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Ruggero me apertou em seus braços e eu aproveitei para me aconchegar no calor de sua pele salgada, olhando para o horizonte onde o céu se deitava sobre o mar azul que não tinha fim.

Meus pais haviam ficado ligeiramente chocados com as minhas revelações e pediram um tempo para digerir e pensar sobre o que fariam, então subi para o meu quarto, tomei um banho demorado e fui para a cama me aninhar em um sono profundo onde encontraria o meu garoto.

Se para tê-lo eu precisava sonhar, então eu passaria os últimos dias do nosso afastamento dormindo tranquilamente.

─ Foi um dia e tanto... – Ele falou após dar um beijo no meu ombro.

─ Um dia em que tudo aconteceu... – Eu ri. – Parece que durou uma semana, mas ao mesmo tempo foi tão rápido.

Seu peito vibrou de encontro as minhas costas e eu percebi que ele estava rindo.

─ Eu me sinto outro agora que tenho minhas memórias de volta... Agora eu sei tudo o que passei, tudo o que me moldou, entende? Parece que só agora me tornei real de verdade.

Eu estava entre suas pernas, encostada ao seu tronco e envolvida por seus braços, então não pude olhar seus olhos para ver como brilhavam de excitação pelas memórias retomadas, mas pude imaginar perfeitamente sua felicidade.

Era muito bom conhecê-lo melhor.

─ Sabe... – Inclinei um pouco a cabeça para o lado. ─ Eu fico me perguntando o tempo inteiro como teria sido se tivéssemos nos encontrado no shopping aquele dia, se eu tivesse falado com você, se você tivesse me alcançado...

Ruggero me apertou com mais força contra si.

─ Amor, pode ser bem louco o que eu vou dizer, ainda mais depois do dia de hoje, mas só consigo pensar que precisávamos passar por tudo o que passamos, sabe? O que eu quero dizer é que, antes do acidente, eu não era bom para você, de jeito nenhum...

─ Duvido. – Murmurei amuada.

Ele beijou a minha cabeça e depois o meu pescoço.

─ Linda, entenda que eu era um garoto inconseqüente, violento, propenso a fazer todas as merdas possíveis, além do mais, era imaturo e cheio de pedaços trincados... Eu não era digno de você, de jeito nenhum.

Minha respiração se acelerou um pouco só de imaginar como eu teria agido caso ele tivesse vindo falar comigo naquele dia...

─ Eu teria sido uma pessoa horrível com você. – Falei envergonhada. ─ Eu não era uma garota legal. Na verdade, tenho certeza que eu teria te ignorado ou sido rude, porque eu também não era digna de você.

─ Eu te achei perfeita desde o primeiro momento em que te vi...

─ Esse era o problema... – Refleti orgulhosa de agora poder entender. ─ Eu tentava ser perfeita e conseguia passar essa impressão, mas só pude realmente me apaixonar quando abracei minhas imperfeições... ─ Me desvencilhei de seus braços e virei de lado para ver seu rosto. ─ Nossas imperfeições são perfeitas juntas, não acha?

Ruggero aproximou o rosto e roçou seu nariz no meu com doçura, mas senti imediatamente a quentura que sua presença me causava.

Nossos lábios se encontraram e foi tão bom quanto sôfrego, porque eu sabia que não podia sentir isso quando acordasse e em todos os outros momentos do dia, afinal ainda havia uma parede invisível entre nós.

Segurei seu rosto e afastei minha boca devagar.

─ Quero te pedir uma coisa. – Ele disse com a voz suave. – Eu posso?

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora