Quem é vivo sempre aparece com capítulo novo, hehe!
Para alegria de vocês! Uma boa leitura!
Eu o abracei e me encontrei naquele momento. Tinha tanta certeza de que ele precisava daquele conforto assim como ele tinha certeza de que eu precisava enfrentar minhas inseguranças mais cedo. Bem naquele momento nem pareceu que tanta coisa já tinha dado errado na nossa relação. Parecemos estar juntos desde sempre. Quando senti seu peito acalmando a respiração depois de alguns minutos, resolvi solta-lo. E mesmo assim foi bem devagar para garantir de que estava mesmo bem.
Sua pele estava gelada e sua cara estava com uma expressão muito pálida. O que será que tinha acontecido para ele ter ficado daquele jeito? O tempo todo, Samuel tentava manter uma pose de garoto feliz, mas no fundo tinha seus próprios demônios como qualquer um. Vê-lo sofrendo daquela maneira partia meu coração de uma forma que não conseguia entender. Na festa tinha ficado chateada por algo que não fazia sentido. E agora meu coração está se partindo por alguma outra coisa que não entendia. Que merda eu estou sentindo?
Ele subiu para o quarto com aquela garota sem protestar. Devíamos ter desistido daquela competição idiota.
- Você quer que eu vá embora?
- Fique. - Ele pediu e mesmo sem graça, não me movi.
- Quer me contar o que aconteceu?
- É mesmo necessário? Já estou ficando melhor.
- Mas e se acontecer de novo? Isso foi péssimo, Sam. - Não queria julga-lo, porém aquela era a mais pura verdade.
- Talvez você me conhecesse no passado, Letícia. Só que agora eu sou um completo ferrado... E não sei se tenho conserto. Não era pra você ter visto essa crise. Na maioria das vezes eu fico bem, mas hoje não foi o caso e...
- Dá pra parar de se explicar? Se você é ferrado, eu também sou. Uma garota que odeia o próprio corpo e tem que vivenciar a guerra dos pais todo dia só pode ser muito fudida da vida. Não precisa me dizer que está ferrado. Você não está. São só as merdas que a vida tá reservando pra gente.
- Isso só aconteceu por causa que eu esqueci meus remédios em casa. Como disse, não precisa se preocupar, se acontecer de novo, eu me viro.
- Não, você não vai se virar sozinho. Para de me afastar! Me conte porque você fica desse jeito.
- Eu nunca falei com ninguém sobre isso em voz alta antes...
- Pra tudo tem uma primeira vez, não é? - Sorri e me ajeitei virando todo o meu corpo em sua direção.
- Já vi que você não vai desistir, né? - Ele estava mexendo suas mãos de forma nervosa. Talvez não devesse pressiona-lo com nada. Contudo, temia que se ninguém parasse para escutar ele, o peso em suas costas aumentaria.
- Não, pode confiar em mim.- São várias coisas que me fazem ficar assim. As vezes elas não tem sentido e não consigo entender porque meu corpo age dessa forma esquisita. Essa noite, eu sonhei com meu pai. A morte, o enterro, o luto...
- Calma, pode ir no seu tempo. - Coloquei minha mão em seu ombro para reafirmar que não tinha pressa de se dizer coisas tão delicadas.
- Muitos dizem que a dor diminui com o tempo, mas a cada dia que passa eu fico esperando por isso. É claro que os primeiros dias foram mais difíceis, mas a dor se transformou depois de um tempo. Ela se escondeu na minha mente, nos meus sonhos, nas minhas atitudes... Também penso que meu pai não gostaria de me ver desse jeito... E isso dói mais! - Ele tentou segurar seus olhos marejados, porém a lágrima desceu insistente.
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Nós Odiamos O Amor (CONCLUÍDO)
Teen FictionEra para ser mais uma festa normal, porém um desaparecimento aconteceu. Em Pelotas, Rio Grande do Sul, um grupo de seis amigos resolvem sair para badalar na cidade vizinha, mas somente dois retornam daquela festa. Samuel e Letícia vieram embora mais...