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Eu estava com tanta sede.

Passei a língua pelos lábios, mas minha boca estava seca de saliva, totalmente desidratada.

─ Ela acordou!

Aquela voz.

Tentei falar, mas até meus pensamentos eram letárgicos, quanto mais minhas palavras, portanto, o máximo que consegui fazer foi abrir os olhos.

A primeira coisa que vi foi o teto rosado do meu quarto e isso me tranquilizou imediatamente, pois claramente não era o quarto opaco do Bonaventura, tampouco era o quarto fedido de um hospital, então, arrisquei virar a cabeça e não encontrei médicos ali, encontrei apenas meus pais e a minha irmã.

E a Luna.

─ Querida, como está se sentindo? – mamãe perguntou.

Franzi a testa – ou pelo acho que fiz isso.

Fui virando a cabeça para o outro lado, procurando pela única pessoa que não estava no meu campo de visão, e comecei a sentir meu peito acelerar com tanta força que pensei que fosse colapsar de pânico, mas, no último segundo, eu consegui vê-lo.

Ruggero estava sentado do outro lado bem na beirada do colchão, me olhando.

Eu tive a impressão que sorri.

─ Está tudo bem, Linda. – Ele sussurrou com calma.

Tudo bem.

Eu não sabia que coisa estava bem no meio de tudo aquilo, porque quanto mais eu ia voltando para a realidade, mais as lembranças da minha briga com Bianca ficavam nítidas e preocupantes.
Uma briga feia.

Tudo estava voltando aos montes.

A briga... Otávio Romero... Lia... Meus pais...

O sonho.

Instintivamente levei minha mão fraca até os lábios e corei.

Queria perguntar à Ruggero se o sonho foi real mesmo, porém, meus pais continuavam ali.

─ Karol? – Lica me chamou.

Lentamente me virei para olhá-la e de pronto captei seus olhos me fitando com ansiedade.

Luna estava nos braços dela e até a gata parecia preocupada.

Ou talvez eu estivesse delirando.

─ Água. – Balbuciei com uma voz irreconhecível.

Mamãe disse que ia buscar e saiu do meu campo de visão, já papai chegou mais perto da cama e se sentou numa cadeira que nunca esteve ali antes, no entanto, estava bem perto da beirada da cama agora.

Ele pegou a minha mão e colocou entre as suas.

─ Como se sente? – Perguntou.

Olhei para Lica e depois para ele sem entender nada.

A briga foi feia, mas eu não me lembrava de Bianca ter feito algo comigo, além do mais, para quê tanta preocupação?

─ Só sinto sede. – Consegui dizer. – O que foi?

─ Karol, você não se lembra do doutor que veio aqui? – Lica indagou enquanto se sentava perto de mim. – Ele te deu uma injeção bem grande no braço. – Ela fez uma careta de dor.

Médico? Eu não lembrava de médico nenhum...

Fiz um esforço surreal e consegui ficar mais ou menos sentada.

Minha cabeça doía tanto e ao mesmo tempo parecia um balão cheio de ar.

─ Que médico, Pai? – Olhei para ele. – Como assim?

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora