Desde a semana passada o assunto não foi outro se não o da Mia fazendo aquele sinal, vários ainda comentam mas Max não caiu de seu...como ele mesmo diz? Ah, lembrei! Reinado, brega.
Mia nem o olha mais, só quer estar em paz e esquecer sobre tudo o que aconteceu, já que as publicações sumiram pois Fred deu um jeito nisso. Ele é bom com a computação, nem sabia. Ambos só querem terminar logo o ensino médio e fazerem uma faculdade ou algo para suas carreiras futuras, mal sabem eles que isso talvez não poderá acontecer.
Alex está terminando de trancar a porta da lanchonete enquanto Ben está encostado na parede fumando seu cigarro. Eles estão exaustos pois trabalharam dias sem parar, mas conseguiram dinheiro o suficiente e Ben já havia encomendado as armas, se eu não me engano elas chegam amanhã.
-Ben, elas chegam amanhã não é? --diz Alex se aproximando dele com as mãos nos bolsos pois está frio, estão no começo do outono.
-Chegam...eu vou guarda-las bem. Aquelas belezinhas nos custaram uma fortuna, hein --diz Ben ainda fumando.
-Se é, e aí? Já decidiu o que vai fazer? --diz Alex.
-Já, sempre soube na verdade. E você? --diz Ben o olhando.
-Não sei... é difícil pensar nisso...de que hoje eu estou aqui e amanhã....não mais --diz Alex desviando o olhar.
-Você que sabe, contanto que não amarele --diz Ben.
-Não mesmo...mas e o Tyler? --diz Alex.
-O quê tem ele? --diz Ben.
-Ele nunca mais vai nos perdoar --diz Alex.
-Alex, ninguém vai. Eu já me acostumei com a idéia e te aconselho também --diz Ben pegando sua mochila do chão.
-É seu sei, então...até amanhã...--diz Alex.
-Até --diz Ben vendo Alex andando em meio ao vento frio.18:59 p.m.
Alex não está conseguindo raciocinar direito, sua cabeça está a mil. Acha que ele parou durante esse tempo todo com os calmantes? Não mesmo, desde aquele dia do seu último pesadelo eles nunca mais se repetiram, mas para que isso não "acontecesse" de novo ele ficou com medo e continuou os tomando tentando fazer com que isso nunca mais voltasse. E estava funcionando até então.
Todos os dias tomava cerca de dois, três e até quatro comprimidos pois além de estar com medo estava cansado do trabalho duro e de suas dores de cabeça repentinas. Era tiro e queda, tomava e logo caía na cama e dormia profundamente.
Alex chega em casa e vê sua mãe na sala mas não lhe fala nada, pois está com uma dor de cabeça terrível e tudo o quer agora é dormir.
-Alex, venha aqui --diz Katy.
-Que? --diz Alex voltando alguns passos para trás.
-Nem me cumprimenta, não fala nada, nem me olha direito. O que foi Alex? Por quê está assim? --diz Katy.
-É o que? Você se preocupando comigo? Você e o meu pai nunca me falam nada, nem um Oi às vezes --diz Alex indignado.
-Olha, não fale assim comigo...--diz Katy sendo interrompida.
-Mas é a verdade, vocês nunca me perguntaram como foi meu dia na escola, nunca me perguntam sobre como eu estou me sentindo, nada! --diz Alex.
-Estou te perguntando agora! --diz Katy.
-Agora? Sinto muito mas agora é tarde demais --diz Alex subindo escadas.
-Alex! O que quis dizer com isso? Hein?! --diz Katy mas Alex não a respondeu mais.Ao entrar ele fecha sua porta e a tranca, tira toda a sua roupa e toma um banho quente para se acalmar um pouco, era só o que lhe faltava agora, preocupações por quem nunca teve. Alex sempre foi um menino independente desde pequeno, fazia tudo sozinho e até hoje é assim.
-Esta dor de cabeça que não passa --diz Alex passando a mão na cabeça.
-Vou tomar o calmante, e me acalmar. É, é isso que eu preciso...me acalmar --diz Alex pegando dois comprimidos e os engolindo.Ainda em frente ao espelho enxugando seu cabelo com a toalha ele começa a sentir calafrios. Ao se olhar no espelho ele vê que está pálido demais e a suar frio, seus olhos arregalam de assustado e sua respiração fica ofegante. Isso tudo acontece em questão de segundos, sua visão começa a ficar borrada e estranha, ele tenta andar para trás mas parece que seu corpo está pesado.
De repente, vozes começam a surgir em sua mente, vozes conhecidas com um tom mais distante. Elas falam uma de cada vez enquanto sua visão ainda embaçada continua a falhar e ver seus próprios gestos rápidos demais.
"Você é um bom garoto, Alex" --diz seu avô.
"Vai ser um ótimo rapaz" --diz sua avó.
"Diga x!" --diz o professor da escola.
"Você vai fazer amizades filho, calma" --diz Katy.
"Não, você não pode sentar aqui"
"Você é estranho"
"Você será um grande artista!" --diz seu avô.
"Oi, eu sou Ben"
"Aqui Alex, pode sentar. Sou Tyler!"
"Está atrasado senhor Alex" --diz um professor.
"Frutinha!" --diz Max.
"Eu vou embora" --diz Tyler.
"Você aceita ir ao baile comigo?" --diz Chloe.
"Não! Segurem eles!" --diz Max.
"Você não pode fugir do seu destino garoto" --diz a voz de uma sombra.
"Está na hora de crescer, Alex!" --diz seu pai.
"Eu não pedi para nascer" --diz Alex.
"Ninguém gosta de você"
"Você não é bem vindo aqui"
"Desculpa, eu jamais faria isso" --diz Mia.
"Babaca!" --diz Fred.
"E se fizéssemos um tiroteio?" --diz Ben.
"Eu já estou farto daqui!" --diz Alex.
"Aqui é o seu lugar garoto" --diz uma das sombras.
Todas estas frases entravam e saíam da cabeça de Alex, seu corpo estava pesado, sua visão embaçada, sua audição quase sendo perdida e principalmente sua mente, havia turbilhões de pensamentos sendo passados em segundos.
Ele tentou ir até seu quarto para tentar pedir ajuda mas acabou caindo ao lado de sua cama de costas no chão encarando o teto. Seu rosto pálido, seu corpo agora todo trêmulo suando frio e sua mente parecia que iria explodir a qualquer momento, estava doendo muito. Ele estava desesperado mas não conseguia falar direito, sua voz saía fraca e quase como um sussurro.
De repente, sua audição parou...como se...ele só conseguisse escutar o som dos seus batimentos cardíacos, e aos poucos parecia que eles iam se distanciando a cada batida. Sua visão estava voltando aos poucos mas seus olhos estavam pesados e iriam se fechar. Sua respiração começou a ser fraca aos segundos seguintes, quanto mais seus batimentos soavam distantes...mais sua respiração diminuía.
Ao ficar encarando o teto lembrou-se de uma canção que cantava para si mesmo antes de dormir, e começa a cantar com a única voz fraca que lhe restou.
-Dorme...dorme...meu...pequeni...no...está...na ho-ra...de...na-nar....--diz Alex murmurando e quase fechando seus olhos.
Ao fecha-los ele dá o seu último suspiro, tudo ficou silencioso...foram segundos assim, até que...ele abre seus olhos arregalando-os e suspirando fortemente todo o ar que precisava.
Aos poucos seus batimentos foram voltando ao normal e sua audição e visão também estavam intactas novamente. Seu peito nu ainda todo suado respirava rapidamente e aos poucos foi se acalmando.Ainda encarando o teto sua mãe bate na porta.
-Alex? Eu escutei alguns barulhos. Está tudo bem? --diz Katy.
-Está...tudo sim...--diz Alex falando um pouco mais alto.
-Ah, então boa noite --diz Katy.As luzes se apagam e ele fica ali em meio a escuridão somente com a luz do abajur ligado, sua face já estava na sua cor natural. Mas seus olhos...estavam diferentes, não haviam mais brilho...não haviam mais vida...
21:47 p.m.
Fique com o próximo capítulo!
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R U N a sua última chance.
Novela JuvenilTrês melhores amigos vivem suas vidas normalmente na escola, Mia James não é popular mas namora o capitão do time de futebol, Chloe Jones é a mais tímida dos amigos e gosta muito de música e Fred Manson é o amigo gay mais divertido já existente, ado...