Dia "feliz" em família. Parte II

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— Duca!?

Nat se surpreendeu ao me ver na porta.

— Oi, eu posso entrar? — Eu estava sem graça. Faziam dois anos que não falava diretamente com ela a sós.

— Pode, é claro. O pessoal saiu muito cedo hoje.

— Bom, eu vim conversar com você e é sobre o Mestre.

Nat ficou em silêncio por alguns segundos, apenas analisando.

— O Gael mandou você aqui? — sua irônia era palpável.

— Sim e não. — respondi temendo pelo que vinha. — O Mestre quer fazer um dia em família e queria muito que você fosse, então...

— Então ele pediu pra você me convencer, coisa que com certeza ele não teve coragem de fazer, acertei?

— Calma aí, Marrenta! Ele não pediu pra eu vir até aqui, eu é que me ofereci. Ele só quer se aproximar de você, afinal de contas vocês são pai e filha.

— Aí ele usou você? — Nat andava de um lado para o outro. — Diz pra ele que quando quiser falar comigo que venha pessoalmente e não mande recado, era só isso?

— Pra falar a verdade, eu só aceitei a idéia do pessoal pra vir até aqui por que queria falar com você.

Nem considerei que estaria forçando a Nat, nem ao menos pensei em Bianca, queria apenas ter alguns minutos com ela.

Nat me olhava de forma enigmática e  aquilo acabava comigo. Não sabia como aquela felina reagiria a nossa conversa.

— Tudo o que a gente tinha pra falar foi dito no QG há dois anos atrás.

Nat se arrastou até a porta na esperança de que eu saísse.

— Eu sei que você não vai querer falar sobre o que a gente viveu a dois anos atrás — disse ignorando a porta aberta. — mas preciso muito falar com você. Tudo mudou. Você não é mais a mesma e nem eu.

— Acho que a sua namorada não vai gostar nem um pouco de te ver falando comigo, ainda mais sobre o passado.

— Eu sei que o que vou dizer vai soar muito cafajeste mas a ultima coisa que quero pensar é na Bianca.— caminhei lentamente até a porta a fechando. — Nunca me perdoei por não ter ido atrás de você quando o Lobão te levou.

— Ele não me levou. Foi um sequestro. Eu fui de livre e espontânea vontade sim mas estava sem memória e ele se aproveitou disso.

Nat prendeu o cabelo no alto da cabeça. Um pequeno gesto que me trazia tanta saudade.

— Eu sei mas quando o médico disse que você o escolheu perdi as esperanças.

— Sinceramente? Não justifica, Duca. Você sabia do tamanho do mal que o Lobão era capaz de fazer, sabia que eu estava a mercê dele e nem cogitou a idéia de me ajudar?

— Eu fui atrás mas quando cheguei já era tarde.

— Já era tarde mesmo? Ou o fato de está viva te atrapalhava com a Bianca?

— Você esta sendo injusta! Eu e o Mestre fomos atrás mas o tempo passou, não te encontrei e sim eu amava a Bianca, nunca escondi isso de você e aí nós reatamos.

— Eu vi pelas câmeras do Lobão. Você não me parecia preocupado com meu sumiço, aliás muito pelo contrário. Olha Duca, acho melhor a gente parar por aqui.

— Eu acho que a gente precisa desabafar. Preciso seguir em frente, Nat.

— Hahahaha! Você precisa seguir em frente? Eu não acredito que estou ouvindo isso. Quando eu mais precisei, você não estava lá.

The True Story Of Nat [ Rewrite ]Onde histórias criam vida. Descubra agora