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Amélia havia pedido um táxi para que fôssemos ao hospital e a viagem apesar de rápida foi bem alvoroçada para mim, porque a todo o momento eu tinha a impressão que meu coração ia rasgar o peito e cair em cima do meu colo de tanto que bombardeava minha caixa torácica.

Quando o taxista estacionou em frente ao hospital, olhei para Ruggero e ele parecia angustiado, eu diria que até vi uma sombra de medo atravessar seu olhar e desejei como nunca poder fazer algo, porém, só ele saberia lidar com o que se passava em seu coração turbulento.

Meu garoto quebrado.

Quantas vezes um coração pode ser quebrado e, ainda assim, continuar batendo e amando?
No fim, Ruggero era muito mais forte do que já imaginei, pois apesar de tantos traumas que carregava consigo, ainda conseguia ser a luz da minha vida.

Amélia e eu levamos algum tempo na recepção, pois precisaram anotar meus dados e preparar um tipo de crachá com meu nome e com a especificação do que eu ia fazer ali, ou seja, visitar.
Não era exatamente o horário de visitas ainda, mas percebi que a avó de Ruggero já tinha feito amizade com a moça loira da recepção e que, aparentemente, tinha algum tipo de 'passe-livre'. Talvez a mulher da recepção sentisse dó dos olhos tristonhos e da postura cansada de Amélia.

─ Troquei a água das rosas hoje cedo. – A recepcionista falou para Amélia.

Estiquei um pouco o pescoço e li o nome 'Chiara' no crachá da loira alegre que digitava freneticamente no computador.

─ Sempre muito gentil, Minha Querida. – Amélia respondeu com amabilidade.

Me senti um pouco intrusa ali, mas a ansiedade me impedia de sair do lugar.

Apesar de que Ruggero não parecia nem um pouco ansioso já que havia seguido por um corredor e desaparecido na primeira esquina, sem sequer olhar para trás.

A ala que estávamos – que ficava no terceiro andar – era mais silenciosa que as outras, talvez por ser a ala onde ficava a UTI e, aparentemente, poucas pessoas podiam subir naquele horário, portanto, tirando todo o cheiro de remédio do ar, o piso pálido, as paredes opacas e a sensação de estar em um filme de terror, tirando tudo isso, eu me sentia levemente bem naquele lugar.

Mas, ainda assim, não dava para negar o frio que subia pelo meu corpo e sequer era por causa do ar-condicionado super forte.

Eu sentia o frio do medo.

Não sabia se estava pronta para vê-lo todo machucado, cheio de aparelhos, imobilizado numa cama... Frágil.

Abracei meu próprio corpo para barrar a dor que despontava no meu estômago.

Fechei os olhos por alguns segundos, mas foi uma péssima idéia, pois me lembrei do homem da rodoviária... Abri os olhos. Suspirei profundamente.

Tudo ia ficar bem.

─ Tudo bem?

Puxei o ar com força e soltei de uma vez.

Pisquei os olhos.

Amélia e Chiara estavam me olhando, então entendi que estavam falando comigo.

─ Desculpa. – Tentei sorrir. ─ Estou um pouco nervosa.

─ Se não estiver bem, podemos vir em outro momento. – Amélia falou de um jeito muito gentil, mas as palavras soaram como uma facada.

Abanei a cabeça para lá e para cá bem rápido.

─ Não. De jeito nenhum. – Enfatizei. – Eu preciso vê-lo.

Eu tinha que vê-lo, que tocá-lo, que ter a certeza de que seu coração ainda batia.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora