Promessas.

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Finalmente meu advogado havia chegado com uma boa notícia.
Voltaria a viver minha vida longe daquele inferno, daquela prisão.

Responderia o restante do meu processo em liberdade mas o que me preocupava mesmo era o Heideguer.

Eu havia denunciado todo o esquema, tendo assim a minha pena reduzida e pagando só algumas indenizações pra uns e outros, já que dinheiro pra mim nunca fora problema.

Meu pensamento era um só: Cumprir com a minha promessa que fiz há três anos para Natália, a única mulher que eu amei. Eu ferrei muito com a vida dela, eu sabia. Ela jamais me amou e nem gostou de mim mas por medo tosco de perde-la, eu a ameaçava noite e dia para que ela nunca me largasse e no final das contas a perdi do mesmo jeito.

— Bora, chefe? Chegou a sua hora de vazar. — disse o carcereiro.

—Finalmente! Já estava enlouquecendo nessa pocilga.

Fui encaminhado para fora do presídio, já estava esperando que ninguém viesse me ver mas eu tive uma grande surpresa.

—Mestre! — era a Cléo, minha antiga aluna. — Você achou mesmo que eu não vinha te dar um beijinho?

—Ei, não achei que você viesse! —disse a abraçando forte. — Como você está?

—Eu estou bem e o senhor?

— Senhor? Você ainda me trata como Mestre? Depois de dois anos, Cléo? — disse já a conduzindo até o carro que eu pedira para o meu advogado providenciar.

— Claro! O senhor é e sempre será meu mestre. —disse depositando outro beijo em minha bochecha. —Mestre, o senhor acredita que eu estou treinando na academia do Gael?

—Como é que é!? — esbravejei quase batendo o carro. — Como você foi parar naquela academia?

—Não só eu, como Luís e a Nat.  É que fomos selecionados para treinar lá pela Liga de ouro. A sede vai ser na academia do Gael.

— A Nat vai está lá?  — disse sentindo um formigamento estranho na boca do estômago.

—Respira, Mestre! Sem querer acabar com suas esperanças mas acho que ela não vai querer ficar contigo e...

—Claro que não né, Cléo. Só perguntei porque  preciso me entender com ela. Cumprir uma promessa.

— O senhor quer ajuda? Eu posso falar com ela. Talvez a Nat venha te ver. Quem sabe ela te dar uma chance, já que agora você está bonzinho.

A ingenuidade da Cléo me divertia! Ela era uma menina doce que não via maldade nenhuma no mundo.

Me lembro como se fosse hoje: Ela tinha mais ou menos uns dez anos, usava um shortinho de muay thai e carregava uma carinha assustada. Tentei intimidá-la bancando o Mestre durão mas ela sorriu. Seus olhos faiscando de medo e curiosidade, virou- se para a mãe e cochichou algo que não me lembro e saiu correndo para perto de mim.

Depois desse dia Cléo se tornou uma das minhas melhores alunas.

Dedicada e sempre me enchia de orgulho ganhando campeonatos difíceis sem nunca recuar. Pra mim, ela era a filha que nunca tive.

—Olha só Cléo, a Nat infelizmente não voltar mas se você puder trazer ela pra mim, eu te agradeço.

—Vou trazer sim! Eu vou pensar em algum plano.

Chegamos ao meu apartamento. Estava tão sujo quanto a cela em que eu havia ficado preso. Ia ser um trabalho dos diabos arrumar tudo.

—Presunto ou calabresa?

— O quê!? — disse atônito.

— A pizza, Mestre! Depois a gente arruma o apartamento.

—Calabresa e não precisa me ajudar em nada, eu me viro.

— Relaxa Lobão, quando você piscar a gente já limpou tudinho.

Comemos a pizza inteira. Cléo sempre foi muito boa de garfo e como ela mesmo dissera, limpamos tudo em menos de duas horas.

— E então?  O que o senhor vai fazer agora da vida?

— Não sei! Grana eu tenho pra dar vida boa até para os meus netos. Meu foco agora é a Natália.

— E quando é que a Nat não foi seu foco?— nós rimos. — Mas agora é sério, quando o senhor se resolver com ela vai reabrir a Khan? 

—Não, Cléo. Quem iria querer se matricular em uma academia fixada?

—Eu e o Luís também. A gente te ama muito.

Nunca fui de sentimentos mas ouvir Cléo me falando que me amava e me dando toda aquela força me alegrou muito.

Eu era um cara legal, desses babacões igual o Duca, que tomava leitinho quente quando estava com gripe.
Eu e Gael éramos amigos pra todas as horas, aliás mais que isso, nós éramos irmãos.

Mas depois de toda aquela confusão, eu o odiava com todas as forças de um homem ferido pela traição.

Nunca mais eu fui o mesmo.
Jurei a mim mesmo que iria me vingar e fazer ele sentir a mesma dor que eu senti. 

Então eu fingi que traí ele com sua mulher, tirei sua filha e quase o matei. Tudo por vingança mas ela não fora o suficiente.

Eu precisava quitar minhas contas com ele e cumprir minha promessa com Nat. Tempo era algo que eu não possuía. Eu tinha que agir e rápido. Antes que fosse tarde demais.

The True Story Of Nat [ Rewrite ]Onde histórias criam vida. Descubra agora