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Não havia uma explicação racional para o que estava acontecendo, porém se eu rebobinasse toda a minha vida, sem dúvida, nada teria uma explicação racional, entretanto, ainda assim, enquanto o calor dele se espalhava pela minha pele, eu ficava me perguntando como explicaria aquele momento para a minha mente assim que o sonho acabasse.

Naquele momento invoquei todas as sensações que já tive durante todos os dezesseis anos da minha vida, mas nada se comparava àquela sensação.

Nada se comparava.

Pousei minha mão trêmula sobre a sua, desejando do fundo do coração que aquele sonho não se acabasse, por que apesar de feliz, algo me dizia que a qualquer momento Ruggero poderia sumir como se a mais leve brisa pudesse levá-lo para longe.

E, se eu acordasse e não o visse mais, tive a plena certeza que desabaria.

Então, em um rompante de medo, me afastei dele, renegando seu toque, andando para trás, deixando minhas pegadas tortas na areia que quase cobria meus pés trôpegos.

─ Preciso acordar... – Grunhi e fechei os olhos, esfregando as pálpebras com força. ─ Preciso acordar agora!

Eu tinha que acordar e Ruggero precisava estar lá...

─ Karol? – Era a voz dele. A voz real. Muito real. Mas ainda era um sonho e os meus sonhos sempre acabam mal. ─ Karol, por favor, abre os olhos...

Neguei com a cabeça, chorando.

─ I-sso n-não é ju-justo... – Eu tremia. – N-não p-pode s-ser a-ssim... – Meus dentes batiam com força um contra o outro. ─ E-eu que-quero acordar...

─ De alguma forma isso é real, Karol! – Insistiu. ─ Não sei como, mas é! Precisamos aproveitar, porque nós merecemos!

Sim, merecíamos, por que já fazia dias que vivíamos como sombras um do outro, perambulando para todos os lados juntos, mas o desespero era maior que a vontade de que tudo fosse real mesmo.

Eu já tinha perdido tantas pessoas... E se aquilo fosse a nossa despedida?

─ Não posso lidar com isso... – Murmurei abrindo os olhos e me deparando com sua silhueta tão bonita. ─ Não posso dar adeus agora.

Me virei para correr, mas senti o calor de seu toque quando ele segurou minha mão, fazendo com que eu me virasse para ele, perto o suficiente para ter a plena certeza de que sua respiração estava no meu rosto.

Seus olhos topazianos refletiam uma luz que só podia vir de dentro dele mesmo, porque apesar de saber que era de dia, eu não conseguia ver o sol.

─ E quem disse que isso é um adeus? – A agonia em sua voz e em sua expressão me deixou ainda mais zonza. ─ Não sei como consegui isso, mas passei dias pensando numa forma de provar que eu era mesmo real, porque eu me sinto real! E seus sonhos sempre me pareceram tão complicados, dolorosos, por isso imaginei se podia fazer algo e fiz... Eu estou aqui, por favor, acredite.

Engoli em seco o nó que se formava na minha garganta e impedia que mais lágrima caísse.

Umedeci os lábios secos e vaguei com meu olhar por seu rosto corado, vívido e surrealmente lindo.

Ruggero também me olhava, e ele estava ansioso, feliz e ao mesmo tempo parecia desconcertado, talvez duvidando que eu estivesse acreditando em tudo o que tinha me dito.

─ Ainda vai estar comigo quando eu acordar? – A pergunta saiu chorosa e quase infantil, mas eu estava com medo, por isso não me importei.

Ele sorriu de forma tranquila, apaziguadora e seu sorriso alcançou seu olhar.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora