32 (Fim)

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(final)

Pulei da cama como se ela estivesse pegando fogo e me pus de pé no segundo seguinte.

Respirar, pensar com clareza ou me equilibrar em meus pés trôpegos era um luxo que eu não podia ter, porque precisava encontrar o interruptor, precisava olhar ao redor, precisava vê-lo... Ter a certeza de que foi apenas um sonho absurdo.

Mas mesmo com as luzes acesas, eu não o vi.

Escancarei as janelas e o vento gelado da noite açoitou meu rosto como uma chicotada, mas ele não estava sentado no parapeito da janela, também não estava dentro do banheiro, embaixo da minha cama ou no meu roupeiro... Ruggero não estava em lugar algum e algo me dizia que eu precisava me conformar com isso.

Mas eu não podia.

Não havia lágrimas nos meus olhos, pois eu estava consumida pela adrenalina da agonia, do pavor.

Cruzei o corredor a passos firmes e bati com o punho fechado na porta do quarto dos meus pais, eu precisava olhar todos os cômodos, talvez o Ruggero só estivesse brincando. Ele adora brincar, gracejar em cima das minhas paranóias que não são poucas.

Ele estava em algum lugar da minha casa.

Bati novamente e com mais força, então meu pai abriu a porta com um assombro gigante no olhar, talvez por eu tê-lo acordado, mas eu não estava necessariamente com tempo para olhar no relógio que horas da madrugada já era.

Entrei como um raio no ambiente e mal vi minha mãe, apenas me agachei e olhei embaixo da cama, depois fui até o banheiro, mas estava vazio, então abri o roupeiro e sai jogando as roupas no chão, assim como tinha feito no meu quarto, porém, mais uma vez, ele não estava.

Que brincadeira de péssimo gosto.

─ Karol, você está nos assustando, o que aconteceu? - Minha mãe perguntava, mas sua voz era abafada pelas batidas ensurdecedoras do meu coração. ─ Filha...

─ Só um minuto. - Ergui um dedo para sinalizar o tempo e voltei a olhar embaixo da cama, depois abri as janelas, mas não havia nada além de mais uma lufada de vento gélido. ─ Eu vou ao quarto da Lica.

Passei por meu pai e quase voei até o fim do corredor onde ficava o quarto da minha irmã, porém desta vez não bati na porta, apenas entrei, pois sabia que não estava trancada.

Acendi as luzes com as mãos tremendo e suando, então me abaixei novamente, levantei os lençóis, mas não havia nada além de uma gata preta preguiçosa que dormia toda enroscada no tapete fofo.

Liguei o interruptor do banheiro dela e olhei tudo, mas estava vazio, assim como os outros dois.

Quando fui saindo do banheiro esbarrei em Lica que apesar de sonolenta, repetia meu nome perguntando algo, mas não entendi direito.
O meu coração batia alto demais.

Desviei da minha irmã e fui até seu roupeiro, então repeti o processo, mas nada dele, só roupas e mais roupas...

Ele não estava.

Ele não podia ter simplesmente sumido. De jeito nenhum.

Voltei para o corredor e decidi ignorar as interrogativas do meu pai; desci as escadas aos tombos, quase caindo, porém alcancei o andar de baixo, acendi as luzes, todas as luzes, olhei em cada canto da sala de estar e de jantar, mas...

A cozinha.

Tropecei em um cesto que estava no chão com algumas frutas, mas encontrei o interruptor, só que...

Vazio.

Vazio demais.

Tudo estava silencioso, morto.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora