14

552 81 312
                                    

Tentei não ficar nervosa quando o celular de Lia tocou e ela precisou ir embora. Aparentemente a mãe dela estava precisando de ajuda com algo, mas minha amiga prometeu que me ligaria – para o meu celular novo.
Ela não ia desistir da idéia de me ajudar.

De ajudar Ruggero, no caso.

Quando ela se foi, eu me sentia ridícula por estar suando frio e com os nervos à flor da pele.
De repente, era desconfortável estar sozinha com Ruggero.

Eu não sabia para onde olhar ou o que fazer, então assim que fechei a porta, me virei para as escadas e comecei a subir depressa, ignorando os pensamentos alvoroçados que iam e vinham, se trombando e me deixando maluca.

Eu pensava na reação de Lia e em como foi bom contar a verdade, principalmente para alguém que parecia me entender e acreditar em mim; mas também pensava no que faríamos dali em diante e em como prosseguiria caso tudo ruísse e eu precisasse desmentir aquela história toda.

Minha mente não parava de viajar em possibilidades.

Eu tinha que estar preparada para tudo.

Por um mísero segundo não lembrei do rapaz que me seguia com os olhos para onde quer que eu fosse no quarto.

Definitivamente eu não queria falar com Ruggero. Pelo menos não depois de como o descrevi para Lia.

Foi tão... Ridículo.

Foi clichê, meloso e profundamente vergonhoso.

Eu nem sei por que tinha falado daquela forma.

Ele devia estar manipulando meus pensamentos. Claro.

─ Você está bem?

Olhei para ele por cima do ombro já que estava remexendo no meu roupeiro em busca de uma roupa limpa.

─ Unrrum. Bem. – Abri um sorriso e depois voltei a mexer no roupeiro.

Não fale mais nada. Não fale mais nada. Não fale mais nada.

─ Aquele jeito que você me descreveu...

Ah claro.

Ele não consegue ser um fantasma bonzinho. Nunca.

─ Foi normal.

─ Eu gostei. Gostei muito, na verdade.

Mordi meu lábio inferior, pois estava aponto de sorrir.

E seria ainda mais... Ridículo. Era tudo ridículo.

─ Você é egocêntrico, Ruggero. Falar sobre você já é algo que você gosta. – Retruquei.

Pude ouvi-lo rir.

─ Ainda está irritada comigo por causa da TV?

Rolei os olhos pronta para simplesmente ignorá-lo, entretanto, pensei melhor e resolvi usar aquilo contra ele, pelo menos o faria dispersar do outro assunto.

─ Na verdade, eu não gostei nem um pouco. – Fechei o roupeiro e me virei para ele com as minhas roupas nas mãos. ─ Não pode simplesmente ignorar o que eu quero, porque era uma escolha minha contar ou não.

Queria que ele sentisse mágoa e raiva na minha voz, mas nem eu conseguia sentir isso naquele momento, porque estava claro que só de olhá-lo, eu esquecia de tudo de ruim que já se passou pelo meu coração.

─ Era a minha escolha também. – Murmurou.

Umedeci os lábios ressecados e apertei as roupas com mais força contra o meu corpo; tentei disfarçar como meu corpo vibrava e a respiração era empurrada com força para fora de mim, fazendo meu peito inchar e desinchar com tanto afinco que parecia que a minha caixa torácica estava por um fio de se partir ao meio.

A Bela Rosa {Vol. 1}Onde histórias criam vida. Descubra agora