.

Fui para mais perto dele e o abracei com força.

─ Eu te amo. – Falei. – Eu te amo muito.

─ Eu sei, minha pequena. – Suspirou. – Eu também te amo.

Lembrar do jeito ciumento do meu pai e do sorrisinho vitorioso e cúmplice da minha mãe só me fez ficar mais feliz, porque eu sentia que estávamos cada vez mais unidos e, não éramos a família de antes, mas éramos muito melhor agora.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora