Os Outros 0.12

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O sequestrador chefe nem sempre estava de terno branco, assim como nem sempre estava em sua pose de maioral

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O sequestrador chefe nem sempre estava de terno branco, assim como nem sempre estava em sua pose de maioral. O narrador aqui tanto amado retornou para seu posto logo após o interessante capítulo de Igor. Quanto ao nome dela, ainda precisarei me atualizar como a nossa ruiva vai querer ser chamada. Mas voltando ao nosso sequestrador, ele estava correndo.

Sua atividade favorita era a corrida. Assim ele mantém os pensamentos longe de tudo que precisa gerenciar. Foca em seu corpo se movimentando, sua respiração e se separa de sua realidade. Ele veio percorrendo o mesmo trajeto durante semanas. Ele saiu de seu esconderijo onde se localizava a base do sequestro, se afastou bastante do local e começou a correr com fones de ouvido pra se acalmar. Exercício físico é algo que nunca lhe faltou sua vida inteira, nem vai faltar agora. Ele se lembrou de como havia sido no dia interior. Ocorrera o primeiro interrogatório com os adolescentes. Ele fez perguntas para cada um e se prontificou de atingir o ponto certo um por um. Enquanto não tivesse, os segredos, os desejos e os erros de todos seus sequestrados na palma da mão, não sossegaria. Seu plano dependia dessa conexão. Dessa pressão psicológica. Não queria que a tortura chegasse a ser física, porém se fosse o caso, ele não teria pena. As crianças eram peões. Ele não se importava.

Ele gostava do clima de Manaus. Tudo parecia mais limpo, quente e delicioso. Era bom para sua corrida. Ele curtia correr com o som do oceano nos fones. Aquilo por algum motivo trazia sensação de superioridade e ser superior era o que mais dava prazer em sua visão. Se ele não estivesse acima de todos, quem seria ele?

Faria de tudo para ser grande, apesar de já ser e alguns já assumirem isso, ele queria mais. Sempre vai querer mais. A ambição é sua alma e para não a perder vai ter de lutar, por isso espera que os adolescentes não falhem, já que boa parte do plano depende deles.

- Chefe? - Alguém tinha parado o carro ao seu lado durante seu exercício e aquilo já o incomodava. Não era preciso saber muito para que concluísse que quem estava ali era Stephen Campbell.

- O que você está fazendo aqui? - Ele sempre odiou se dirigir a seu subordinado. Stephen era um imprestável. O homem de cabelos vermelhos podia até ter conseguido levar as crianças até ali, mas a questão não era essa. Campbell não tinha noção de como o plano era importante. De que um erro sequer poderia custar tudo.

- Eu resolvi sair daquele buraco pra respirar ar puro. Os adolescentes estão nas mãos dos guardas. Não precisa ter medo de acontecer alguma coisa. Você fica paranoico o tempo todo... - A besteira que Stephen disse acertou em cheio o coração do mandante. Quem era ele pra dizer o que era paranoia ou não? Tudo era sempre arriscado.

- Não, Stephen. Eu não fico com medo. Sou inteligente e não deixo passar nada. - Stephen entendeu muito bem aquela frase. Precisava sossegar ou se daria mal. Ao menos, o sequestrador sabia o efeito que causava no outro e sentia prazer ao perceber isso. Significava poder, mesmo que não fosse dito em voz alta com palavras claras.

Nós Odiamos O Amor (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora