Samuel 0.2

572 108 443
                                    


Venho  entregar um agradecimento especial a pessoa que fez a capa do livro! Sigam LuanaMaurineAutora, se não fosse por ela, acredito que esse livro não teria alcançado tantas pessoas! Obrigada mesmo!

Desejo uma boa leitura a todos💥

Ah! E uma surpresa! Quem narra hoje é o Samuel❤

Ah! E uma surpresa! Quem narra hoje é o Samuel❤

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

*

Horas antes do Samuel e a Letícia se encontrarem...

Acordo com os olhos queimantes. Depois dos olhos pegando fogo vem a dor de cabeça. Focalizo minha visão querendo permanecer na cama, mas assim que vejo minha mãe paralisada ao meu lado, me sento tentando pensar coerentemente. A festa de ontem tinha sido muito ruim como eu sempre achava. Devo ter tomado um ou dois copos de cerveja antes de vir embora, mas só estou abatido hoje porque demorei pra dormir.
 
— O que aconteceu? — Perguntei a minha mãe abrindo uma boca de sono gigante.
 
— Temos que levar seu irmão para o hospital. Ele está péssimo! — Ela diz e entendo perfeitamente que ela quer que eu dirija. Meu bafo está horrível. Entendo isso como um sinal de que preciso de banho imediatamente, só assim minha alma vai voltar ao lugar.
 
— Okay, mãe. Estarei no carro em dez minutos. Vou me arrumar rapidinho — Corri para o banho e me lavei na água quente necessitado daquilo. Oficialmente meu corpo trocou de pele meus amigos! Aplausos! Quando senti que estava cheiroso e com um hálito melhor uma satisfação abateu sobre mim. Andei até o espelho e peguei o creme da caixinha com cuidado. Esse é o meu maior segredo. Eu só tenho esses cachos de invejar porque passo creme feminino de uma das maiores marcas de cabelo do Brasil. Posso fazer o que se descobri que a melhor opção é o creme da terceira prateleira do mercadinho São Luís?
 
Finalizo meu cabelo e saio do quarto batendo a porta. O que será que Erick tem dessa vez em? Chego na sala e vejo que minha mãe está sentada com ele no sofá segurando um termômetro, sento do outro lado e encaro um Erick verde e abatido.
 
— Oi, cuzão. Vai me levar ao hospital? — Meu irmão me cumprimenta. Eu adoro esse carinho todo, obrigado.
 
— Eu acho que sim né? Adoro quando você me trata bem. O que você tem, em?
 
— Eu estou vomitando, muita dor de cabeça e meu corpo está desabando, só falta ele mesmo caminhar até o túmulo e resolver se enterrar — Minha mãe revira os olhos para nossa conversa idiota que ela sempre desaprova.
 
— Então vamos melhorar isso — Levantei ele do sofá e começamos a caminhar na direção da saída. Peguei a chaves do carro no chaveiro e minha mãe continuou nos acompanhando. Saímos para o lado de fora e a luz destruiu meus olhos. Por que o dia tem que existir? Odeio o sol, não sei o porquê dele ter sido inventado, é muita luz para eu processar.
 
Olhei para Erick enquanto destrancava o carro e ele me olhou de volta ainda mais verde e pálido do que nunca. Me viro para meu irmão, curioso e abaixo para encara-lo. Sou surpreendido. O vômito voou bem no meu rosto lavando toda a minha cara. Não conseguia abrir os olhos. Passo as mãos nas pálpebras tentando me livrar daquela coisa nojenta.
 
— Um presentinho pra você! — Erick riu limpando a boca suja.
 
— Obrigado. Adorei — Retirei um pouco do vômito e segui para dentro de casa na direção do banheiro. Lavei o rosto na pia sentindo um pouco de ânsia. Que dia maravilhoso não é mesmo? Assim que termino de me limpar volto para o carro, onde encontro meu irmão sentado com o cinto já afivelado.
 
— Meu dia estava ruim, mas depois de ver essa sua cara melhorou muito! — Ele continuou rindo e minha mãe também.
 
— Sério? Me diz o motivo de eu não ter largado você no lixão ainda? — Respondi ligando o carro.
 
— Você me ama!
 
— Na verdade... Estou revendo meus conceitos, Erick.
 
Não demorou muito até chegarmos no hospital. Eu nunca fui muito bom em dirigir, mas pelo menos conseguia chegar de um lugar ao outro sem nos matar. Eu sei que é proibido adolescentes com menos de 18 anos sair andando por aí sem uma carteira e de ter passado pela autoescola, porém minha mãe nunca tirou carteira e ela ainda não pretende fazer isso. Como eu já tinha conhecimentos de direção e sempre tomo cuidado com os policiais, passei a ser o motorista da família.
 
Erick passou a manhã inteira no soro e fazendo exames, mas no fim não passava de uma virose. Ele ficou rindo e explicando para os seus amigos por celular como foi épico vomitar toda aquela gosma na minha cara. Eu acho que eu virei piada no sexto ano do fundamental agora. Imagine o que ele faria se tivesse uma foto? Prefiro nem pensar.
 
Minha mãe não ficou por muito tempo conosco no hospital, sei que ela odeia hospitais desde que o papai morreu. A desculpa dela foi que tinha que ir pagar contas na cidade. Não a culpo. Sempre que posso seguro as pontas com Erick, pois sei que é difícil fazer as coisas sem ele. Meu pai era um homem e tanto, mas um maldito acidente de carro o levou para sempre e nenhum hospital nessa cidade foi capaz de salva-lo. Dói em mim até hoje, só que tento seguir a vida rindo, acho que é o que ele gostaria. Sinto tanta falta...
 
Por volta das duas da tarde consegui ir para casa com meu irmão. Voltamos dando socos um no outro enquanto parávamos nos semáforos. Eu não sabia como era a dor do luto para Erick, mas sempre que ele precisa de alguma coisa estou lá para ajuda-lo, mesmo que seja uma peste. Chegamos em casa e ele foi ver televisão, aquele programa que eu odeio, deixei ele em paz e fui para o recanto do meu quarto. Meu refúgio. Caí na cama desajeitado sem saber o que fazer... Até que me surgiu uma ideia.
 
Tranquei a porta do quarto, liguei o som no máximo que podia de uma música no gênero rock. Fazia tempo que cometia aquele ato, porém não é sempre que consigo me conte. Eu comecei a me masturbar.
 
Tentava conter meus grunhidos mordendo meus lábios. Sei que muitos acham nojento, outros acham errado, contudo tem horas que é impossível segurar o desejo, sem falar que é muito gostoso. Me sinto bem atrevido quando faço isso. Finalizo passando as mãos lá embaixo soltando risadas muito satisfeito. Aquilo era tão bom! Eu tive que dar um jeitinho desde que terminei meu namoro um tempo atrás. Camilla me deu a dádiva de perder a virgindade e depois da primeira vez, ficamos igual coelhos por ai fazendo muito sexo, todavia ela também me deu um chifre de mil galhos na cabeça. Depois daquilo nenhuma garota quis nada a sério comigo porque fiquei conhecido somente como o Samuel Galhadinho. Todos na escola fazem apostas tentando adivinhar com quantos caras a Cami me traiu, umas pessoas dizem três e alguns até falam cinco. Nunca vou revelar quantos foram até porque eu estava cegamente apaixonado por ela naquela época, nunca poderia enxergar a traição tão evidente. Assim que descobri, me senti tão quebrado como nunca tinha me sentido na vida, por isso enquanto não encontro nenhuma garota nova para viver prazeres por ai, fico aqui fazendo maravilhas ousadas dentro do meu quarto. Meu maior medo é que um dia minha mãe ou irmão me peguem fazendo isso. O que vou dizer? Estou fazendo brincadeirinhas com meu pênis, nada demais! Ou então, estou medindo o tamanho da minha criança!
 
Fecho minha calça na pressa com minhas mãos meladas. Essa foi com certeza uma das boas. Corri para o banheiro e lavei minhas mãos rapidamente apagando as evidências de acontecimentos safados que tenham rolado sobre minha cama. Abaixo o som do rock e destranco a porta. O som da tv na sala ainda está alto. Erick não deve nem ter tirado os olhos da tela. Ufa, mais uma despercebida. Me joguei na cama sorrindo em seguida e comecei a jogar joguinhos no celular perdendo a noção do tempo. Normalmente vou na Play store e saio baixando pelo menos dez que acho interessante e jogo até minha barriga reclamar de fome. Olhei para o relógio, são sete e meia. Tem também uma mensagem no grupo dos meus amigos.
 
Letícia.
 
Respondi que iria sim ao Stick's e achei estranho ninguém mais responder a mensagem. Acho que só eu e ela iremos então o que vai ser muito constrangedor. Eu não sei como reagir a Letícia, não conversamos há muito tempo, fico muito sem graça perto dela e a evito o tempo todo. Como éramos amigos e simplesmente deixamos de ser? Talvez tenha sido culpa minha, muito provavelmente ainda mais por tudo o que aconteceu e que ela não sabe. Ti também sempre foi difícil para relacionamentos. Eu gosto muito do nosso grupo, todos são demais, mas ela é a única que ficaria sem palavras de explicar minha reação. Eu acho que não quero reatar nossa relação, porém se só ela for no encontro de hoje, também irei. Precisava deixar claro que a festa de ontem foi um fiasco para alguém. Ver a Luana beijando homens aleatórios e a Manu fazendo um pequeno strip para o Bruno não foi bem a paisagem que eu gostaria de ver. A cerveja também estava mais ou menos então larguei de mão. Nem reparei em Letícia direito, ela sabe a arte de ficar invisível nas festas.
 
Coloquei minha calça vermelha, a primeira blusa que encontro e meu famoso All Star de sempre. Chequei meu cabelo no espelho e desci para comer um pouco. Faço um sanduíche daqueles que são divinos, a única coisa que sei cozinhar enquanto do outro lado da sala meu irmão grita com os headphones jogando Free Fire. Os xingamentos de sempre. Filho da puta para quem estragava a partida do squad e foda-se para quando ele desistia de fazer qualquer objetivo no jogo. Sentei na mesa pra comer e abri um refrigerante para acompanhar meu lanchinho improvisado, fui mastigando e encarei a foto da família na estante, ela nunca saiu de lá e está empoeirada. Meu pai ainda está nela. Foi um dia incrível de praia, um mês antes do acidente. Depois daquilo nunca mais fomos ao litoral, um verdadeiro trauma enfrentar as ondas geladas sem meu pai conversando com a gente. Parei de encarar a fotografia morta do outro lado. A morte dele foi mais uma das razões para que eu odiasse ainda mais o amor. Eu sempre odiei esse sentimento e a única coisa que fazia com que eu acreditasse em algo parecido ao amor eram meus pais juntos, porém a morte destruiu tudo. Eu só conheci uma pessoa que odiava tanto o amor como eu e provavelmente ainda odeia. Letícia. Isso era uma das coisas que eu gostava de conversar com ela. A futilidade que eram coisas como o dia dos namorados e casais de cinema que se beijam no último segundo do filme. Se odiar o amor fosse uma profissão, estaria rico.
 
Mordi a língua por um descuido de ódio. Terminei de lanchar ainda com dor na boca. Largo o prato na pia e jogo a latinha de refrigerante no lixo. Agradeçi por meu irmão não ter visto eu tomando o refrigerante, ele com certeza iria querer um pouco e já está mais do que na hora de sair. Cheguei perto do meu irmão e puxei seus headphones sem piedade.
 
— Você ferrou a jogada!
 
— Isso não é um troco pelo vômito? —disparo enquanto ele cruza os braços chateado. — Me escuta. Eu vou sair. Eu não sei para onde a mamãe foi, mas logo ela deve estar de volta. Se sentir fome, peça alguma coisa para comer ou então se enrola na cozinha. Só por favor não queime a casa ou faça uma festa, okay?
 
— Tá! — Ele pegou os headphones da minha mão e voltou ao jogo. Peguei as chaves de casa e saí para ir ao Stick's.
 
XXX
 
— Puta merda! Tem certeza? — Eu penso um pouco. — O que faríamos se os nossos amigos fossem mortos ou sequestrados?
 
Ela continuou me encarando depois de minha pergunta. Não estava conseguindo acreditar em nada daquilo. Não estamos na droga de um seriado da Netflix, por favor! Mas para comprovar se essa paranoia toda não é real, temos que ir na casa de nossos amigos.
 
— Temos que provar isso tudo! Vamos atrás deles em suas casas — Letícia falou em voz alta meus pensamentos. Concordei meneando a cabeça. Ela até que está bonita hoje, contudo parece cansada.  Eu sempre invejei seus olhos azuis petrificantes. Quando passávamos horas conversando eu não sabia se me perdia naquele olhar azul da cor da água ou ouvia o que ela dizia. Esse negócio de ficarmos nos evitando é ridículo. Vejo pela expressão dela que está visivelmente incomodada comigo a chamando pelo apelido Ti. É legal fazer isso. O melhor é que ela acha que está jogando igual me chamando de Sam.
 
Estamos forçando uma intimidade que claramente não existe mais.

Nós Odiamos O Amor (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora